a política na vertente de cartaz de campanha

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Enriquecimento curricular - notícia na RTP - Parte II

Este texto é a segunda e última parte do texto «As aulas de substituição - notícia na RTP - Parte I».

Ontem, 25-02-2007, o Telejornal da RTP emitiu três peças jornalísticas versando a temática da Educação. A primeira decorreu do facto de o Ministério da Educação ter sido condenado a pagar as aulas de substituição de um professor. Sobre as segunda e terceira reportagens, não se percebe qual o enquadramento para terem ido para o ar neste preciso momento mas, como vimos ontem para a segunda e como vamos ver agora para a terceira, tudo leva a crer que serviram apenas para fazer propaganda política.

As notícias em causa podem ser vistas na totalidade no site da RTP [link], começando estas no minuto 14:30'. Aqui serão apresentados extractos relevantes à argumentação em causa.


nota: este vídeo não corresponde à reportagem completa, tendo sido apenas mantidas as partes relevantes; reportagem completa em [link], após o minuto 14:30'.

Sinopse
A notícia começa com uma breve e correcta descrição do problema. Onde estas actividades já existiam, asseguradas pelos ATL, passaram a ser, maioritariamente, empresas contratadas pelas autarquias a serem responsáveis por esta prestação de serviços. Valter de Lemos assegura que apenas uma minoria (10%?) de escolas apresenta problemas. Opinião não partilhada pelos pais, segundo a reportagem, por existir quebra de qualidade, falta de diálogo entre as empresas prestadoras deste serviço e as escolas, "o problema da formação dos professores e a falta deles".

[Ainda estou para ouvir um governante assumir responsabilidades por algo que não corra bem. Há-de estar sempre bem e quem se queixa, obviamente, está a agir de má fé. Uma atitude destas, de não assumir erros, significa que estes nunca são corrigidos. Porque está tudo bem!]

Neste ponto, a jornalista Ana Rita Freitas, identifica as causas dos problemas:
  • "para as aulas de música não existem professores em número suficiente";
  • "nas outras disciplinas muitos desistem, seja porque consideram que não têm condições nas escolas ou tão só porque financeiramente não compensa."
"Em quase todo o país, foram as autarquias que ficaram responsáveis pelos projectos [...] [mas] nas escolas onde houve um envolvimento dos encarregados de educação, as coisas estão a correr melhor".

[Porque será que autarquia e ineficiência aparentam sempre tanta sinergia?]

A jornalista conclui afirmado que "o enriquecimento curricular veio trazer igualdade de oportunidades a todas as crianças".

[Portanto, em vez de se levarem os bons exemplos ao resto do país, nivelou-se por baixo, destruindo o que já estava bem. É esta a igualdade de oportunidade dada a todas as crianças.]

A questão central
Nesta reportagem, foi gasto considerável parte do tempo com temáticas cor-de-rosa (p.ex. as entrevistas às crianças) sem que isso trouxesse informação adicional. Este tempo podia ter sido investido no aprofundamento da razão de os projectos organizados pelas autarquias terem corrido mal.

Num outro post deste blog foi abordada a questão financeira das aulas de inglês no 1º ciclo, tendo sido demonstrado que uma das empresas ligadas ao processo (a Know How, de Maria João Lopo de Carvalho, Assessora da vereadora da Educação da CML à altura) tinha a possibilidade de gerar lucros fantásticos.

Mas e o que se passa com aqueles que vão prestar o serviço efectivamente, os professores?

