Portugal vale a pena
De alguma forma, este texto patriótico faz-me lembrar as omnipresentes, mas bem idas, glórias dos descobrimentos.
No outro dia, no "Contraditório" da Antena 1, comentaram que é muito mais fácil criticar (deviam com isso querer dizer apontar o lado negativo) do que elogiar. É verdade e eu, olhando para os meus textos, admito que constituem desabafos de insatisfação. Desde então que estou, sinceramente, a fazer um esforço para encontrar o lado positivo da actual governação (semelhante exercício seria igualmente válido para qualquer um dos anteriores governos). Mas sendo uma pessoa limitada como o sou, deparo-me com muitas dificuldades. E uma das maiores de todas elas resulta desta obstinação de se pretender levar a cabo medidas sem admitir o verdadeiro objectivo. Em vez disso, apregoa-se a medida como uma melhoria para os envolvidos quando salta à vista ser conversa fiada.
Para não me cingir a generalidades, aqui vai um exemplo concreto. As maternidades foram fechadas para que se prestasse um melhor serviço aos utentes, se acreditarmos na propaganda oficial. Mas todos vemos que a razão do fecho reside nas questões financeiras associadas. Na minha ingenuidade, creio que seria preferível assumir as verdadeiras motivações em vez de se tentar fazer da população um amontoado de tolos.
O texto de Nicolau Santos tem, quanto a mim, a beleza da poesia, especialmente na sua capacidade de construção duma realidade muito própria, composta por imagens idílicas do ser amado. Mas ignora esse país em que ganham eleições pessoas de reputação duvidosa; em que ao fim 12 anos de tribunal, o processo que envolve uma central sindical volta à estaca zero; em que as regras dos exames de acesso à universidade se alteram durante o decorrer dos mesmos; em que privatizações transformam monopólios estatais em monopólios privados; em que a construção selvagem destruiu qualquer possibilidade de termos um país geograficamente estruturado, em particular pela criação do caos urbanístico que é o nosso litoral; ...
Estarei a sofrer dum ataque de pessimismo? Ou a crua realidade ensombra-me eventuais réstias de sucessos? Não sei, mas procuro, como disse, sinais positivos.
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