a política na vertente de cartaz de campanha

Buzz this

TGV e manipulações

No passado sábado 20 de Junho, o Expresso publicou um texto de opinião de Nicolau Santos do qual fazia parte este gráfico:


Fig.1: linhas TGV - mapa errado

Este gráfico tem erros óbvios, dos quais Barcelona aparecer duas vezes no mapa é o menor. Com efeito, apresenta como linhas de TGV algo que o não é, criando uma falsa imagem de estarmos fora de algo. Ontem, Nicolau Santos veio compor o erro, apresentando um gráfico que é «semelhante» ao anterior, apesar de nesse se confundir TGV com «ligações que serão feitas a velocidades muito diferentes»:


Fig.2: linhas TGV - mapa corrigido mas incompleto

Há uma semana, Nicolau Santos escrevia «olhe-se para o mapa acima [fig. 1]. Somos muito periféricos. Queremos ficar ainda mais? E quantos fundos comunitários vamos perder?» Ontem, a frase de fecho do artigo já era «Como é óbvio, a pergunta que fica é: não podemos integrar a rede sem construirmos imensas linhas de TGV, sobretudo se passarmos a ter todas as nossas linhas em bitola europeia?» Ao que parece o risco de ficarmos periféricos já pode ser ultrapassado «sem construirmos imensas linhas de TGV».

Como vemos na figura seguinte, o panorama europeu não é uma hegemonia de TGV:


Fig.3: panorama ferroviário na Europa

Bem pelo contrário, existe uma multiplicidade sistemas. Apesar da excitação que um brinquedo novo trás, parece-me que a atitude mais racional é aproveitar ao máximo todos os investimentos que já se fizeram. E não foram poucos.

Mas nestas movimentações todas, a parte mais preocupante é o ponto a que chegámos de não se poder confiar na informação que vem a público. Até onde vai a manipulação? Precisamos assim tanto do TGV? Se sim, como é que outros países bem melhor do que nós e igualmente "periféricos" (que raio de argumento!) se tem safado?


3 comments :

  1. António de Almeida disse...
     

    Engraçado é a Espanha estar mais apressada em construir a linha para Lisboa, do que ligar Barcelona a Marselha. Como os compreendo, sempre foram proteccionistas, querem acima de tudo aceder ao Atlântico, e unir a Ibéria a partir de Madrid, o sol de onde partem todas as ligações...

  2. JMD disse...
     

    Caro Orlando, não tenho mais do que concordar consigo. Tenho a certeza que seria mais rentável para Portugal (na lógica custo/beneficio) ajustar a bitola europeia e/ou criar linhas de alta velocidade que permitissem transportar cargas. Contudo, considero que o problema fundamental na discussão sobre o TGV é os estudos realizados não serem tornados públicos, o que não permite ao cidadão comum ter uma opinião formada sobre este tema, e assim perceber as decisões do governo e oposição. Nada acerca deste tema é transparente.

    Face ao exposto, proponho não opinar e passar trabalho adicional

    JMD

  3. Charlie disse...
     

    Doze anos depois, eis os milhares de milhões que temos perdido.
    Merkel já em desespero com a teimosia pacóvia de Passos Coelho, estava disposta a financiar o TGV a 95%.
    Passos Coelho, dando a imagem do triste incompetente que sempre foi, disse que estava enterrado para sempre...
    Agora, para que Sines cumpra a sua missão com eficácia, para que Auto Europa tenha condições de competitividade e as nossas exportações tenham um meio rápido de transporte, e numa Europa toda ligada por TGV, vamos ter de o fazer.
    Muito mais caro, sem as benesses e apoios de Merkel e à pressa.
    De perdas de muitos milhares de milhões falamos com as receitas que perdemos com as privatizações.
    Entrou dinheiro, uma só vez, mas as receitas que as empresas davam vão agora para o estrangeiro.
    E por fim os erros. No fim do texto, onde fala em "trás" deve escrever "traz" do verbo trazer.

Enviar um comentário