Sobre este assunto, vale a pena ler um post que Maria João Lopo de Carvalho mantém no seu blog Frases da Lua com o título "oferta de emprego"
[...] Tenho andado numa azáfama a angariar professores de inglês e nada … [Queixam-se que] os horários são pequenos, o preço hora curto, a escola longe… [...]
[A quem] se dispõe de sorriso na cara a dar aulas de inglês ao 1º ciclo não se importando com os 90 km ou mais diários que têm por vezes de percorrer para chegar à escola, sem pedirem à cabeça qualquer extra para a gasolina e agradecidas por terem arranjado emprego, os meus parabéns! são uma espécie de professoras em vias de extinção! [...] Haja mais portugueses assim!
Um verdadeiro apelo à imbecilidade! Todos, excepto esta menininha, compreendem que seja difícil arranjar "professores" que queiram fazer 90 km ou mais diariamente para chegar à escola (ou seja, 180 Km diários), para ganhar umas poucas e mal pagas horas de trabalho.

Li num comentário do Público que "[...] os professores que vão dar as aulas de inglês, educação física, música etc... nas escolas primárias, que nem contrato possuem, é a recibos verdes, só ganham as horas que trabalham e ganham desde 5 a 10€ consoante a bondade das câmaras.[...]". Não tenho informação confirmada sobre o assunto; agradecem-se esclarecimentos.

As pistas apontam que assim seja, o que explicaria em grande medida a falta de sucesso da menina dos olhos do M.E.

Tem sido prática corrente e recorrente introduzir medidas na Educação de forma urgente, como se nunca se pudesse esperar um pouco para se planear. Mas o facto é que esta maneira de fazer política já há décadas que vem sendo praticada e nunca houve tempo para parar para pensar. Foi sempre urgente. Assim parece que tenha acontecido com estes enriquecimentos curriculares: não houve planeamento e deixou-se que a mais nobre instituição portuguesa - o desenrascanço - fizesse o seu trabalho, com os resultados que vemos. Acabou-se o que estava bem, propagaram-se os maus exemplos.

Conclusão
Sem dúvida que havia muito material para um jornalista aprofundar. Obviamente, não foi essa a intenção de Ana Rita Freitas. A ela interessou-lhe mais passar a ideia de que "o enriquecimento curricular veio trazer igualdade de oportunidades a todas as crianças", mesmo que fosse uma fraca oportunidade e apesar dos existentes problemas.

Estas reportagens parecem uma peça de teatro em três actos:
  • acto 1: os professores não querem dar aulas de substituição se estas não forem pagas;
  • acto 2: mas as aulas de substituição estão a fazer baixar o absentismo;
  • acto 3: nós ainda conseguimos fazer bom trabalho, apesar dos professores.

Registe-se, portanto, a forma de moldar a opinião pública.


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As aulas de substituição - notícia na RTP - Parte I

No Telejornal de hoje fomos brindados com umas peças jornalísticas que parecem mesmo, mesminho terem saído do forno de encomendas do ministério.

As notícias completas estão no site da RTP [link minuto 14:30'] mas vale a a pena comentar algumas passagens.

A primeira das reportagens veio em consequência do Ministério da Educação ter sido condenado a pagar as aulas de substituição de um professor. Dada a notícia, duma forma breve e informativa, começou outra reportagem, esta em forma de resumo do são as aulas de substituição. A reportagem está montada sobre uma professora que está a fazer uma substituição e sobre os problemas que ela tem que enfrentar. Mais um pai e, finalmente, chega Valter de Lemos, no seu melhor, comentando o assunto:



Transcrição:
"É bom que nesse aspecto os pais e os próprios alunos sejam exigentes em relação ao serviço que é prestado. Mas tamém (sic) devemos dizer em abono da verdade que as escolas e os professores têm feito um esforço enorme de melhorar esse tipo de resposta, sendo certo que sendo uma coisa nova, seria de esperar que não funcionasse instantaneamente bem em todo o lado e em todas as situações."

É sempre edificante vermos um responsável pela Educação brindar-nos com com pérolas da linguagem coloquial como é este tamém.

