O estado do Estado
O Diário de Notícias, frequentemente referido em tom zombeteiro por "Diário do Governo", está a publicar uma sequência de artigos sobre o Estado português. A leitura destes textos resulta num misto de masoquismo e de fingida incredulidade, esta derivada da pergunta sobre porque raio se passou a última campanha eleitoral legislativa a discutir o casamento gay e as obras públicas em vez disto.
Ouvir os diferentes discursos políticos, seja da oposição, seja do governo, sobre a necessidade de apertar o cinto e saber que o Estado gastou em pareces nos últimos sete anos um valor equivalente a cinco vezes os estádios do Euro 2004 conduz a mais uma exclamação. E a perceber Laurentino Dias quando, ainda há semanas, garantia o Estado gastaria uma ninharia se fosse organizar um dos próximos mundiais de futebol. Era uma questão de relatividade, claro.
Constatar que cobrar impostos é a actividade que mais orçamento consome não deixa de ser sinal de um Estado autofágico e que existe para existir. Os diabolizados professores estão integrados no ministério que apenas ocupa o quarto lugar no ranking das despesas. O líder é o ministério das finanças, segue-se o da saúde e depois o do trabalho.
Outra constatação estampada nos olhos de todos são os gastos em publicidade. 2 milhões de euros é quanto se prevê gastar em 2011, o mais alto valor dos últimos 7 anos e isto em época de crise. São tantos os exemplos! Horas extraordinárias, seminários, combustíveis, comunicações, deslocações e estadas, limpeza e higiene. Tudo com valores previstos para 2011 a bater recordes face aos últimos 7 anos.
Agora temos mais uma campanha eleitoral a decorrer. É certo que este é um assunto que lhe é paralelo mas também não o é o esterco que se discute à volta do BPN? E neste nem sequer ao âmago da questão se vai.
Vale a pena seguir esta série de artigos do "Diário do Governo", agora mais próximo de Diário de Notícias. Ventos de mudança. Deve ser deste rigoroso Inverno.
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