Festa da música 2007
Em Março de 2006 disse-se:
http://dn.sapo.pt/2006/03/23/artes/festa_musica_encontra_parceria_para_.html
Mega Ferreira, 2006/03/23:
O orçamento para a sua sétima edição (2006) foi de "850 mil euros".
http://dn.sapo.pt/2006/03/23/artes/festa_musica_encontra_parceria_para_.html
O Centro Cultural de Belém (CCB) conquistou uma parceria institucional para a sustentabilidade da Festa da Música: a Câmara Municipal de Lisboa (CML), que concordou em apoiar com cem mil euros cada uma das próximas três edições do evento cultural (até 2008), prometendo ainda uma relação mais estreita com aquela instituição.
Em Novembro de 2006 disse-se:
Público, edição impressa, 11 de Novembro de 2006
Mega Ferreira: "a Festa da Música é um bom amigo da cidade de Lisboa e de Portugal"
http://jn.sapo.pt/2006/11/15/primeiro_plano/ministra_que_camaras_devem_financiar.html
Ministra da Cultura, 15 Novembro 2006:
"a Cultura também gera riqueza material", apoiando-se num estudo da Comissão Europeia o qual revelou que a chamada Economia Criativa (ligada às artes), em 2003, representou 2,6% do Produto Interno Bruto dos Países da União Europeia. "Mais do que o sector imobiliário, alimentar ou têxtil. Em 2004, a indústria criativa empregava 5,8 milhões de pessoas, ou seja, 3,1% do total de emprego na Europa".
http://www.rtp.pt/index.php?article=260531&visual=16
20/11/2006: Mega Ferreira:
"Tomámos a decisão de suspender a edição de 2007 da Festa da Música, embora seja substituída por outro evento musical, entre 20 e 22 de Abril, que será proposto pelo CCB e com um orçamento muitíssimo inferior".
http://www.rtp.pt/index.php?article=260531&visual=16
20/11/2006: Mega Ferreira:
Sobre o evento que substituirá em 2007 a Festa da Música, Mega Ferreira disse que se chamará "Dias da Música" e será dedicado ao piano, não devendo o seu orçamento ultrapassar um terço do da anterior iniciativa.
http://www.rtp.pt/index.php?article=260539&visual=16
20/11/2006: Ministra da Cultura:
"A programação que nós temos para o próximo ano é muitíssimo melhor do que aquela que tivemos para 2006", afirmou a ministra da Cultura.
http://www.rtp.pt/index.php?article=260531&visual=16
20/11/2006: Mega Ferreira:
Mega Ferreira explicou que a decisão da administração do CCB foi motivada pela falta de dinheiro para uma iniciativa daquela envergadura, acrescentando que o cenário para a continuação da mesma nos próximos anos "não é dos mais favoráveis".
Comentário
Um recital de piano e um concerto sinfónico não são comparáveis: ambos podem ser excelentes. Portanto, substituir a festa da música por "dias da música", preenchidos com obras para piano não torna a "programação muitíssimo melhor". Apenas diferente. No entanto, há alguns aspectos a ter em conta:
- a festa da música, entre concertos sinfónicos, recitais diversos, obras corais, conferências, etc., etc. também englobava concertos de piano; portanto os "dias da música" são necessariamente mais pobres;
- sendo esses "dias da música" muito mais pobres em termos musicais mas ainda assim apresentando um orçamento que não deve "ultrapassar um terço do da anterior iniciativa", é caso para dizer que gastar um terço do orçamento da festa da música em alguns concerto de piano soa (e muito) a esbanjar de dinheiro, sem que se atinja um terço da mesma produção musical.
Outra questão a colocar é para onde vão os outros dois terços que não se gastam com a festa da música. Estará esta decisão relacionada com a criação dum museu para acolher a exposição Berardo?
Segundo o acordo assinado por Socrates e Berardo, o 2º empresta por 10 anos os seus gatafunhos ao CCB. Em contrapartida, o Estado português deve:
- constituir um museu até 31 de Dezembro de 2006 para albergar essas coisas que o Berardo comprou;
- fazer as obras obras no CCB "que venham a mostrar-se necessárias para instalar o Museu".
Além disso:
- "Berardo exercerá vitaliciamente o cargo de Presidente Honorário da Fundação";
- "O Estado tem opção de compra da Colecção Berardo (a que seja constituída pelas obras que façam parte do Anexo)";
- O Conselho de Administração será constituído no regime de paridade, entre o Estado e o Comendador José Manuel Rodrigues Berardo (o quinto administrador será escolhido por acordo).
- "O Estado e o Comendador Berardo, constituirão um Fundo de aquisições para compra de novas obras de arte";
- "O Fundo será dotado anualmente com 500,000.00 euros por cada uma das partes."
Então vejamos, se a última festa da música custou 850,000.00 euros, teve à volta de 60,000 visitantes e cada bilhete custou pelo menos 6 euros, então, o "prejuízo" foi 850,000-360,000= 490,000.00 euros. A CML já tinha oferecido 100,000.00 euros, portanto o Estado só teria que entrar com 390,000.00 euros. Bem menos do que os 500,000.00 a pagar pelos rabiscos do comendador. E ainda se poupavam nas obras do CCB, na equipa de 5 administradores do museu(cinco!!!!!!!!! um dos quais o franciú que foi assessor de Jack Lang!), nos necessários funcionários do museu, etc., etc.
Portanto se o Mega-Estoirador Ferreira diz que não há orçamento, fica claro que isso se deve às fantasias do Sócrates e do seu amiguinho comendador.
Neste contexto, temos que colocar esta questão: vale a pena trocar a Festa da Música, um evento ímpar e de referência no nosso panorama musical pela massagem ao ego ao sr. Berardo?
Só tendo em conta o meio milhão de euros que o Estado tem que desembolsar para o tal fundo
de aquisições para compra de novas obras de arte já a brincadeira fica 110,000.00 euros mais cara do que a Festa da Música. A esta despesa há a somar o disparate da constituição e funcionamento do museu e dos seus 5 administradores e despesas associadas.
Ah, mas a programação do CCB vai ser muito melhor em 2007! Isso e eu vou doar todos os meus rendimentos ao fisco e os políticos vão passar a cumprir as promessas eleitorais.
Li o texto, admirei a exaustão das transcrições, calafriei-me com as contas feitas - e os chamados "custos ocultos".
País de na (ba)bos!
Obrigado pelo que aqui trouxe.