À parte desta tramelguísse linguística, dois aspectos são notáveis:
1. "as escolas e os professores têm feito um esforço enorme", o que nos leva a questionar se esta medida foi devidamente preparada;

2. Logo de seguida Valter de Lemos dá-nos a resposta à questão anterior: "sendo certo que sendo uma coisa nova, seria de esperar que não funcionasse instantaneamente bem em todo o lado e em todas as situações".

É de notar que
- As aulas de substituição não são uma coisa nova!
- As as coisas, mesmo sendo novas, funcionem bem logo à partida. A isso chama-se preparação e fazer as coisas com pés e cabeça.

Esclarecedor do rigor com que é feito o planeamento no M.E.

Mas a notícia estava a decorrer sem grandes sobressaltos até ter sido dada a estocada final. Aquela nuance que marca toda a peça. A característica marca d'água da encomendada. Em jeito de conclusão, a reportagem termina com a jornalista afirmando:

Transcrição:
"A obrigatoriedade das aulas de substituição parece revelar já uma virtude: a taxa de absentismo dos professores revela uma tendência de descida na ordem dos 40%".

A jornalista começa por afirmar "parece", como se estivesse a repetir um boato. Mas parece ou é mesmo? Depois, é apresentado uma "tendência de descida", nem sequer se está a falar duma descida efectiva. Além disso, não é citada a origem da informação, o período de comparação, nem que faltas aqui estão contabilizadas.

Duma forma descaradamente encapotada foi dito:
- os professores faltam muito;
- eles queixam-se mas afinal estão a baldar-se menos;
- nós (o M.E.) estamos a pô-los na linha.

Um vergonhoso exemplo de jornalismo, demonstrativo de como se formatam as opiniões públicas.


Mas como não há duas sem três, houve ainda uma terceira reportagem versando a educação neste mesmo dia. Esta foi sobre a coqueluche do ministério: o enriquecimento curricular. Não sendo necessária à notícia inicial das aulas de substituição e não sendo óbvio o pretexto de se abordar este assunto neste momento, arrisco afirmar que se pretendeu convencer o espectador de que além de pôr os professores na linha, o M.E. tem obra feita. Mas isso vai ser conversa para um próximo post.


PS: está bem visto que regressei da Europa.


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Europa

Esclarecimento
O autor deste blog nao se encontra ausente por preparacao para a campanha de caca ao voto Madeira (ups, a cedilha faz alguma falta ali...), devendo-se antes a sua ausencia a questoes laborais a decorrer na Europa, ou seja, a Este de Vilar Formoso.


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Alberto João Jardim demite-se



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Outras paisagens








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O novo Público

Finalmente comprei o jornal. Apanhei-o esgotado alguns dias na papelaria aqui da zona mas hoje lá esperava por mim.

Não gosto do novo grafismo. Duas coisas notáveis: a edição é toda ela a cores e as fotografias ocupam parte significativa de cada página. Em muitas páginas, 75% da área é ocupada pela foto do artigo. Só me ocorre pensar que quem tem pouco para escrever, .... escreve menos.

Houve uma altura em que O Público foi o meu jornal favorito. Tinha então os suplementos Computadores e Economia. Um lifting deu origem ao grafismo anterior ao actual e pelo caminho, entre outras áreas que tinha em grande consideração, caíram estes dois suplementos, substituídos por uma coisa a quem chamaram DIA D. Em vez de excelentes artigos da actualidade tecnológica, uns textos em jeito de curiosidades e novidades passaram a abordar a temática. Numa escrita que parece saída da revista Caras. Significativamente, esta revista além de ter sobrevivido neste novo Público, parece ter sido a musa inspiradora do presente grafismo.

