Infames gasolineiras?
Volta e meio recebo um apelo ao boicote às gasolineiras. No calor dos preços, em 2008, eu próprio já participei em iniciativas destas. Entretanto concluí que estas iniciativas são muito giras mas inúteis. É que o grosso do preço dos combustíveis (60% a 70%) são impostos. Dei-me ao trabalho de estudar a coisa e acontece que, no geral, os preços dos combustíveis, vistos numa escala alargada, seguem o mercado. Há períodos em que os combustíveis estão em média mais altos do que o esperado e outros em média mais baixos do que o seria de esperar se se seguisse o mercado. Pois dei-me ao trabalho de ver se estes períodos se anulavam ou se, como pensamos, os períodos de alta fazem com que as gasolineiras tenham mais lucro do que o esperado com as subidas e descidas. Pois foi uma surpresa para mim. O saldo é quase nulo mas ligeiramente negativo para as gasolineiras. O estudo está aqui:
http://fliscorno.blogspot.com/search/label/análise brent
Agora, poderemos perguntar, se assim é porque é que o governo deixa passar a ideia oposta, de que as gasolineiras poderão estar a cobrar mais do que o devido? Esta ideia tem sido passada de forma implícita pela forma de actuação do governo. Com os painéis de preços nas auto-estradas (para as gasolineiras não "abusarem"), com sucessivos estudos das autoridades competentes, com diversas declarações dos políticos responsáveis pelas pastas e até com a famosa Taxa Robin que, ao que sei, deu em nada. Ora, acontece que o governo tem todo o interesse em manter as atenções viradas para essas "sacanas" gasolineiras em vez de os eleitores se exaltarem por a carga fiscal sobre os impostos ser o que é.
Portanto, em vez de perdermos tempo com estas mobilizações de massa contra as "infames" gasolineiras (nas quais participei, como já referi), devíamos mesmo era fazer barulho contra os impostos que o governo nos leva nos combustíveis. É que em vez de 5 cêntimos que poderíamos levar das gasolineiras, em causa estão 60 a 80 cêntimos de impostos. Bem diferente.
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