a política na vertente de cartaz de campanha

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Novas oportunidades

Recebi na caixa de correio um envelope fechado que tinha escrito no exterior "O distrito de Lisboa está cheio de novas oportunidades para os seus filhos".

No interior vinha um panfleto sobre o programa novas oportunidades e o esclarecimento "agora os seus filhos podem fazer o secundário aprendendo uma profissão".

Depreendo que toda a população, pelo menos do distrito de Lisboa, terá recebido uma cartinha destas. Além disso, a campanha tem tido considerável projecção na rádio, televisão e imprensa.

Pelo que me ocorre: mas esta gente não tem mais onde gastar o nosso dinheiro? Ou é preciso passar a ideia de que se está a fazer algo mais do que moer a cabeça aos professores?

E já agora está de volta o ensino técnico-profissional tão prontamente terminado nas décadas de 80 e 90?


11 comments :

  1. Anónimo disse...
     

    Triste é quererem passar a ideia de que estão a fazer algo de especial, quando na realidade é para isso que foram eleitos. No meu conselho costumam enviar uma revista em papel caro a informar das obras que foram feitas. Pena que não mostrem aquelas que estão paradas e dos buracos no pavimento, que se arrastam infinitamente.
    Bom fim-de-semana.

  2. Maria Lisboa disse...
     

    Pita-cega, pela descrição devemos morar no mesmo concelho!

    Aqui não chegou o dito panfleto, o que é lógico... deve ter ficado ali pela "fronteira" da Lisboa cidade, é que, neste momento, não somos eleitores! ;)

    Aqui há uns anos, quando contestava, porque sempre contestei, o desaparecimento dos cursos técnico-profissionais, já que tendo sido deterministas, em determinada altura, por estarem manifestamente associados às posses e às expectativas de vida das pessoas, não os considerava deterministas no contexto geral da vida dos estudantes. Sempre achei que nem todos querem ser doutores e que têm todo o direito a outras escolhas e que foi isso que roubámos a uma série de alunos ao obrigar todos a querer sê-lo. Desta forma empurrámos imensa gente para fora das escolas sem qualquer habilitação. E quem a quis ter teve que pagar por isso e bem (o privado soube ver o negócio que estes cursos constituiam), antes de aparecerem os tais dinheiros do PRODEP, que quando apareceram "enricaram" muitos mas formaram poucos.

    Chamaram-me elitista e coisas similares, no entanto, não me parece que fosse eu a sê-lo. Pelo contrário, acho que quem defendia esta posição é que o era. O fosso cavado entre quem podia/queria e quem não podia/não queria nunca foi tão grande como durante todo este tempo.

    A defesa que eu fazia desses cursos tinha, no entanto uma condição: a possibilidade de, mesmo enveredando por outro caminho que não o dos cursos gerais do secundário, quem a determinada altura o quisesse, quem durante o percurso descobrisse o gosto pelo estudo, pudesse ter acesso a formação de curso superior/universitário. Os tais do "tempo da outra senhora", embora poucos o saibam, também permitiam essa saída e muitos foram os que fizeram os seus cursos universitários por essa via.

    Concordo com a possibilidade de as pessoas poderem adquirir novas competências, novos diplomas, de voltarem a estudar... não concordo com o que está a ser feito, atribuindo diplomas a "granel" em troca de meia dúzia de sessões para justificar, mais uma vez, verbas que nos são dadas para formação. Não... assim não vamos lá!!! As estatísticas crescem... duvido que as competências profissionais as acompanhem!

  3. Maria Lisboa disse...
     

    Nota:
    Viste estas notícias que comentei aqui (sobre dados, aposentações e video-vigilâncias):

    http://asinistraministra.blogspot.com/2007/06/o-big-brother-est-cada-vez-mais.html

    Está bonito, não está?

  4. Alien David Sousa disse...
     

    "E já agora está de volta o ensino técnico-profissional tão prontamente terminado nas décadas de 80 e 90?"

