a política na vertente de cartaz de campanha

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Mais um prós e prós (4)

A ministra safou-se bem e até melhor do que o costume. Creio que do lado dos profs, foram focados demasiados tópicos e a ministra respondeu ao que lhe apeteceu.

O tipo dos sindicatos veio com o trunfo das sentenças sobre as aulas de substituição... bom estragou tudo, acho eu. Focou a questão nos cifrões em vez de nos problemas. Estava com um discurso positivo mas com esta mudança abafou tudo o que fora dito antes e para o público em geral ficou a nota de ser o dinheiro o que move os professores.

Ah, aquele prof premiado. Começou bem mas depois, com o ego inchado, deu-lhe forte. Bem podia ter ficado pela primeira intervenção.

E o tipo ao lado da ministra! Foi convidado a que pretexto?! Um eduquês em estado puro. Muito bla bla bla e pouco sumo.

Adormeci algures, quando falava o senhor autarca que acha que não há nomeações de conveniência no poder local. Isto depois do representante de uma associação de pais ser apresentado como o representante dos pais. Haja pachorra.


10 comments :

  1. ASHA disse...
     

    Ontem, no CE duma escola, a propósito do programa prós e contras, numa conversa ouvida sem intenção de o fazer.. As personagens são a "belinhóbelix", o "Kocó temos que fazer porque sou lambe botas" e "Kacá boa já apanhei um tacho e nem sei como...":

    - Ah! e ontem? aquilo não dignificou nada os professores. Deixaram ficar muito mal vista a classe dos professores.(belinhóbelix)
    - E já reparaste k só são professores do norte? Isto é estranho.(Káca já apanhei um tacho e nem sei como...)
    - Não havia lá ninguém dos conselhos executivos. Esses é que sabem bem porque estão no terreno.(Kocó temos que fazer porque sou lambe botas)

    "Palavras para quê? São professores portugueses contaminados pelo vírus da partidarite, do dogmatismo e...,acima de tudo, da estupidez."

    Infelizmento para todos aqueles que se recusam a fechar as portas do cérebro " Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar...
    Realmente, já dizia Pessoa que a inconsciência é o caminho para a felicidade...

    Qualquer semelhança entre este texto e a realidade não é mera coincidência!!!

  2. RioDoiro disse...
     

    "e para o público em geral ficou a nota de ser o dinheiro o que move os professores. "

    Bem dito. Já fiz notar exactamente o mesmo algures. Brevemente escreverei algo sobre o assunto.

    E passou em branco a idiotice pegada vomitada pelo secretário de estado que lá estava.

    Poucos professores parecem perceber que o pântano em que nos afogamos tem origem exactamente naquela palermice cientológica educativa.

    .

  3. Anónimo disse...
     

    Caro Range-o-dente, surpreende-me sempre a incapacidade dos sindicatos em se olharem à distância.

    E, sim, os profs afundam-se pela incapacidade em se organizar em estruturas próprias que os representem. Por exemplo, um sindicato decide que é contra uma medida do ME. Com que fundamento é que ele poderá dizer que está a representar os professores nesse assunto?

  4. Rosalina Simão Nunes disse...
     

    ...o dinheiro o que move os professores.


    Desculpem, sejam professores, advogados, padeiros, juízes, pedreiros, políticos, médicos, etc., o que os move?

    Alguém trabalha gratuitamente?

    De facto, aquilo que mais me agradou no Mário Nogueira foi precisamente o facto de ter ali dito em alto e bom som que durante um ano lectivo inteiro o ME tratou uma classe inteira como se de escravos se tratasse.

    Obrigou-nos a trabalhar extraordinariamente e não nos pagou.

    Era bom que as pessoas entendessem de uma vez por todas, particularmente, os professores, que esta actividade não é gratuita.

    Só tomando esta consciência, que somos como todos os outros, trabalhamos para viver, sem ter outros que nos sustentem, é que a força das nossas exigências se pode fazer ouvir.