No site do Clube de Jornalistas [link] está o texto da Direcção Editorial do Público sobre o novo jornal onde é dito
"A pressa da vida moderna nem sempre tolera espaço e tempo para o prazer de ler jornais."
Nota-se que realmente esta poderá ser a actual trave mestra deste diário. Com efeito, com as enormes fotografias e a cores, o jornal desfolha-se mais do que se lê, tornando-se compatível com essa pretensa vida moderna em que não há tempo para ler nem para pensar. Como refere esse editorial, a competição na oferta de textos escritos, debate público e a realidade do potencial individuo-comunicador, proporcionada pela rede em banda larga, é incontornável. Mas o que distingue um jornal dum blog em formato de papel? Não serão certamente as fotografias, que essas encontram-se online em tantos sítios, desde o Flickr.com ao worldpressphoto.com. Nem os textos breves ou não maturados como tão facilmente tropeçamos na net. Nem muito menos boatos e campanhas de desinformação. Não, estas não são as características que se espera encontrar num jornal de referência. Deverão, antes, ser o rigor da notícia, o ir mais além da superficialidade na abordagem dos temas e, sem dúvida, não ser sobretudo um canal de comunicação das agências de comunicação (leia-se empresas de marketing político). Cor, fotografias grandes e textos pequenos não contribuem para estes objectivos.

Está, ainda, escrito nesse editorial:
[...] decidimos avançar com um novo caderno [...]: o P2 [...]. Um lugar com espaço para novos temas e onde a disciplina porventura mais nobre do jornalismo, a grande reportagem, será presença assídua.
Uma ideia interessante. Ficamos a aguardar pela concretização.

Sobre a edição online, continua fantástica e a respectiva assinatura vale a pena. Particularmente interessante é a pesquisa agora do Última Hora estar disponível desde 1 de Março de 1999. Pelo menos neste momento, o jornal disponibiliza um utilizador e password para demonstração do que é esta assinatura, usando para isso a edição de 12-Fev-2007. Utilizador: demo password: demo





PS: sobre a questão das agências de comunicação, é de notar que cerca de 70% das notícias publicadas têm origem em "fontes organizadas de informação", ou seja agências, assessorias e gabinetes de Imprensa. O lado das agências de comunicação defende que isso decorre da evolução do mercado. Uma leitura da realidade, sem dúvida. Outra leitura é a de que os órgãos de comunicação social descobriram que precisarão de menos trabalhadores se receberem as notícias já preparadas e prontas a publicar, poupando assim nos salários. No entanto, como as agências de comunicação têm por objectivo prestar um serviço aos seus clientes (políticos, empresas, organizações, etc.), é de esperar que essas notícias sejam trabalhadas para apresentar a vertente do cliente. O que não coincide necessariamente com a realidade. Basta notar como certas notícias de repente passam a fazer parte do quotidiano, tratadas todas da mesma forma nos diferentes órgãos de comunicação social. Luis Paixão Martins, director-geral da LPM-Comunicação, defende
"As fontes profissionais, como as agências de comunicação, têm de ser credíveis porque querem continuar a trabalhar neste mercado. Não estou a ver como seria possível a um colaborador da minha empresa mentir a um jornalista acerca de um cliente. No dia seguinte vai ter de voltar a falar com esse jornalista sobre outro assunto. A credibilidade é essencial."
Mas trabalhar uma notícia não se trata de mentir. Basta omitir informação, emitir opiniões de forma selectiva ou, simplesmente, realçar apenas alguns aspectos. Um caso prático: veja-se a forma como foram tratados os números da OCDE relativamente à educação e como serviram de base à justificação das opções políticas na educação. Primeiro criou-se uma campanha de destruição da imagem dos professores junto da opinião pública. Depois, fizeram-se opções que normalmente levariam ao descontentamento da população em geral mas, como a credibilidade da classe docente estava na mó de baixo, ninguém ligou quando os professores reclamaram que as medias adoptadas iriam baixar a qualidade na educação.




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Piadinha

Consta que certa vez terão comentado a uma certa ministra
- Gostava de criar blogs mas não sei o que é que eles comem.
tendo ela sentido imediatamente empatia
- Gostava de melhorar os números do sucesso educativo mas não sei usar o Excel.


