a política na vertente de cartaz de campanha

Buzz this

Novas Oportunidades para políticos

Consta por aí que querem fazer depender o acesso à carreia docente, por parte de novos profissionais, da obtenção dum Bom (14 valores) num certo exame.

Deve ser um super-fantástico exame, já que aparenta valer mais do que todos os outros que levaram à licenciatura do candidato. Mais prova, menos prova, what the hell, não há-de ser por esse lado que a porca torce o rabo. E até há por aí muitas universidades self-service a cujos alunos realmente até faz falta um exame digno desse nome. Apesar que não é com um exameco que se resolve o problema criado por essas UnI's! Mas isso é outra história e o melhor é mesmo declarar que a ideia é parva.

E os 14 valores? O que é feito do clássico 10 valores que atesta que o aluno adquiriu competências suficientes para progredir, seja nos estudos, seja na vida profissional? Pretende-se demonstrar um padrão de exigência e rigor exemplar? Superior a qualquer outra área no Estado? Pretende-se o quê, que um professor seja um super-herói das habilitações? Mas em simultâneo que aguente a má vontade e desconfiança com que a tutela o trata, mais os pais que acham que têm pela sua frente a baby sitter dos seus filhos e ainda eduque os alunos a quem tudo na vida é dado e, portanto, também esperam que a passagem de ano lhes seja oferecida. É isso?

Senhora Ministra, isto é pura demagogia. Salta à vista de quem quer ver que apenas procura bater mais nos do costume na esperança de exaltar o "Pobão" e ganhar mais uns votos de raiva.

Mas são medidas como esta que me levaram a uma outra constatação. Reparem, quem quiser exercer medicina, cargo de grande responsabilidade, pois com a saúde dos outros não se brinca, tem pela sua frente uma longa via sacra de estudante, internato e especialização. Aos advogados, uma vez que não temos pena de morte e prender por erro nem sempre mata, já a exigência é menor e basta uma licenciatura, seguida dum estágio. Aos engenheiros, salvo esses que entregam testes de inglês por fax, aos biólogos, aos professores, aos enfermeiros, enfim, a qualquer profissional que exerça cargos de responsabilidade, ou de planeamento ou que envolvam conhecimentos específicos, é-lhes exigida formação específica na área profissional em causa.

Mas disse eu a todos? Então, que formação específica têm os nossos governantes? Poderão até, apesar de não ser obrigatório, possuir formação superior em alguma área. Mas acontece que essa formação, muito possivelmente, nada tem a ver com o cargo político que vai desempenhar e nem lhes confere o saber de como governar. Sim, porque isso também se pode ensinar!

Dito de outra forma, somos governados por incompetentes, no sentido literal da palavra, de não possuirem competência para o cargo desempenhado. Assim se percebe que algum imbecil tenha tido esse apagão mental de sugerir que o acesso à actividade docente estivesse limitado à obtenção de 14 num exame de acesso!

No entanto, tenho aqui a solução! Que se peguem nesses que fazem da política a sua actividade profissional, mais aqueles cuja actividade profissional tem alavanca no cargo político e mandem-nos todos para as Novas Oportunidades. Se aquilo é assim tão bom, que até permite em três meses percorrer o percurso académico de três anos, todos temos a ganhar. Ganham um portátil os que vivem da política e ganham os contribuintes que passam a ter profissionais qualificados a decidir os nossos rumos.

A não ser que isso das Novas Oportunidades seja uma tanga... Assim sendo, continuaríamos a ser geridos pelos faz-tudo que tanto podem estar à frente duma mercearia como do Ministério da Educação ou da Saúde ou das Finanças ou... O que se calhar até nem está errado de todo! Não é preciso fazer contas na mercearia? Não se vendem lá iogurtes bifidus? E não é preciso saber dar a volta para que o negócio apresente sempre prejuízo? Se serve aqui, também serve acolá.

Somos governados por políticos estaminais, que com o devido estímulo (leia-se cunha/cartão partidário) servem para qualquer ministério, EP, Empresa Municipal ou qualquer outro tacho que pague mais do que 3 dígitos. O resultado que temos visto é a constante ausência de planeamento além dos quatro anos e as bacoradas como esta dos 14 valores.


4 comments :

  1. avelaneiraflorida disse...
     

    APLAUSO DE PÈ!!!!!!!
    APOIO INCONDICIONALMENTE!!!!!
    ASSINO POR BAIXO!!!!!

    EU SEI DA REALIDADE QUE AQUI ESTÀ A SER FALADA...POR DENTRO, E NA PELE!!!!
    COMO MUITOS COLEGAS:::QUE NÂO MERECEM O QUE ESTÀ A ACONTECER!!!!
    "BRIGADOS" por este post!
    UM BOM FIM DE SEMANA!

  2. Fliscorno disse...
     

    avelaneiraflorida, temos que ver além do marketing político... Bom fim de semana para ti também.

  3. Pata Negra disse...
     

    Mas ainda há alguém que queira ser professor? É bem provável que as ditas provas tenham no cabeçalho sentenças daquelas que vem nos maços de tabaco!
    Porra, ainda não perceberam? Os homens não querem que existam professores, a educação sempre foi um perigo para a sobrevivência do poder!

  4. Fliscorno disse...
     

    Na ignorância governa-se melhor, João ;)

Enviar um comentário