    Ah pois é! Não tens a sensação de que estamos a andar para trás?

    E não digo isto apenas pelo " REGRESSO" do ensino técnico-profissional.

    Saudações alienígenas

  5. Laurentina disse...
     

    Estes cabrões ...filhos de um grande comboio de putas estão a querer atirar-nos areia para os olhos!!!
    Terão muito que andar para chegar ao ensino tecnico da decada de 70...
    Aqui no Norte na minha zona tb se recebe um jornalzinho muito interessante feito em papel caríssimo com as obras dos xuxialistas da autarquia !!!

    bom domingo
    beijão

  6. Fliscorno disse...
     

    pita-cega: mas eles acham-se parte duma profissão nobre. Ou será antes a mais nobre? Não sei se será defeito meu mas esses auto-elogios soam-me a gabarolice!

    Apesar que.... se calhar a classe política até tem razão e exercem mesmo uma nobre actividade. Só que no sentido da nobreza feudal, reservando-nos o papel de contribuir para o seu sustento.

  7. Fliscorno disse...
     

    maria-lisboa: quando fiz o secundário, o senso comum, fruto da propaganda estatal de então, dizia que quem quisesse ir para a universidade, para ser doutor, faria os estudos no liceu. Os outros poderiam escolher a escola comercial, que lhes daria um diploma técnico e o vitalício rótulo de "burros", pois supostamente para essas escolas iria quem não tivesse capacidade para seguir os estudos.

    Foi com esta abordagem patética que se decidiu que toda a gente tinha que ser doutor ou engenheiro se quisesse ser alguém na vida. Os cursos técnicos terminaram e hoje, por exemplo, se alguém quiser reparar o seu automóvel terá que acreditar que o mecânico que lhe fará o serviço já tenha tido a sua cota parte de auto-aprendizagem de tentativa e erro.

    Assistimos à explosão da oferta de cursos superiores, nas privadas sobretudo. Cursos de papel e lápis, supostos passaportes para a riqueza e para o emprego sem trabalho. Dada a generosidade das privadas a dar notas altas aos seus alunos e sendo o acesso à função pública determinado em parte pela nota final de licenciatura, creio que de facto haverá quem tenha encontrado nesse ensino superior a porta para o tal emprego.

    Portanto, todo o ensino técnico foi extinto. Depois, com os computadores reapareceu com outros nomes. E agora, eis que se pega no que já é feito nas escolas secundárias, em que algum ensino técnico foi sendo reintroduzido, e se junta tudo num vistoso programa chamado de «Novas Oportunidades», impresso em papel couché porque o papel vulgar é incompatível com a excelência que impregna as actividades governativas.

  8. Fliscorno disse...
     

    maria lisboa: sendo os políticos também pagos pelo Orçamento de Estado, estarão eles igualmente abrangidos por estas medidas?

  9. Fliscorno disse...
     

    alien: este voltar ao passado deve ser como apenas um acto de sintonia com a moda e a sua corrente retro...

  10. Fliscorno disse...
     

    laurentina: ai que assim em vez duma ficha na DREN vais ter uma ala inteira para albergar o teu dossier (ou dossiê, como tarde e a más horas determinaram os burocratas da língua) :)

  11. Anónimo disse...
     

    ... andaram anos a tentar qualificar alguns professores sem habilitações, "oriundos" desses cursos. Malta com antiquíssimos 7ºs anos (ou menos) equiparados a licenciados, ou mesmo licenciados, para tapar buracos. Sim, porque se percebeu que era necessário ter professores com formação sólida. E daí, ESE's, mais isto e aquilo. E agora, basta ter 23 ou meons, escrever o nome, e até se recebe um computador. Com Vista e tudo. Bolas para isto.
    Esta zanga, é só contra eles, porque, há mais no mundo do que lixo (por enquanto).
    Raposa, desculpa o português. Sou sinistra, logo falo mal (tal como o Marcelo disse da MLR)
    abraço

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