Formatação
Decorre desta incapacidade de adaptação a necessidade que as máquinas têm relativamente a formatos. Entradas, saídas, armazenamento, comunicação, inter-operacionalidade, compatibilidade, tudo tem que estar formatado segundo especificações previamente definidas, rígidas, parametrizadas, imutáveis. Doutra forma, o comportamento erróneo dominará a resposta obtida, inevitabilidade da rigidez padronizada.
Ora aqui está algo que distingue o Homem da máquina. Ou será que não? Temos nós esta capacidade de adaptação? Temos, biologicamente. Não tínhamos a capacidade de viver na Lua, mas estivemos lá; não nascemos a fumar mas até chegamos a apreciar o fumo do tabaco queimado; não fomos feitos para trabalhar e gastamos nisso quase um terço da nossa vida.
A vida tem esta força, a de se conseguir propagar mesmo quando os pressupostos se alteram para circunstâncias que nos são inesperadas. No entanto, são adaptações da máquina biológica, apenas. E o que se passa quanto a adaptações comportamentais, os nossos padrões de vida em sociedade? Aqui, a situação é notoriamente diferente. Desde que nascemos e ao longo da nossa vida, somos orientados para um padrão de comportamento, sendo-nos caros todos os desvios que a ele se faça. Como um disco rígido, massa cefálica dum computador onde as suas memórias são gravadas, somos formatados antes que possamos ser aceites entre pares. Sins e nãos, proibidos e permitidos, o que gostamos e o que não gostamos vão-nos sendo transmitidos por forma a evitar a resposta comportamental errónea.
As crianças passam tempo significativo a absorver as mensagens publicitárias, sejam directas, nos anúncios, sejam escondidas nos modelos comportamentais das séries infanto-juvenis. A formatação é sistemática, persistente, incontornável e pretende fazer preferir esta marca àquela, este produto a outro, esta atitude em detrimento de outra. Aos adultos é o processo de reformatação que mais se aplica, pois quem vende não acredita que burro velho não tem ensino.
A formatação publicitária pretende vender, transformando-nos em máquinas que compram ideias, produtos, convicções, opiniões, crenças. Entradas, saídas, armazenamento, comunicação, inter-operacionalidade, compatibilidade, tudo tem que estar formatado segundo especificações previamente definidas, rígidas, parametrizadas, imutáveis. Seremos assim tão diferentes duma máquina?
Raposa, conheces aquela:
"Foste um bom robot, hoje?"
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1 Abraço!
É um pouco isso às vezes...
Quando se convive com lixo só se apanham moscas.
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