a política na vertente de cartaz de campanha

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Puxar o tapete

Puxar o tapete, n'O Insurgente:
«[...] se, com uma simples alteração legislativa, o Governo alterasse o modelo de financiamento das escolas, retirando-as da dependência directa do Ministério, e fazendo o financiamento de cada escola depender directamente da escolha dos pais em lá matricularem os seus filhos, elas (e os interesses instalados no seu interior) só sobreviverão se tiverem a capacidade de atrair os pais, ou seja, se fizerem as adaptações necessárias para poderem fornecer um bom serviço (por outras palavras, darem uma boa educação aos seus alunos). Esta seria a única avaliação que os professores precisam: aquela que os pais fariam no momento de decidirem se determinada escola merece o seu dinheiro ou não.»
Há actualmente um exemplo desta liberalização do ensino, em que os alunos escolhem a escola que querem. É o ensino superior privado. Que qualidade têm essas escolas? Os alunos escolhem as escolas em função da qualidade da escola ou das notas que poderão obter?
 
A escola não é uma fábrica. Os pais não são clientes. Os alunos não são produtos.
 
Nada me oponho a que os pais escolham a escola que queiram. Até vejo vantagens para mim nisso. Mas acreditar que isso melhorará globalmente a qualidade da educação é uma ilusão. Algumas escolas seriam muito procuradas e a sua capacidade esgotaria facilmente. Necessariamente, a escola precisaria de seleccionar os seus alunos. Com base em quê? Talvez seriado-os com uma prova de acesso. Como sabemos da correlação entre o meio socio-económico da família e o sucesso escolar, não surpreenderá que as famílias melhor estabelecidas em termos económicos serão aquelas que conseguirão colocar a descendência nessas escolas.
 
A tese de que as piores escolas desaparecerão, como se dum sabonete mal cheiroso que não atrairia clientes se tratasse, está obviamente errada. Actualmente, o número de escolas existente é aquele que é necessário para satisfazer a procura. Há, até, quem diga que é insuficiente. Portanto, as escolas piores em vez de desaparecerem simplesmente passam a acolher os alunos que não ficaram colocados nas melhores escolas.
 
Passaríamos então a ter escolas de elite para elites e, numa gradação eventualmente linear, escolas fracas para os outros. Ficaria o país globalmente melhor?


1 comments :

  1. Apache disse...
     

    “Passaríamos então a ter escolas de elite para elites e, numa gradação eventualmente linear, escolas fracas para os outros”
    Já se assiste a isto nas privadas, que normalmente ocupam os primeiros e os últimos lugares dos rankings.
    Obviamente, o país ficaria na mesma.

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