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O inexplicável caso da CP

Quando estudava em Coimbra usava a linha do Oeste para ir até B-Lares
e aí apanhar o comboio para Coimbra, vindo da Figueira da Foz.

Pode parecer inacreditável, mas o facto é que geralmente era
necessário esperar pela ligação seguinte (o que costumava implicar
pelo menos uma hora de espera) simplesmente porque a o meu comboio
chegava alguns minutos depois da anterior ligação ter partido.

A parte surpreendente é que esta situação não se devia a atrasos do
meu comboio, da linha do Oeste, mas por estar assim planeado nos
horários oficiais da CP.

Agora digam-me, é isto um incentivo ao uso do transporte público?

Mas isto passou-se já há muito tempo, fins da década de 80. E até
pensei que finalmente esta situação tivesse sido corrigida. Sim,
porque todos os anos havia alterações de horários da CP, geralmente
bianualmente (horários de Verão e de Inverno) mas apesar de sempre,
sempre existirem estas falhas de ligação, sempre se espera que alguma
vez se mude para melhor.

Então, no mês passado os meus pais vieram até Lisboa e combinámos que
regressariam de comboio para casa. O Plano era tomar um Intercidades
da Linha do Norte, mudar em Alfarelos para apanhar a linha
Coimbra-Figueira e depois, eventualmente, mudar em B-Lares para então
apanhar o comboio da linha do Oeste no sentido das Caldas.

Sabendo como antigamente funcionava a CP, este plano de conseguir 3
ligações era verdadeiramente ambicioso. O ponto fraco, pensava eu,
seria a muito provável inexistência do comboio da linha do Oeste. É
que desde a década de 80 que a CP mantinha uma estratégia de
desactivação desta linha, diminuído o número de comboios em circulação
e fazendo circular os restantes em horários que não interessavam a
ninguém. Com a consequente diminuição do número de passageiros, que
imediatamente servia de pretexto à própria CP para dizer "esta linha
do Oeste não é viável, logo temos que reduzir o número de comboios em
circulação". O velho caso da pescadinha de rabo na boca.

Comprovou-se que o comboio da linha do Oeste não existia. A
alternativa seria então sair na mesma em B-Lares e aí apanhar um táxi.
Mas para isso seria necessário ir de Alfarelos até lá. Qual foi o meu
espanto quando, ao consultar os horários, em pleno século XXI,
descubro que por um minuto não existia ligação entre o comboio da
linha do Norte e o da linha de Figueira da Foz! É isso. Duas décadas
passadas e a CP continua a fazer horários destes. O comboio da
Figueira nesse dia tinha planeado a hora de saída no exacto momento em
que chegava o comboio de Lisboa. Não, não se tratam de atrasos. É
mesmo planeamento. Este detalhe significou a espera de uma hora e
picos pela ligação seguinte.

Custando-me a acreditar que seja possível existir tanta incompetência
junta, só posso concluir que estas situações resultam duma estratégia.
Qual é ela já não me é claro.



1 comments :

  1. asdrubal tudo bem disse...
     

    Parece-me que a estratégia é bem evidente, criar um crescendo de dificuldades de maneira a que as poucas pessoas que ainda usam determinadas linhas irem desistindo de maneira a que lesl possam desactivar percursos que lhes dão prejuízo. Depois para compensar vêm os sucessivos governos criarem comissões de estudo para a desertificação do interior.(com uma data de tipos a ganharem com estudos etc)

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