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Política Agrícola Comum

(imagem de http://ec.europa.eu/agriculture/capexplained/index_pt.htm)


Sobre um texto de Paulo Morais no JN de 04 Março 2009,  A terra a quem a trabalha (via CAA):

Entre nós, a PAC teve um objectivo comum: tornar o país num mercado consumidor sem produção própria. Uso o passado porque este já foi em grande parte atingido.

Quanto aos hipermercados, estes sempre se queixaram da incapacidade portuguesa para os abastecer em curto espaço de tempo e em grande quantidade.

Por cá os decisores também não se têm chateado muito. Já houve subsídios para todos os gostos, ao hectare, fosse ou não cultivado, até ao hectare que tinha que ser semeado mas não era necessária a ceifa.

Nos anos 90 houve uma caça às culturas que davam mais subsídios. Um conterrâneo meu descobriu que semear ervilhas com recurso a estufas era o top e fez um dinheirão. Com os subsídios, claro, já que as ervilhas colocou-as debaixo do colchão, tendo-lhe provocado mau dormir. Pelo menos é a explicação que encontro para elas não terem chegado ao mercado. Também já houve a moda dos choupos, de arrancar vinhas, de plantar oliveiras e, suspeito, que até haverá bons incentivos para criar minhocas.

A última grande invenção da PAC foi a gigantesca tarefa fazer fotografias aéreas de todos os terrenos agrícolas, tendo sido solicitado aos proprietários a identificação das suas estremas. Uma tarefa hercúlea que consumiu recursos qb (também justificou a necessidade de tanta gente nas direcções regionais) para apenas decidir a quem dar subsídios.

Finalmente, existe esse paradoxo das reservas agrícolas (só o nome já tresanda a parvoíce) nas quais o agricultor nem uma barraca para alfaias pode construir sem uma interminável via sacra de autorizações. Mas depois lá vem um PIN e pum!, está tudo autorizado. Falo por exemplo da A14 que de repente pode atravessar toda a reserva agrícola do Baixo Mondego, com as habituais expropriações ao preço da uva mijona, passando por terrenos onde só com cunha se constrói e deitando as águas não tratadas para os campos de cultivo. Aceito a necessidade de autoestradas, não é isso que está em causa. Já esta dualidade de critérios, enfim…

Quanto a restante artigo de Paulo Morais, é um retrato do país real. Esse do deserto de Mário Lino e o da Paisagem fora de Lisboa e Porto. Nem a produção vitivinícola se safa, já que ainda há pouco se discutia sobre o arranque de vinha, por todo o país, inclusivamente no ex-libris nacional, o Douro.

A PAC é uma das vergonhas europeias. Só existe para calar os franceses.