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Porque têm erros os exames?

Escreve Paulo Guinote e cheio de razão que os exames, ano após ano, apresentam erros, «como se o controle de qualidade dos exames fosse algo apenas ligeiramente melhor do que a revisão dos diplomas legislativos produzidos pelo ME».

Analisando os "Instrumentos de Gestão do GAVE", disponíveis no respectivo site e, em particular, o "Quadro de Avaliação e Responsabilização" concluímos que a existência de erros nos exames não consta dos critérios de avaliação. Encontramos metas como o número de provas produzidas, a elaboração de «um estudo sobre o PISA 2000/2003/2006», «organização de reuniões internacionais», e até existe uma meta de atingir os 3 milhões de visitas à «página do GAVE na Internet».

Uma meta que estabeleça um objectivo mensurável quanto ao número de erros em exames é que não existe.

É certo que existe um grupo titulado «Qualidade» onde se contabiliza, entre outros aspectos, a percentagem de «provas sujeitas a auditoria científica». Este grupo vale no entanto apenas 15% da avaliação e não mede a quantidade de erros encontrados nos exames (mede o número de provas submetidas à tal auditoria).

Já agora, uma nota curiosa. Faz o GAVE na sua página um orgulhoso destaque para as 400 mil visitas obtidas só no mês de Maio (imagem supra). Sabendo que este é um item em avaliação, compreende-se o entusiasmo. Acontece que os professores que corrijam exigem passaram a ter que obrigatoriamente aceder à página do GAVE para obter os critérios de correcção da prova e para descarregar a respectiva grelha de correcção. Assim é fácil atingir objectivos.


4 comments :

  1. Anónimo disse...
     

    Fizeste bem em por a nu esta avaliação da treta e o seu absurdo.
    A razão fundamental porque os exames são medíocres e não são sequer revistos com um mínimo de seriedade é que existe uma tradição de secretismo absurda e atávica, como muito do que existe na administração central do monstro chamado ME.
    Temos de desmascarar a tradição de secretismo absurda, porque... parte do princípio indefensável de que os membros redactores das provas são corrompíveis, influenciáveis, etc... e que a maneira de evitar isso seria manter o seu anonimato. É absurdo porque então porque razão o mesmo critério (de anonimato) não se aplica a juízes e outros magistrados? O critério do secretismo permite o tráfico de influências dentro do ministério, permite que certas pessoas tenham um cargo de conceptores de provas que lhes dá um estatuto como que de «peritos» intocáveis e inamovíveis. Ou seja, dá-lhes privilégios e exíme-os de dar a cara E DE RESPONDER por provas mal concebidas, mal estruturadas, com erros científicos clamorosos (muito pior que simples gralhas!)
    Manuel Baptista

  2. Isabel Magalhães disse...
     

    Sei que é uma citação mas eu escrevo 'controlo' e não 'controle' ou control'.

    []

    I.

  3. j. manuel cordeiro disse...
     

    Manuel, acho interessante essa linha do secretismo. Até porque recentemente quanto às eventuais pressões sobre magistrados ouvi algumas vozes afirmar que ser não pressionável seria condição para o exercício da magistratura. Fiquei a pensar cá com os botões se isto não deveria assim ser para todas as profissões. Concordo que serve exactamente para ocultar responsabilidades.





    Isabel, creio que ambas as grafias serão correctas. Uma questão de estilo, suponho.

  4. Anónimo disse...
     

    Comparar a situação dos autores de exames com a dos juízes é ignorar que os juízes têm um estatuto especial. Não poder responder será talvez mais um sacrifício, nesta época em que qualquer coisa, uma vez escrita na net, é logo assumida como verdade absoluta, mesmo que seja o maior disparate (o exame de LP 9º ano era fácil...? Esperemos pelos resultados...).

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