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Manuel Lopes Marques recebeu indemnização de 210 mil euros

Notícia na imprensa de hoje [link]:
  • Rave contratou o ex-director da Refer, Manuel Lopes Marques, que recebeu indemnização de 210 mil euros

  • A situação foi confirmada ao jornal [O Público] por Rui Reis, porta-voz da Refer.

  • Seis meses depois, Manuel Lopes Marques foi contratado para assessor do conselho de administração da Rave (Rede Ferroviária de Alta Velocidade), que é presidida também por Luís Pardal [Luis Pardal preside à REFER e à RAVE] , com um vencimento mensal de 5050 euros.
Agora pasme-se com o comunicado da REFER [link]
[...]
1.O Jornal “Correio da Manhã” publica com grande destaque na sua edição de hoje uma notícia intitulada “Director da CP despedido indemnizado e de novo contratado”, a qual, além de grosseiras confusões e erradas referências à estrutura empresarial do sector ferroviário, aborda igualmente, sem elementar respeito pelo rigor e correcção devidos, o processo de revogação do contrato de trabalho por mútuo acordo com um quadro superior da REFER e, cerca de seis meses mais tarde, o início da colaboração técnica contratada entre a RAVE e aquele especialista.

2. O Conselho de Administração da REFER, nesta como em todas as matérias, pauta a sua actuação pelo que entende ser as boas regras de gestão e pelo cumprimento rigoroso da lei, e age com total transparência de procedimentos.

3. Nessa medida, o Conselho de Administração tomou a iniciativa de solicitar à sua Tutela a instauração de um inquérito, tendo em vista proceder a uma apreciação rigorosa de todos os procedimentos adoptados na situação em apreço.
[...]
Repare-se:
  • o cumunicado realça as "grosseiras confusões e erradas referências à estrutura empresarial do sector ferroviário". Okkkkkkkaaaayyyyyyy e eu a pensar que a parte escandalosa era mesmo a questão da indemnização dada a alguém que pouco depois voltou a trabalhar no mesmo grupo empresarial.

  • o CA da REFER "pauta a sua actuação pelo que entende ser as boas regras de gestão". Pois o busílis da questão está mesmo no entendimento da REFER. Mas permite-nos perceber a razão da Rave, em 2005, ter registado um resultado negativo de 22 mil euros e a Refer ter fechado o ano passado com prejuízos acima de 160 milhões de euros. Questões de entendimento, está visto.
  • Mas ficamos descansados, pois tudo se vai resolver. A RAVE encomendou um inquérito!
Pergunta ao no querido governo: onde é que posso assinar o cartão do partido?


PS: uma pérola disponível na página da REFER:


Higher Technical Institute?! Este homem é um mister LOL
Oh bazarouco, muda lá isso e escreve Instituto Superior Técnico. Mas pensando melhor... mais vale isso ficar em inglês. Pode ser que assim algum estrangeiro descuidado o contrate. Sempre era menos um boy.


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Monty Python - Tchaikovsky's Piano Concerto No.1

Vá lá saber-se porquê, hoje apeteceu-me ser romântico. Encontrei o vídeo que, adequadamente, continua a misturada da frase anterior.



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País de cientistas



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Sobre o concurso para professor titular



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CCB

Mais uma para adicionar aos ditos de Mega Ferreira:
"Num país em que tanta gente não cumpre os mandatos, eu gosto de os cumprir. Mas se me perguntar: se eu soubesse que isto iria acontecer teria aceitado? Provavelmente, não."
Tadinho... É um incompreendido. E mesmo assim vai sacrificar-se, cumprindo a nomeação para Director do CCB. Talvez o seu actual lamento sobre a massagem ao ego do Sr. Berardo tivesse sido mais eficaz há uns meses atrás...


