Birth place: A23, Km 18
O Expresso de ontem, 22-11-2008, traz um artigo intitulado «Bombeiros fazem um parto por semana». Depois de revisitada a polémica do fecho das maternidades, face ao fim da contestação pública, caminha a autora pelas posições oficiais que conduzem à conclusão da correcta solução do anterior ministro da saúde, Correia de Campos. Acrescenta aos factos a ausência de notícias publicadas sobre os partos em ambulâncias, como se a notícia publicada fosse um retrato do país.
Portanto, tudo está bem?
Não. Escreve a jornalista: «Já só falta um serviço para o trabalho ficar concluído: Guarda, Castelo Branco e Covilhã serão concentrados em duas maternidades logo que esteja criado o correspondente centro hospitalar. Mas os especialistas que desenharam a rede, entre eles Jorge Branco, querem mais e para breve. "Dada a escassez de recursos humanos são precisas mais concentrações, incluindo na Grande Lisboa, e antes das férias de Verão e 2009", alerta o responsável. Cascais, Vila Franca de Xira e Torres Vedras são os blocos que se seguem e que, desta vez, caberá a Ana Jorge fechar.»
Curiosamente, este mesmo artigo também cita Luís Graça, da Ordem dos Médicos, segundo o qual é "mais complicado transportar uma grávida ao início da manhã de Odivelas para o Hospital de Santa Maria do que da Guarda para a Covilhã". Este argumento, parece-me, devia fazer reflectir sobre a estratégia de centralizar, criado unidades gigantescas, mais difíceis de gerir e às quais o acesso é mais complicado. Também os movimentos demográficos de concentração nos grandes centros urbanos deveriam ser tido em conta no momento da reorganização. Ou fecha-se apenas sem aumentar a capacidade onde a procura aumenta?
O artigo termina com este parágrafo: «A ministra da saúde está, por agora, atenta ao sector privado e prepara-se para aprovar um documento com requisitos técnicos para as maternidades. Sabe-se já que as novas regras vão levar ao encerramento das unidades mais pequenas, sobretudo, no norte do país.» Num artigo sobre o número de partos que os bombeiros fazem por semana, em lado algum se aborda a questão da sua preparação para a tarefa em causa. Têm estes profissionais a necessária formação? Ou a questão está reservada para eventuais partos que corram mal? Por outro lado o artigo ajuda na validação da política de redução do serviço público e abre caminho a mudanças que incluam o serviço privado. Olho para esta opção jornalística como se fosse um trailer: serve para apresentar o que aí vem.
O artigo em questão:
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