a política na vertente de cartaz de campanha

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O peso excessivo dos sectores da Educação e da Saúde

A Comissão de Revisão do Sistema de Carreiras e Remunerações dos funcionários da administração pública cessou funções. A explicação adiantada revela-nos que isso deve à inexistência de resultados depois de há muito ter expirado o prazo para os apresentar.

Apraz-me que assim seja. Assumidamente numa atitude naïfe, acredito que este deveria ser o comportamento padrão. Que a incompetência seja causa suficiente para uma demissão; que desonestidade será sempre punida; que o altruísmo conduz as intenções.

Bom, já me chega o quase sempre. Ou o por vezes. Ok, ok, basta-me uma vez que seja.

A realidade é bem outra e na verdade a minha memória não alberga registo de outra altura em que uma comissão tenha sido demitida por não ter apresentado resultados. Daí que, imediatamente, me assaltam essas ideias conspiratórias de que foi outra a motivação que levou a demitir esta comissão. Ocorrem-me desde logo duas: a comissão tinha resultados mas não coincidentes com as intenções do governo; ou então houve descuido e as conclusões saltaram para a comunicação social, deixando o governo numa posição frágil. Atendendo a que a forma de fazer política nos últimos anos tem passado por usar os megafones jornalísticos para testar, pela reacção popular, eventuais políticas a adoptar, inclino-me para a segunda hipótese.

Seja como for, o facto é que o secretário de Estado da Administração Pública, João Figueiredo, veio a público falar do peso excessivo dos sectores da Educação e da Saúde e, depois, veio a saber-se que o tal relatório que não existe - porque se existisse haveria resultados a apresentar e a comissão não teria sido demitida - dizia eu, esse tal relatório que não existe mas a que o PÚBLICO teve acesso "concretiza a medida, apontando os dois principais alvos: o pessoal administrativo e os auxiliares de acção médica e educativos".

Portanto, é garantido em absoluto que as intenções governamentais são as de reduzir os quadros de menores qualificações na saúde e na educação. Ou seja, aqueles que acedem ao cargo por concurso e que, com alguma probabilidade, são mesmo necessários. Mas por uma vez seria interessante ver a casa ser arrumada dando o exemplo. Que se comece pelos gabinetes ministeriais, secretarias de estado, secretarias regionais, INGAs e afins, institutos, governos civis e tanto, tanto lugar que em nada contribui para o progresso do país. Logo se verá se (ainda) é necessário bater mais na educação e na saúde! E se o for, que a seguir se passe para os governos regionais, câmaras municipais, fundações, empresas municipais e ________________ (complete a frase usando uma das várias possibilidades)...

Por uma vez, mesmo que excepcionalmente, que os governantes dêem o exemplo.


2 comments :

  1. Anónimo disse...
     

    É, as boas atitudes fazem-nos desconfiar... Diz aqui muita coisa certa e não me deixa muito a acrescentar. Isto, sim, é bom jornalismo. Não é curioso que se corte logo em áreas essenciais para o desenvolvimento de um país e dos seus cidadãos? Um colega escreveu um texto bem a propósito disto em http://memoriaspraeskecer.blogspot.com e deixa-nos a pensar... tal como o senhor.

  2. Anónimo disse...
     

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