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Alerta Laranja na Madeira



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Gaivota no mar

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Mar azul, mas hoje nem tanto na Praia do Aterro, Leça da Palmeira, onde inacreditavelmente umas gotas de chuva fizeram transbordar os reservatórios ETAR. Segundo o Telejornal da RTP, os hidrocarbonetos que poluíram as areias e o mar "poderão não constituir um grande problema mas incomodam a população" (sic).

Só me ocorre perguntar: é a RTP accionista da Petrogal?!


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Os autarcas e as obras públicas

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Ordenamento urbanístico

Um amigo benfiquista mandou-me, orgulhoso, uma foto com uma vista aérea do seu estádio. Não pretendendo tecer comentários clubistas, não pude deixar de reparar na confusão de estradas, acessos e prédios que compõem o caos urbanístico daquela zona. Acto reflexo, procurei uma foto que mostrasse o novo estádio de Munique, apesar de já saber o que ia encontrar: um espaço organizado, com áreas verdes e sem os prédios em cima da auto-estrada, à lá segunda-circular.

O Benfica, bem como o Sporting, o Leiria (por ventura, o maior dos descalabros!), a Briosa, o Dragão e muitos outros (todos?) clubes da altura glória (!) do 2004 poderiam ter optado por soluções que fugissem dos centros urbanos, como fizeram as cidades do Mundial 2006. E vendendo os valiosos terrenos dos antigos estádios ainda teriam encontrado uma receita adicional para, porque não, pagar os impostos que nos devem (sim, porque o Estado somos nós).

Mas para quê planear e fazer coisas com ordem quando se pode fazer tudo de forma caótica? E se com esta estratégia ainda recebem apoios camarários e governamentais, para quê mesmo pensar se quer no assunto?

Tem-se falado em colocar portagens nas entradas da cidades. Dizem que é para limitar a entrada de carros. Mas são as políticas estruturais conducentes a que as pessoas se afastem da cidade? Os factos falam por si e estes dizem:
  • investimento nas redes de transportes significa novas estradas (os futuros elefantes brancos OTA e TGV obviamente que não contam como transportes públicos);
  • a educação, a saúde (por enquanto maternidades e urgências), forças de segurança, a cultura, serviços estatais e tantas outras coisas concentram-se nas cidades - e a tendência não é a descentralização;
  • o comércio concentra-se cada vez mais - se não já exclusivamente - em gigantescos centros comerciais;
  • ...
Realmente, porque havia um clube de futebol colocar-se em dissonância com o resto da sociedade?

Se antigamente Lisboa era Portugal e o resto era paisagem, então agora já nem isso podemos dizer. Dunas devoradas pelo mar e serras que parecem plantações de geradores eólicos substituiriam essa paisagem. Factos que não preocupam os portugueses em geral. Que não toldaram, pelo menos, a exuberância de contentamento do meu amigo perante a foto que me enviara.


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Fevereiro na Baviera



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Georges Moustaki

"Conheci" Georges Moustaki numa noite algures pelos 80's. Tinha recebido o meu primeiro gravador de cassetes e como os tempos eram outros, procurava encher as quatro ou cinco cassetes que o acompanhavam com as músicas da altura. O que implicava algumas noitadas de gravações, que era quando passavam na radio as músicas sem cortes. Apesar da minha juventude de então, uma vez acabei por adormecer com o gravador ligado e ao acordar, dou com uma cassete de 90 minutos cheínha. Pensamento imediato: "bolas, terei que apagar tudo". Mas afinal a Antena 1 tinha passado na íntegra o concerto de 1977 no Olympia e, apesar de não ser a música que então "se ouvia", alguns temas começaram por impôr a sua presença. A cassete sobreviveu.