  5. Fliscorno disse...
     

    Cara Rosalina, sabe qual acho que teria sido a atitude inteligente dos professores sobre as aulas de substituição? Faze-las, juntamente com o restante trabalho na escola. Não levar trabalho para casa. Assim, caso vos faltasse tempo para as actividades extra sala de aula, teriam para dizer que não tinham disponibilidade para tudo.

    Sobre a questão do dinheiro, obviamente que é um ponto (o ponto?) em qualquer profissão. Mas não será dessa forma que levarão a água ao vosso moinho.

  6. Rosalina Simão Nunes disse...
     

    Faze-las, juntamente com o restante trabalho na escola.


    Esta sua afirmação, Raposa, fez-me sorrir. Sem qualquer ironia. Apenas sorrir.

    Apesar de, naquilo que escreve, revelar sensibilidade para a causa dos professores, mostra com a frase transcrita que, de facto, não faz a mínima ideia do que seja uma escola no seu dia-a-dia.

    Só um exemplo:

    na semana passada, e porque para cumprir um horário lectivo de 26 horas de presença efectiva na escola, tenho de andar por lá mais de 30, tentei corrigir alguns trabalhos dos alunos na sala de professores.

    Não consegui. PorquÊ? Porque uma colega entrou na sala de professores e resolveu começar a conversar com outra que lhe deu troco. Conversa cheia de frivolidades, num registo acima do que se exige para a concentração de alguém que está a corrigir trabalhos.

    Ainda pus música clássica. Mas mesmo assim, conversaram o que tinham a conversar, durante o tempo que lhes apeteceu.

    Meu caro, se essas colegas, realmente, sentisse a sua actividade como imprescindível à sua sobrevivência, garantidamente, teriam respeitado o meu trabalho.

    E como este exemplo tenho muitos.

    Portanto, mantenho o que afirmei. O dinheiro é o ponto. Tivéssemos todos essa consciência, víssemos todos nós a nossa actividade profissional como tal e já há muito que eu não teria de trazer para casa trabalho. E nem sequer a questão das HE de 2005/06 se tinha colocado, porque jamais um governante se atreveria a dizer que um professor que fosse dar uma aula, mesmo que de substituição, não estaria a desenvolver componente lectiva.

    Quer ler um dos aspectos mais fantásticos do ECD, pela nova versão.

    As aulas de apoio pedagógico acrescido, que carecem de planos com a definição de objectivos, designação de conteúdos, etc, etc, não são consideradas parte da componente lectiva.

    Incrível, não?

    E que dizer do facto de estarmos a 29 de Fevereiro e só agora terem sido disponibilizadas as matrizes dos exames de LP/9º ano?!

    E que dizer daqueles alunos que avaliados ao abrigo do revogado 319. (Alunos com necessidades) educativas especiais) desde sempre, com adaptações curriculares e condições especiais de avaliação, neste momento são alunos 'normais' porque ainda não foi feita a reavaliação para se saber se se encaixam no novo conceito de alunos com necessidades educativas especiais?

    E no entanto, no final do ano, aqueles que estiverem no 9º ano terão que fazer exame, não havendo qualquer indicação ainda se será o exame nacional se o exame a nível de escola.

    E toda esta informação que aqui coloco resulta de um trabalho que ninguém vê. Que ninguém sabe avaliar, porque não é quantificável, mas que me permite ter a certeza de que a questão, meu caro, é o dinheiro.

    Eu percebo o que o Raposa quer dizer, quando afirma que deveríamos ter dito que não tínhamos tempo para fazer as coisas... Mas nós temos no nosso horário contempladas horas de componente não lectiva e esse argumento que sugere cairia logo por terra. :)

    Muito complexo tudo isto.

  7. Fliscorno disse...
     

    Cara Rosalina, tem razão, tenho uma ideia difusa da escola actual. Conheço-a pelos ecos que me chegam, seja de alguns professores, seja da comunicação social. Mas para ela olhar do lado de fora também tem os seus pontos positivos, como seja por exemplo registar duma forma impessoal o que dela transpira para a opinião pública.

