Alberto Gonçalves, hoje na sua crónica
Dias Contados (
DN):
«As forças visíveis
(...) Os investigadores, alegadamente, admitem que a generosidade do dr. da Mota lhes permitiu a alegada escolha: ou arquivavam o processo ou teriam percalços na carreira. Confrontado com a alegação de pressões, o PGR garantiu não existirem pressões. A seguir, garantiu ir investigar a existência de pressões. Depois, tentou em vão convencer os investigadores e o dr. da Mota a declararem em uníssono a inexistência de pressões. Por fim, e por enquanto, criticou a procuradora adjunta por não o avisar das pressões. (...)
Quatro anos e meio que mudaram o País
O deputado pediu a palavra, ergueu-se da cadeira e declarou:
"Os portugueses não podem confiar num primeiro-ministro que uma vez diz umas coisas e outra vez diz outras. (…) A conclusão a que chegamos é que o senhor não tem jeito para isto. (…) Mas o sr. primeiro-ministro não se vai daqui embora sem falar num último tema. (…) É o caso de um ministro do seu governo que fez uma pressão ilegítima junto de uma estação privada e que conduziu à eliminação de uma voz incómoda para o seu governo. O sr. primeiro-ministro desculpar-me-á, mas quero dizer-lhe com clareza: esse episódio é indigno de um governo democrático, e é um episódio inaceitável. E é uma nódoa que o vai perseguir, porque é uma nódoa que não vai ser apagada facilmente, porque é uma nódoa que fez Portugal regressar aos tempos em que havia condicionamento da liberdade de expressão. E peço-lhe, sr. primeiro-ministro, que resista à tentação do controle da comunicação social. Não vá por aí porque nós cá estaremos para evitar essas tentações."
A data era 14 de Outubro de 2004, dois meses antes de o presidente da República dissolver o Parlamento que aqui serve de cenário. O deputado chamava-se José Sócrates Pinto de Sousa e o primeiro-ministro Pedro Santana Lopes. (...)»
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