Agora no Youtube encontrei duas outras pérolas, as dos posts anteriores. Mas a mais fantástica é mesmo a frase inicial no vídeo "Ma Solitude", dita pela moça: "On est bien [dans] la télévision"! :)



PS: Ao procurar verificar alguns dados para este texto, encontrei uma entrevista interessante:
Entrevista de Georges Moustaki à Bayerischer Rundfunk
(clicar no autofalante)


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Georges Moustaki - Ma solitude



Pour avoir si souvent dormi
Avec ma solitude
Je m'en suis fait presqu'une amie
Une douce habitude
Elle ne me quitte pas d'un pas
Fidèle comme une ombre
Elle m'a suivi ça et là
Aux quatre coins du monde

Non, je ne suis jamais seul
Avec ma solitude

Quand elle est au creux de mon lit
Elle prend toute la place
Et nous passons de longues nuits
Tous les deux face à face
Je ne sais vraiment pas jusqu'où
Ira cette complice
Faudra-t-il que j'y prenne goût
Ou que je réagisse?

Non, je ne suis jamais seul
Avec ma solitude

Par elle, j'ai autant appris
Que j'ai versé des larmes
Si parfois je la répudie
Jamais elle ne désarme
Et si je préfère l'amour
D'une autre courtisane
Elle sera à mon dernier jour
Ma dernière compagne

Non, je ne suis jamais seul
Avec ma solitude
Non, je ne suis jamais seul
Avec ma solitude


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Georges Moustaki - Le meteque



Avec ma gueule de métèque
De Juif errant, de pâtre grec
Et mes cheveux aux quatre vents
Avec mes yeux tout délavés
Qui me donnent l'air de rêver
Moi qui ne rêve plus souvent
Avec mes mains de maraudeur
De musicien et de rôdeur
Qui ont pillé tant de jardins
Avec ma bouche qui a bu
Qui a embrassé et mordu
Sans jamais assouvir sa faim

Avec ma gueule de métèque
De Juif errant, de pâtre grec
De voleur et de vagabond
Avec ma peau qui s'est frottée
Au soleil de tous les étés
Et tout ce qui portait jupon
Avec mon cœur qui a su faire
Souffrir autant qu'il a souffert
Sans pour cela faire d'histoires
Avec mon âme qui n'a plus
La moindre chance de salut
Pour éviter le purgatoire

Avec ma gueule de métèque
De Juif errant, de pâtre grec
Et mes cheveux aux quatre vents
Je viendrai, ma douce captive
Mon âme sœur, ma source vive
Je viendrai boire tes vingt ans
Et je serai prince de sang
Rêveur ou bien adolescent
Comme il te plaira de choisir
Et nous ferons de chaque jour
Toute une éternité d'amour
Que nous vivrons à en mourir

Et nous ferons de chaque jour
Toute une éternité d'amour
Que nous vivrons à en mourir


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A Experiência Pedagógica TLEBS

(click para tamanho a 100%)


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Câmara Municipal de Lisboa Big Brother

A Câmara Municipal de Lisboa aderiu ao plano tecnológico (ou pelo menos ao deslumbramento da tecnologia) mas esqueceu-se da privacidade.

As imagens seguintes foram criadas por cópia de parte da página do seguinte endereço:
http://webserver.cm-lisboa.pt/turismo/webcam/index.asp


A webcam pode ser controlada remotamente

Vista sobre a cidade

O zoom da webcam permite perfeitamente espiar
quem distraidamente se encontre no Castelo



Inclusivamente quem vá tomar café no Castelo

E até, espante-se, se pode espreitar
para o interior das casas em frente ao Castelo.


Sei que o Turismo de Lisboa já foi informado no ano passado que está a praticar uma desnecessária violação de privacidade. Mas certamente que outros assuntos mais nobres os ocupam, pois nesta data a webcam continua plenamente funcional.

Usando as funções de pan & zoom da webcam, não foi possível encontrar nem bifas desnudadas nem a tabuleta a dizer "Está a ser filmado para todo o mundo. Aproveite e mostre à sua esposa a sua nova amante." Eventualmente, ambas existirão.

(mail do Dep.to de turismo da CM Lisboa: turismo@mail.cm-lisboa.pt)