    É neste sentido que me parece que centrar o descontentamento na dificuldade em produzir trabalho de qualidade ganharia mais pontos na opinião pública do que fazendo-o em questões mais pessoais. Um exemplo seria passar o tempo na escola para se demonstrar que é impossível ter condições para trabalhar na escola e, consequentemente, é incontornável levar trabalho para casa, tornando claro, para quem só faça raciocínios trivialistas, que realmente os professores fazem mais do que as 22 horas lectivas.

    Porque, repare, todo este ímpeto contra os professores só foi possível porque o ME precedeu as suas mudanças duma campanha de desacreditação dos professores, dizendo-os uns mandriões. Isto teria sido desmontado com iniciativas como a que acabo de referir. De nada valeu os sindicatos virem dizer que o ME estava a ser desonesto e que os professores faziam muito trabalho em casa. Quem ouviu, apoiado na nacional inveja endémica, entendeu "não fazem um corno".

    Quanto aos restantes casos que enumera, estou a par desse constante fazer em cima do joelho. Até já várias vezes escrevi sobre isso e sobre a característica mais constante no ME, que é a mudança de rumo. Espero que desculpe a minha teimosia, no entanto creio que a classe docente não está a saber fazer chegar estas situações à opinião pública. Creio que é necessário fazer o mesmo que o ME faz, pensar numa estratégia de comunicação e implementa-la.

    O dinheiro é a justa compensação para o trabalho realizado mas se a opinião pública for convencida de que não há trabalho feito não há justiça que pague salários. Talvez me ache um pouco hipócrita nestas afirmações. No entanto, repare que o ME só tem conseguido levar as suas ideias para a frente por saber que tinha a opinião pública do seu lado. A própria ministra o disse: "Perdi os professores mas ganhei a opinião pública".

    Os professores só serão capazes de fazer as suas razões valer se conseguirem demonstrar que o que está a ser feito produzirá alunos mal formados. Isto é, que o fruto do seu trabalho sairá podre, que os filhinhos do país serão uns incompetentes no futuro próximo. Para lá chegar podem ir enumerando toda a tralha que o ME tem feito mas sempre com o mesmo objectivo em mente: os alunos estão a ser mal preparados devido ao laboratório educativo que reina na 5 de Outubro.

    Compreendo que saiba bem ver a ministra espumar por causa dos acórdãos referentes às aulas de substituição. É ver reconhecimento algo de que discordaram. O sindicato marcou pontos perante a classe docente mas a mensagem que passou foi "os gajos não fazem nada e o tribunal ainda lhes dá razão". O sindicato cumpriu a sua agenda mas, na minha opinião, fez um mau serviço à classe docente. Uma vitória amarga, diria eu...

  8. NCouto disse...
     

    Concordo com as afirmações da RAPOSA. Para combater os ataques que o ME, fez ao profissionalismo dos docentes, teríamos que desmontar essa teoria! Provando a todos o trabalho realizado. De facto os docentes efectuam muito trabalho de casa... muitas horas extra!!! Mas também é verdade que durante anos a fio muitos Docentes não fizeram um "corno". Muitos encontraram na DOCENCIA o lugar ao SOL, eram bem remunerados e nem era preciso fazer nada... Tinham férias várias vezes por ano e quando não era altura das férias metiam um artigozito que resolvia o problema... A culpa da imagem actual da classe é muito por culpa desses mercenários da educação. E agora estamos todos a pagar por erros do passado.

  9. Rosalina Simão Nunes disse...
     

    Porque, repare, todo este ímpeto contra os professores só foi possível porque o ME precedeu as suas mudanças duma campanha de desacreditação dos professores, dizendo-os uns mandriões. Isto teria sido desmontado com iniciativas como a que acabo de referir.

    Como percebo o que diz, Raposa. Mas creio que jamais seria capaz de o fazer. Deixar de trabalhar em casa seria catastrófico para a prática lectiva.

    Mostrar à opinião pública que há muito trabalho que se faz e não se vê, teria que traduzir-se em não trabalhar durante mais de um ano lectivo. :) Isto para que tivesse impacto.

    E tenho a certeza que é iniciativa que os professores, por serem profissionais antes de mais, não o fariam.

  10. Rosalina Simão Nunes disse...
     

    E tenho a certeza que é iniciativa que os professores, por serem profissionais antes de mais, tomassem.

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