a política na vertente de cartaz de campanha

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O mais disfarçado dos aumentos de impostos

Esta tentativa de aumentos ilustra bem porque é que há interesse em
comprar a participação estatal em empresas como a EDP. Afinal, se o
Estado arrecada milhões com uma venda, o comprador tem que recuperar o
investimento de alguma forma.

Uma vez que as privatizações quase nunca trouxeram mais concorrência
aos sectores envolvidos, esta forma do Estado encontrar receitas
adicionais é mais o mais disfarçado dos aumentos de impostos. Empresas
públicas em regime monopolista é manifestamente mau. Mas ainda pior é
uma privatização sem que se crie concorrência, pois o resultado é este
que agora vemos: aumento de preços para recuperar o capital investido.

Ninguém dá nada a ninguém, ou acreditam que os accionistas que
encheram os cofres do Estado o fizeram desinteressadamente? Todos nós
sabemos que as empresas vendidas não geravam lucros, mas mesmo assim
foram compradas...

Falam em défice tarifário. Como se nós consumidores fôssemos
responsáveis pela má gestão de empresas agora privadas. O que acontece
é que o Estado tem que facilitar a vida a estas novas empresas
privadas, deixando-as vender o mesmo de sempre mas a preços superiores
para que recuperem o investimento.

As privatizações foram como um empréstimo bancário, em que uma parte
do Estado usufruiu do capital adicional e em que todos vamos pagar os
juros.

A propósito, alguém consegue enumerar onde foram gastas as fortunas
que o Estado fez em privatizações neste últimos 10 anos? Para diminuir
o défice não foi, isso já nós percebemos! Para diminuir impostos
também não.