Google Chrome, uma descrição funcional aligeirada
- Muti-tarefa ao nível de cada uma das páginas. Significa que se um site está a deixar o browser pendurado, os outros sites abertos noutros tabs continuarão a funcionar. O site mal comportado pode ser então fechado sem ter que mandar abaixo todas as outras páginas abertas.
- Cada tab, ou seja, cada site aberto, corre num processo próprio, contrariamente aos actuais browsers que usam um único processo para todos os tabs. Pondo isto numa analogia terra-a-terra, o processo aqui referido pode ser pensado como sendo uma actividade comercial. Os actuais browsers são como um centro comercial, um único edifício para todas as lojas. Já o Google Chrome é como se tivesse um edifício para cada loja. Continuando nesta comparação simplista, nos actuais browsers, ou seja no centro comercial, se há um problema na estrutura do edifício todas as lojas são afectadas: segurança, intrusões, uma loja que ficou desocupada mas o espaço liberto é demasiado pequeno para uma nova loja, etc. No Google Chrome, sendo cada loja um edíficio, então os problemas duma das lojas não afectam as restantes lojas.
- Esta versatilidade trazida por "um tab = um processo" é possível às expensas de mais memória e mais capacidade de processamento. Isto seria impossível há uns anos mas actualmente estes recursos são perfeitamente suficientes para que se possa optar por algum "desperdício", ganhando robustez e segurança.
- O browser dá informação sobre os recursos gastos por cada site, sendo possível mandar a baixo uma página que está a carregar o PC em demasia. Isto decorre da abordagem "um tab=um processo" e permite manter controlados os sites mal comportados.
- As actuais páginas web são muito mais do que texto e imagens, como acontecia nos primeiros sites, no início dos anos 90. A interactividade é um imperativo, constituido verdadeiras aplicações - chamadas de web 2.0. Exemplo disso é o próprio Gmail e o Blogger onde escrevo este texto. Esta interactividade é possível porque por trás do aspecto visual da página existem pedaços de código específicos da página - javascript - que criam essa interactividade. O javascript foi concebido para pequenas funcionalidades mas actualmente as aplicações web usam-no ao extremo. Um browser com uma má máquina de javascript é como ter um Ferrari com um motor dum Fiat. O Google Chrome inclui uma motor de javascript escrito de raíz e com um verdadeiro turbo, o Just InTime Compiler. Isto significa maior velocidade para as aplicações web.
- A interface com o utilizador também foi simplificada. Neste aspecto é de notar que ideias de outros browsers (Firefox e Opera, por exemplo) foram trazidas para o Chrome.
- É possível que os aspectos até agora focados não convençam os utilizadores em geral. Mas a questão da segurança é absolutamente crucial e aqui o Chrome dá cartas. O facto de cada tab correr no seu próprio processo aumenta significativamente a segurança da navegação web. Um site não conseguirá espreitar outro site. Actualmente isso também é suposto não ser possível mas teremos que confiar que o browser está a fazer bem o seu trabalho. Supostamente, um tab por processo aumentará a segurança. Mas isto é o plano teórico; logo se verá como a implementação se porta. Além disso o Chrome implementa o conceito "sandbox", caixa de areira, que consiste no ambiente que a aplicação web dispõe para si mesma, com todo o processo de comunicação inciado sempre e unicamente pelo utilizador.
- Ainda na questão da segurança, os plugins que gostamos muito de instalar no browser, como por exemplo para ver os vídeos do youtube, poderão ser fonte de enormes falhas de segurança e de bugs. O Chrome coloca os plugins a correr num processo próprio, contribuido para a estabilidade e segurança geral.
- Finalmente, o código fonte do Chrome está disponível para quem o queira ver e/ou usar. Além disso, é ainda disponibilizado um conjunto de serviços, uma API, que permite à vasta comunidade informática expandir as funcionalidades do próprio browser.
Este texto não traduz a minha experiência de utilização do Chrome. Afinal de contas, este software foi lançado há umas horas! Procurei apenas traduzir o jargão tecnológico para leitores menos familiarizados com as IT.
No próximo texto abordarei a questão de como a Google não está apenas a proporcionar um bom ambiente de trabalho mas sim a mudar o paradigma de computação pessoal. Algo absolutamente fatídico para as empresas, como a Microsoft, que vêm a informática pessoal como um utilizador=um sistema operativo + um conjunto de aplicações.
Só uma coisinha que o senhor gaba muito, mas um tab= um processo quer dizer um processo = varios recursos.
Experimente abrir 5 tabs e veja o consumo de recursos e já agora tente parar um dos processos e vai ver tudo a descarrilar.
ID Name Private Shared Total Private Mapped
4012
Browser
42408k 6740k 49148k 33872k 4784k
4076
Tab 2
Blogger: Fliscorno - Enviar um comentário
5520k 2088k 7608k 9788k 2572k
3156
Tab 11 (diagnostics)
About Memory
3688k 3184k 6872k 4624k 2572k
2300
Tab 12
Google
3360k 3124k 6484k 4240k 2572k
3412
Tab 13
BLASFÉMIAS
4224k 2984k 7208k 6760k 2572k
1640
Plug-in
Shockwave Flash
28356k 4052k 32408k 20624k 3888k
3448
Tab 14
WEHAVEKAOSINTHEGARDEN
11824k 3224k 15048k 17504k 2572k
3796
Tab 15
Wikipedia, the free encyclopedia
5920k 2384k 8304k 9096k 2572k
Σ 105300k 133080k 106508k 24104k
Claro que muitos processos consomem muita memória. Tudo tem um preço, como até refiro no texto. Mas 5 tabs não complicou por aí além. Escrevi no endereço about:memory e constatei que o total de memória gasta foi 133080k. Ainda não tive problemas a terminar processos. Mas acredito que os problemas que relata existam. Isto é um produto beta. De qq das formas, não pretendo fazer a defesa do produto. Apenas explica-lo.