a política na vertente de cartaz de campanha

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O estado

O estado, só por si, não existe. Sem as pessoas que num determinado momento o controlam, o estado não tem existência. Num mundo ideal, essas pessoas servi-lo-iam mas a realidade (recente e de longa data) mostra que as pessoas dele se servem para os seus projectos de poder e de riqueza. Por esta razão, todas as implementações do socialismo teórico acabaram por falhar.

É como a Lei de Murphy, se existe a possibilidade de alguém fazer porcaria, alguém a fará. Logo, pragmaticamente, quanto menos estado menos porcarias serão feitas. Vejamos o caso do BPN. Se o estado não tivesse o controlo que tem no sector bancário, nunca teria nacionalizado este buraco. Vejamos o caso Qimonda. Se o estado se abstivesse do papel intervencionista na economia não tínhamos estoirado tanto dinheiro em subsídios.

Na minha actividade profissional sinto o estado diariamente e raramente é no sentido positivo. É mais porque concorremos a um projecto mas o caderno de encargos estava feito para outro ganhar. É porque em vez de um concurso houve um ajuste directo. É porque nos esforçamos para ser competitivos mas o estado decide dar a outro certo negócio chorudo.

Sob o pretexto de distribuir a riqueza por todos, o estado encarrega-se de primeiro a recolher. Mas é chegado o momento dessa distribuição que as coisas entram no campo do interesse pessoal. Os políticos têm interesse em ganhar eleições. As empresas têm interesse em ganhar negócios do estado. As empresas estão dispostas a dar dinheiro a quem lhes dê negócios. Os políticos estão dispostos a aceitar dinheiro para ganhar eleições. Portanto a distribuição da riqueza acaba por ser uma falácia onde o dinheiro segue trilhos diferentes do pressuposto inicial.

Na defesa do suposto bem comum, o grupo de pessoas que toma conta do estado têm um poder desmesurado. Poderão ser sensatas e usá-lo bem mas também o poderão usar em seu próprio benefício. A marca mais forte do governo Sócrates foi aumentar o poder do estado. Mais subsídios (controle da economia), mais nomeações (todos os novos cargos de director das escolas, o que politiza a educação), mais entidades reguladoras (com cargos de nomeação), mais entrega directa de negócios (projectos PIN, ajustes directos) e recusa em que se vote um tratado que nos afectará (Tratado de Lisboa). Ao aumentar o poder do estado, Sócrates é agora um homem mais poderoso. Somos nós mais livres?

A melhor forma de as pessoas individualmente se protegerem do livre arbítrio do estado é pela escolha de soluções que signifiquem menos estado. Menos estado acabará por tornar as pessoas mais independentes (têm que resolver os seus problemas, em vez de esperar que um estado-papá o faça), mais responsáveis (os seus erros não poderão ser descartados para "eles"), e mais livres (não estarão dependentes de um estado que controla todas as suas actividades).

Pense nisto quando for votar.