a política na vertente de cartaz de campanha

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5. A sátira aos partidos: PS

ps soca

Depois da bandeira de partido da liberdade, com o seu indiscutível papel na consolidação da democracia no pós-revolução, o PS tem vindo a habituar-nos aos dissabores da desilusão.

A nacionalização da economia deu naquilo que se sabe, no levantamento de monopólios não competitivos, arrogantes na postura com os seus clientes e com produtos/serviços de baixa qualidade. Pois foi este mesmo PS que havia defendido e implementado as nacionalizações que, décadas depois, acabou por ser o grande cobrador de dividendos vindos das privatizações desses mesmos sectores, tornadas possíveis com a injecção de capital público - os nossos impostos - para tapar os respectivos buracos financeiros.

Ainda não encontrei uma explicação séria para o destino que foi dado a esta pipa de massa feita nas privatizações. Depois de 10 anos de Cavaquismo, o PS estava sequioso de tachos e a minha suspeita é que todo esse dinheiro acabou por ser gasto na duplicação dos quadros da função pública, espalhando os seus boys lado a lado com os do PSD que já lá estavam. De nada valeu Guterres proferir a célebre frase "no jobs for the boys", pois o aparelho partidário é que dominava o terreno.

Outros destinos possíveis para esse dinheiro das privatizações são o Rendimento Mínimo Garantido e as autoestradas em ALD, as SCUT. Mais subsídios. Dinheiro mal empregue, se aceitarmos a máxima "não lhes dês peixe, ensina-os a pescar".

Depois do pântano, da passagem do PSD pelo governo, que tratou de colocar mais dos seus boys na função pública (FP) e depois da vergonhosa fuga de Barroso para o seu tacho europeu, as contas do país estavam mal. Culpa dos todos os governos lá passaram, ou seja do PSD e do PS, que isto fique claro.

Quando chegou a vez de Sócrates, muitos acreditaram no seu programa e na honestidade das suas propostas e mesmo sabendo que mais um aperto aí viria, a promessa dum fim à vista angariou apoio. O meu inclusive. Mas mais do que antes, ficou claro que político não é pessoa de palavra e o prometido só valeu na campanha eleitoral.

O controlo das contas públicas não foi feito com a racionalização da FP e com a redução da despesa mas sim com um aumento massivo de impostos, contrariando as promessas eleitorais, com o congelamento da progressão nas carreiras da FP e redefinindo as próprias carreiras para que a médio prazo os salários constituam um menor encargo.

Contrariamente à propaganda do governo, a despesa pública não baixou (link). Era 42,033.6 milhões de euros em 2005 e passou para 43.967.2 milhões de euros em 2006. Em termos absolutos, a despesa pública aumentou. Só se for comparada com o PIB, como o fez Sócrates com esperteza, é que se pode afirmar que baixou. Mas isso só aconteceu porque o PIB cresceu mais do que a despesa.

Na verdade, as causas da despesa pública continuam presentes e consistem na desorganização do Estado, partido em incontáveis organismos, fundações, empresa públicas, delegações regionais, governos civis e regionais, parlamentos regionais, câmaras municipais, juntas de freguesia, ministérios, altas autoridades, etc., etc. Muitas vezes as competências destas entidades sobrepõem-se e o controlo das respectivas contas não é propriamente público. A título de exemplo, alguém consegue produzir uma tabela com os gastos por departamento de todas as câmaras municipais do país? Estas também são Estado...

Não fosse o azar da torneira dos fundos comunitários se ter começado a fechar no fim do Cavaquismo, não estaríamos agora a pagar os elevados impostos que pagamos. O Estado estava habituado a estoirar dinheiro, continuo-o a fazer com Guterres e seguintes e não parou de o fazer com Sócrates. Apenas teve que encontrar novas fontes de receitas e estas vieram dos impostos e da redução dos serviços prestados à população pelo Estado. Menos segurança social, menos saúde, menos educação, menos reforma, menos ...

Todas as classes profissionais foram afectadas por este bota a baixo, excepto a classe política. Esta é a única que não viu os seus privilégios diminuídos como em todas as outras. Aliás, ainda se queixam que ganham mal para a nobre actividade que desempenham, estando aí a razão da mediocridade dos seus políticos. Sinceramente, não sei que outra classe profissional tem dois meses de férias, reforma completa ao fim de 12 anos de serviço e acesso directo a apetitosos cargos simplesmente por estarem na política.

Nada distingue a actuação deste governo dos anteriores, desde os episódios das nomeações e exonerações à propaganda reformista. O PS pode já ter sido o estandarte da liberdade mas hoje não passa do pau da vergasta com que tenta controlar as vozes dissonantes. "Quem se mete com o PS, leva."


2 comments :

  1. Watchdog disse...
     

    Raposa,
    se ainda não leste e se tiveres tempo para o fazer, dá um salto até ao JUMENTO e lê o post sob o título: "Que liberdade de imprensa?"
    1 Abraço !

  2. Fliscorno disse...
     

    Fui lá ver e, mais uma vez, o raio do Jumento deu-lhe de quatro. Um texto interessante.

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