A greve da CGTP
- Pelo Emprego com direitos, contra o desemprego e a precariedade no trabalho;
- Pela melhoria dos salários, defesa da contratação colectiva, mais justiça na distribuição da riqueza;
- Contra a flexisegurança, que mais não visa do que despedir sem justa causa e desregulamentar as relações do trabalho;
- Defender os serviços públicos e funções sociais do Estado;
- Pelo Serviço Nacional de Saúde, Escola Pública, Segurança Social Universal e Solidária.
Depois há o paleio gasto das centrais sindicais, seja a do braço direito do PS e PSD - a UGT - seja o braço esquerdo do PCP, a CGTP. (Sobre a primeira acresce ainda a inacreditável história do processo arquivado das fraudes da formação profissional, que certamente teve esse desfecho graças à sua condição de braço direito.) Ou as greves promovidas são de absoluta ineficácia ou algo está errado, pois desde que tenho consciência política que as ouço. Nunca vi uma greve ser convocada por alguma empresa ou serviço não estar a produzir/prestar serviços com a qualidade que os seus clientes/utentes esperam. Pois para mim seria de esperar que a principal preocupação dum sindicato fosse o sucesso das empresas/serviços onde actuassem, como condição para depois exigir que esses lucros fossem investidos na robustez dessa empresa/serviço, seja pelo investimento na investigação, seja pelo aumento da satisfação dos seus colaboradores - a melhor forma, sem dúvida, de aumentar a sua produtividade. Olhando para o sector dos transportes públicos, tão queridos às centrais sindicais, com certeza pelo transtorno que causam e que facilmente se pode confundir com descontentamento solidário à greve, alguma vez uma greve foi convocada nos termos que se seguem?
- Estamos em greve porque há transportes insuficientes na hora de ponta;
- porque os autocarros não têm corredores exclusivos que lhes permitam assegurar a pontualidade;
- porque a política de transportes tem sido a do investimento no transporte individual em vez de no transporte colectivo como a solução mais confortável, mais rápida e mais económica.
Deixo esta questão: é a greve um direito de todos ou o privilégio de alguns?
Alguns textos que li por aí:
http://educar.wordpress.com/2007/05/06/e-agora-para-uma-boa-discussao/
http://arrastao.weblog.com.pt/arquivo/2007/05/sete_razoes_para_fazer_greve
http://filhodo25deabril.blogspot.com/2007/04/1099-greve-geral-2.html
http://acausafoimodificada.blogspot.com/2007/05/no-posso-aderir-greve-geral-porque.html
http://pimentanegra.blogspot.com/2007/05/greve-geral-de-30-de-maio-diz-respeito.html
http://sobreviver.wordpress.com/2007/05/06/a-greve-geral-e-a-contra-informacao/
http://abafosedesabafos.blogspot.com/2004/05/conhecem-aquela-experincia-da-r.html
É um direito de todos, mas o poder de mando não deveria ser reservado a um grupo restrito que, na prática, nunca faz efectivamente greve.
Como Carvalho da Silva admitiu na entrevista ao Expresso quando declarou que só fez greve uma vez e antes do 25 de Abril.
O estatuto de sindicalista de topo, por vezes enevoa a visão.
Um democracia activa e saudavel tem muitos intervenientes e nao se esgota nos plesbicitos.
Se e' aceite que empresarios, lideres da industria e suas associacoes tenham espaco publico, financiem partidos, promovam conferencias para discutir politica com os governos, porque dispensar a intervencao publica dos sindicatos? Os sindicatos representam os seus associados (tem eleicoes) e com excepcao do Benfica (e o INATEL?) a CGTP e' certamente a organizacao com mais membros em Portugal.
A blogosfera agarrou o tema de greve como absoluto fracasso, e a justificacao que faltou direccao no protesto. A mim nao me atraia a analise catastrofista. Somam-se dificuldades para quem vive do trabalho em Portugal e o governo e o patronato parecem querer alienar os sindicatos da sua solucao. E' esse sentido de abandono que atravessa a intencao desta greve. E' lamentavel que isso se tenha perdido para se fazer scorekeeping politico.
Paulo: a pergunta não era inocente, pois acho que é um direito de todos. Mas também todos temos o direito à felicidade mas só alguns a alcançam... Sinceramente, considero que o direito à greve, apesar de ser a única forma de pressão junto do patronato, apenas pode ser exercido em condições reais por alguns. Até aqui, era feudo dos transportes, função pública e algumas empresas privadas do foro da indústria pesada. Agora a situação tem vindo a inverter-se, com as ameaças das más avaliações dos funcionários públicos e consequente ida para os supra-numerários - o corredor do despedimento; nos transportes, cada vez mais há contratos a termo e quem faz greve, já sabe...; a indústria, bem essa nem precisa de greve: simplesmente vai para a China ou arredores.
Os tempos são outros e os discursos, realidades e modos de encarar o mundo também o terão que ser. Só os sindicatos não o perceberam.
a.cabral: parcialmente, o meu comentário anterior também se aplica ao seu texto. Acrescento que concordo que uma democracia não se esgota nas eleições mas estas são inevitáveis.
Contrariamente ao que afirma, não dispenso a intervenção pública dos sindicatos. Discordo, isso sim, das suas linhas de argumentação.
Esta greve não passou duma manobra política. Os interesses dos trabalhadores foram secundários, disso dificilmente me convencerão. Mas não será impossível! Deixo esta questão: como se chegou à decisão de fazer esta greve? Partiu duma orientação directiva ou duma reivindicação dos associados da CGTP?
É mais fácil dormir, não é..
Se andassem junto aos trabalhadores, se sentissem os problemas actuais, em vez de estarem fechados na sua redoma, à espera de chegar o dia para receber os prémios por meninos bem comportados, estes que só vêm o seu umbigo e nada mais, que só se lembram que existem outros quando precisam deles, pois, pois...
Se sentissem como é difícil a vida dos trabalhadores precários, entre outros, que têm contratos mensais, ou seja não sabem se para o próximo mês estão a trabalhar.... e para continuarem com o mínimo para comer têm que se sujeitar a tudo, sem "bufar".
Não existe falta de trabalho, existe é exploração, em que está um trabalhador a fazer o trabalho de três ou quatro, e é se quer, se não vem outro...
Isto o que é ?? e cada vez existem mais casos destes e com o "ámen" do governo e assembleia da república.
As leis existem, mesmos com as machadadas que têm levado, não existe é a inspecção, e porque será? a quem é que dá jeito?
Isto não é nada ao pé do que anda a engrossar os bolsos do capital.
Voltamos à escravidão, mas agora ainda mais barata, pois não é preciso ter instalações para os escravos pernoitarem...
Já agora e o Bloco de Esquerda de que lado está?
Olá formiga.
"Voltamos à escravidão, mas agora ainda mais barata, pois não é preciso ter instalações para os escravos pernoitarem..."
Interessante pensamento. Acrescentaria que também não é preciso dar-lhes de comer. A "escravidão" é diversa, não se resumindo às questões laborais. Abrange também a bitola com que medimos a felicidade e a realização pessoal, campo onde o maketing, publicidade e propaganda são as armas da padronização do indivíduo. Trabalhar uma vida para ter uma casa e um carro.
Sobre o que pensa o BE, creio que será melhor perguntar-lhes. Não fosse o facto de deles saírem os governos que determinam quanto terei que pagar pela existência do Estado, pouco me importariam os partidos.