a política na vertente de cartaz de campanha

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Por este andar vamos-nos ver gregos

Auto-estrada de 1429 milhões avança«A subconcessão do Pinhal Interior é o maior empreendimento rodoviário cuja execução foi entregue à Estradas de Portugal, tanto em termos de investimento (1429 milhões de euros) como de extensão (567 quilómetros). O valor do contrato de construção é de 958 milhões de euros, tendo a Estradas de Portugal conseguido obter o financiamento máximo possível na candidatura que apresentou ao Banco Europeu de Investimentos. O acordo foi celebrado com o então vice-presidente do BEI, Carlos Costa, indicado como futuro governador do Banco do Portugal.» No Público

A 19 de Março de 2010 escrevi:

Coisas que os noticiários de horário nobre não dizem

No Rádio Clube há um programa deveras interessante, que é o Quarteto de Cordas, emitido aos sábados, das 12h às 13h e que conta com Vítor Moura, Inês Serra Lopes, Ricardo Jorge Pinto e um convidado diferente todas as semanas.

No programa de 06-03-10 (*) houve alguns momentos a reter:

- Estradas de Portugal: passivo de 15 mil milhões de euros, ou seja 10% do PIB (publicado no site do sector empresarial do Estado, na direcção geral do orçamento). Quando 10% do PIB não é contabilizado nas contas do Estado, podem-se com segurança afirmar que os números do défice, tão cientificamente apurados por Vítor Constâncio em 2005, não passam de propaganda.

- O governo quer vender as Estradas de Portugal. Os gregos também venderam a empresa de estradas e auto-estradas, numa operação financeira para esconder parte do défice. Veja-se onde chegaram os gregos e o que cá quer fazer aquele que diz já ter baixado o défice uma vez e que sabe como o voltar a fazer para que se antecipe o que aí vem.

Estas notícias parecem não fazer as honras dos noticiários de horário nobre. Enfim, cenas com rolhas e arrufos de candidatos deve ser notícia que vende melhor.

(*) abre com o Windows Media Player, por exemplo. Alternativamente, o programa pode ser ouvido no browser aqui.

Temos uma empresa pública, que vive do Orçamento de Estado, com um passivo que corresponde a 10% do PIB (apesar de não agravar o défice oficial das contas porque este passivo está escondido sob a capa de empresa pública). Simultaneamente, a mesma empresa lança-se na «maior e a mais cara» concessão de todo o seu pacote rodoviário, para isso indo financiar-se ao estrangeiro.

Portanto, aumentamos a nossa dependência financeira relativamente ao exterior. Depois há quem diga por aí que estamos a ser sujeitos a ataques especulativos. Primeiro metem-se a jeito, depois queixam-se. Começo a acreditar que nos iremos ver gregos.