VPV: Foi o PSD que nos condenou, e nos condena, a Sócrates
Vasco Pulido Valente - 19-02-2010
Não há hoje jornal que não peça a demissão de Sócrates. Num editorial, num artigo, numa entrevista, em qualquer parte: mas pede sempre (como, de resto, confesso que também pedi). As razões são a obrigatória (e muito fácil) consequência do "escândalo" A, B ou C, em que alegadamente Sócrates se envolveu. Parece que a política degenerou num caso de polícia. Mas sobre o principal responsável pela situação do país, nem uma palavra. Falo, como é óbvio, do PSD. O apodrecimento do PSD, desde que o dr. Cavaco o abandonou por conveniência pessoal ou simplesmente por orgulho, não comove ninguém. A história de quase 15 anos em que o PSD se foi pouco a pouco desfazendo não deixou vestígio na memória dos portugueses. E a gente que o dirige, ou dirigiu, se a palavra se aplica, continua por aí a pontificar, como se tivesse o mais vago direito de abrir a boca.
É bom lembrar o que sucedeu desde que se abriu a sucessão do dr. Cavaco, que ele nem vagamente preparara e sobre a qual (com a cómoda desculpa de um falsíssimo dever de neutralidade) exibiu um absoluto desinteresse. Veio por uns meses Fernando Nogueira, que não aguentou a hostilidade do partido. A seguir a Nogueira, desceu à terra, por intervenção do Altíssimo, o inefável Marcelo, que, sendo o que é, conseguiu levar as coisas com alguma inteligência e algum propósito, até (com toda a sensatez) propor uma aliança com o CDS. Aí, correram com ele. E logicamente o PSD elegeu Barroso para governar com o CDS. Mas Barroso, que nunca vira grande futuro naquele mesquinho emprego, emigrou para Bruxelas, deixando para trás Santana Lopes.
Não vale a pena insistir nesse homem fatal, a quem devemos Sócrates. Marques Mendes tentou ainda devolver ao partido um módico de equilíbrio. Não conseguiu. Da intriga que zumbia à volta dele, irrompeu de Gaia o famigerado representante das "bases", Luís Filipe Menezes, que tornou a confusão num modo de vida e que se meteu outra vez na sua toca, sem se perceber porquê. Manuela Ferreira Leite, que já era o recurso do desespero, não podia, em menos de um ano, convencer os portugueses que o PSD mudara. E, como é sabido, não convenceu. Nem o PSD, a julgar pelas candidaturas de Aguiar-Branco, Rangel e Passos Coelho, de facto, mudou. Quem se quiser queixar não se queixe de Sócrates. Foi o PSD que nos condenou, e nos condena, a Sócrates. É ele o culpado.
PS e PSD são duas faces da mesma moeda. VPV sé debita merda como é costume.
O VPV tem dias. Umas vezes a bombordo outras a estibordo.
(Para que conste eu gosto de o ler e tenho alguns livros escritos por ele.)