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No Jornal de Negócios:
Baptista Bastos
Esboço do português médio

O chinfrim em torno do futebol e seus escândalos tem anestesiado a mente, já de si avariada, do português médio. O português médio é aquele que ouvimos nas televisões dizer, em directo, coisas absurdas, num idioma cada vez mais primário. Sabe os nomes de todos os futebolistas, de todos os treinadores, das transferências escabrosas, das classificações de todos os clubes do mundo. [...]

Um interessante texto, a ler. Por ventura, o título do texto estará errado, pois não será médio o cidadão que conheça a obra por ele citada. Seja português, seja de outra nacionalidade, já agora. Entre corridas para casa e para o trabalho, quando é que sobra tempo para pensar? Talvez entre o anúncio do novo automóvel XPTO e do milagroso iogurte - que afinal é muito mais do que um alimento - sobrem uns segundos para observar como 239 euros mensais do popó anunciado trarão tanta realização pessoal por tão pouco investimento. O facto é que vivemos rodeados de impulsos para nos deixarem insatisfeitos. Está gordo; tem celulite; precisa de mudar; compre este produto e a sua família será como esta; viva feliz; a sua casa é uma porcaria; e a lista é tão infindável quantos vós o sabeis. Já há muito que o produto deixou de ser central para a publicidade, ou para as campanhas de comunicação, como agora é fino dizer. O que importa é criar uma razão para que o queiramos comprar e isso passa por nos fazer infelizes se não o tivermos. A publicidade quere-nos impulsivos, irreflectivos, receptivos a nos realizarmos com a compra proposta. Ler não cabe no mundo instantâneo. A leitura demora tempo e precisa duma certa tranquilidade interior incompatível como o nosso dia-a-dia de ganhar muito dinheiro para nos realizarmos pela compra. O português médio poderá desconhecer Jorge de Sena mas sobre bifidus e trânsito intestinal dá cartas. E por falar de trânsito, o melhor será eu despachar-me para não perder o Desporto 2!


6 comments :

  1. Anónimo disse...
     

    “tem anestesiado a mente, já de si avariada, do português médio."
    Alto e pára o baile!!!
    Vamos lá a ver, cuidadinho com a língua, porque eu sou muito homem, ouviram?
    Só li duas linhas do texto e já estou danado.
    Quem, pergunto eu, QUEM autorizou o senhor BB a afirmar que "o português médio" tem a mente «avariada» e agora «anestesiada» por eventuais problemas do futebol que não conheço?
    QQUUEEMM??
    Eu, como "português médio" exijo explicações. Mais! Exijo REPARAÇÕES pelos danos morais e outros que os meus advogados irão descortinar.
    Para já esta noite não vou conseguir dormir e amanhã vou conduzir até ao Porto e voltar. Se eu tiver um acidente de quem é a culpa? Do BB, claro! Uma noite não dormida, cansaço acumulado, sonolência e …PUM! acidente pela certa. Quem é o culpado? O BB e o seu irritante lacinho.
    Vou ler o resto do texto e já venho. Pelo andar da carruagem vou encontrar mais motivos de indignação e repúdio.
    Até já.

  2. Anónimo disse...
     

    Eu nem queria acreditar, mas afinal sempre existe o sítio. E, ainda por cima, é servido por transportes públicos.
    Alguém devia oferecer um bilhete de ida ao português médio licenciado em engenheiria.

  3. Pata Negra disse...
     

    Sou um pequeno português, não sei o nome dum único jogador a não ser do Futre, de vez enquando gosto de ler as reflexões do português médio BB mas jogo sempre à defesa:
    papillon??!!!
    Canta bem mas não me alegra! venha ver a minha mesa!
    Um abraço de raposa à volta da capoeira do BB

  4. Zorze disse...
     

    O Baptista Bastos também já tem a marmita toda minada, tal, como o português médio.
    Estou farto de engarrafamentos. Chego ao trabalho cansado. É por isso que preciso de muito descanso.

    Abraço,
    Zorze

  5. José Lopes disse...
     

    A publicidade infelizmente não enche barriga, e "o produto" está cada vez mais longe das capacidades dos pequeninos.
    Cumps

  6. j. manuel cordeiro disse...
     

    Furte, Pata Negra? :-) Não ligues, esta esquerda que vira à direita e vice-versa anda a deixar-me disléxico.



    Zorze, em vez de engarrafemos, sugiro "barrilagem". Sempre tem mais cilindrada.



    Guardião, ora aí está um belo slogam para os tempos mordernos de tudo na linha: "A publicidade não enche barriga".

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