a política na vertente de cartaz de campanha

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The Portuguese way

«As leis nossas de cada dia, agora sem sal

Nos países ocidentais é, pelos vistos, uma novidade: Portugal tem, a partir de hoje, uma lei que estabelece valores máximos para o teor de sal no pão e quem violar tais limites arrisca-se a pagar uma multa que pode chegar a 5 mil euros. Países como a Inglaterra ou a Finlândia conseguiram bons resultados apenas com campanhas, sem nenhuma lei, mas Portugal, que tem por hábito inventar leis para tudo, aprovou mais esta. Os motivos são nobres, não se duvida, até porque estudos já com alguns anos detectaram no pão teores elevados de sal, à época (2006) quase o dobro dos encontrados em pães ingleses e suíços. E Portugal tem ainda altas taxas de ingestão de sal (11,9 gramas/dia, contra o máximo de 5 gramas/dia indicadas pela Organização Mundial de Saúde). Os panificadores garantem que já houve uma evolução no fabrico e que a maior parte do pão tem teores de sal abaixo dos legalmente impostos. Mas, porque a lei manda (o seu papel será sobretudo intimidar), vamos ter a ASAE a recolher e testar pães, em mais uma cruzada alimentar que o Estado entendeu empreender pela nossa saúde. Antes, na gíria popular chamava-se "pãozinho sem sal" a algo sem graça. Agora, passa a ser algo sem multa. Os portugueses, esses, é que continuam a legislar para viver. E até para comer.» Editorial do Público, hoje.

 

The Portuguese way: para quê simplificar quando se pode fazer uma nova lei?