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No país das leis

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Comprova-se que não importa o governante, quando neste país há um problema há uma lei que é feita para o resolver.

Obviamente que ninguém faz o balança das anteriores leis que deviam ter resolvido estes problemas (não resolveram, a evidência é pública) nem alguma vez se fará o balanço desta verborreia legislativa quando os mesmos problemas se voltarem a manifestarem (e alguém vier resolver o problema com uma nova lei).

Claro que estamos perante um caso de comunicação, como agora é moda os governantes dizerem quando os eleitores não vão no seu paleio. O que importa é transmitir a mensagem «algo está a ser feito», mesmo quando esse «algo» de pouco serve.

Para não ficar unicamente pelas considerações vagas, nesta coisa da violência nas escolas (creio que é tempo de se chamar as coisas pelo nome e esquecer o neologismo-eufemístico "bullying"), na minha opinião o problema resolve-se com mais funcionários a tomar conta dos miúdos. Sim, tomar conta, estarem nos pavilhões e nos corredores. Quando fiz o liceu, nos anos 80, havia um funcionário por corredor. E agora? Um funcionário por pavilhão e, frequentemente, um funcionário por cada dois pavilhões. Os miúdos estão entregues a eles próprios nas escolas e o resultado está à vista. Certamente que serão necessários outros técnicos para além destes funcionários. Mas convenhamos, de nada servem psicólogos e tal se o básico – a segurança – não estiver garantido.

Quanto a dinheiro para pagar isto, é simples. Abdique-se de uma auto-estrada e dê-se serviço cívico a quem esteja no subsídio de desemprego. A primeira opção mais do que se justifica, pois já somos dos países europeus com maior índice de auto-estradas. A segunda opção também é pacífica pois não vejo porque é que quem beneficia do apoio do Estado não há-de em troca prestar um serviço público à comunidade (atendendo ao facto da situação de desemprego precisar de tempo para procurar emprego, este serviço cívico nunca poderia ser a tempo inteiro).

Agora, sinceramente, mais umas leis? Alguém acha que os miúdos ou os respectivos pais moderarão a sua agressividade com receio de leis mais gravosas? Logo neste país de justiça demissionária.

Nota 1: No caso em apreço acresce ainda o voltar a trás, que já há muito devia ter ocorrido, não fosse a cegueira de ter razão pela força.

Nota 2: O CDS anda a propagandear uma ideia populista de se tirarem os apoios sociais aos miúdos que pratiquem violência na escola. A não ser que o CDS tenha alguns dados que nós não conhecemos e que lhe digam que o grosso da violência escolar provêm de famílias carenciadas (e logo com apoios sociais), temos que concluir que o CDS é mais um a querer saltar para o saco da resolução (mascarar é um verbo mais apropriado) de problemas pela via legislativa.