a política na vertente de cartaz de campanha

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Para que servem provas de aferição que não avaliam os alunos?

Hoje o meu chefe disse-me:
- Olha pá, ali o departamento de relações públicas precisa de ter umas luzes de Excel, por isso vais dar-lhes formação. Os tipos são um bocado desordeiros e estão-se nas tintas para a informática, pelo que terás que os motivar e manter na linha. Mas como isto é só para calar director do departamento, que por vezes tem estas ideias peregrinas, basta que eles tenham aprovação no final; eles não precisam mesmo de aprender, não compliques! E parece que andam bem ocupados nesta altura do ano, portanto tolera umas faltitas que venham a dar.

- Quer dizer, disse eu, que então é para passar uns PPS e contar umas piadas...

- Oh pá, tu é que vais dar a formação, isso é contigo. Mas no final do módulo farás uma prova de aferição, para percebermos se és bom formador.

Grande pincelada! Aqueles baldas não têm que estudar uma linha para a prova mas os seus resultados servirão para me avaliar. Vou é dar Muito Bom a todos!


3 comments :

  1. Joaquim Moedas Duarte disse...
     

    Exactamente! O que se passa no ensino é isso.
    Pede-se às escolas que adaptem o ensino a TODOS e a CADA UM (termos contraditórios!); que façam "currículos alternativos"; "condições especiais de avaliação"; "projectos curriculares", etc... E depois metem-se TODOS e CADA UM dos alunos em salas artificialmente depuradas ( literalmente!), dá-se-lhes uma prova nacional com um ritual rigorosíssima e ridiculamente uniforme, imposto por Lisboa; os alunos sabem que aquilo não aquece nem arrefece o seu aproveitamento; e "vamos lá ver os resultados para aferir a qualidade do nosso ensino"!
    Revoltante! Ridículo!
    E os professores, anestesiados e intimidados por uma política educativa que os transformou em bode expiatório de um Ministério gigantesco e ineficaz?
    Os professores, divididos em vinte e tal sindicatos, protestam nas salas de professores e nos blogues mas aceitam tudo. E vão descarregando no calendário os dias que faltam até ao final do ano lectivo. Como os presos nas penitenciárias!

  2. Joaquim Moedas Duarte disse...
     

    Lá vi a transcriçãozinha do Público.
    De rir!
    Lá vai o tempo em que lia o dito jornal para me sentir informado. Agora sinto-me enjoado nas poucas vezes em que o leio...
    A si, autor do Fliscorno, agradeço a probidade do comentário.
    Vou passando por aqui, vale a pena, mesmo que não deixe comentários.

  3. Fliscorno disse...
     

    JMD: jornalismo copy/paste no seu melhor :) Gostei de ler o seu comentário e é bem pertinente. Vai na linha da minha percepção, como espectador do sistema de ensino.
    Abraço.

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