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Da pirataria



Este vídeo execrável, patrocinado pelo Ministério da Cultura, tem aparecido em vários DVD que comprei, sendo das primeiras coisas mostradas ao inserir o disco no leitor, sem se ter hipótese de o saltar nem de avançar em fast forward.

Além disso, cada vez que um disco é inserido somos forçados a olhar para um texto sobre os direitos de autor antes do visionamento do produto comprado. Felizmente, não é possível aos editores de DVD controlar se o lemos, caso contrário aposto que o fariam.

Ora eu ao comprar um DVD sinto-me insultado pelo respectivo editor e, também, pelo Ministério da Cultura, por patrocinar propaganda como esta. É como se eu, que paguei o produto, fosse culpado pela existência da pirataria. Colocam-me no mesmo patamar dum violador da legalidade.

No contexto dum supermercado, por exemplo, esta atitude seria o equivalente a passar gravações tipo "roubar é crime" em vez de música misturada com o habitual brainwashing "aproveite a nossa promoção". Seria chamar ladrão a todos os clientes por um ou outro meter um chocolate ao bolso.

De cada vez que assim sou tratado sinto vontade de piratear o DVD para remover essas ameaças, podendo desfrutar tranquilamente do bem que adquiri. O ridículo da situação é que quem produzir cópias piratas pode, com a maior das facilidades, remover esta palhaçada antes de fazer o seu master para duplicação. Resulta então que estas medidas parvas não servem para mais do que insultar aqueles que, como eu, compram DVD.

Vem esta dissertação sobre mais uma pseudo-notícia trazida a público pela Federação de Editores de Videogramas, por intermédio do Diário de Notícias.

http://dn.sapo.pt/2008/01/28/artes/pirataria_dvd_rouba_milhoes_editoras.html
Estima-se que a contrafacção de filmes em DVD renda, em média, 800% de lucro, e roube mais de 20 milhões de euros por ano às editoras.

[...]falamos de um fenómeno que ninguém sabe avaliar com rigor. O meio milhão de DVD apreendidos são parte de um universo de contrafacção de contornos pouco exactos: "Mas é seguro afirmar que a pirataria movimenta por ano o equivalente a 20% das cópias originais lançadas no mercado." Contas feitas, mais de três milhões de discos piratas.

A mim parece-me que 20 milhões de euros é um número bem concreto para quem não sabe avaliar o fenómeno com rigor!

Da leitura deste texto, notam-se algumas tendências:
  • Tenta-se comparar o negócio da contrafacção ao tráfego de droga. Salta à vista que isto é tão comparável como o é a comparação da venda de camisolas «Lacoste» com o dopping no desporto;

  • Esta malta das editoras têm mais serviços policiais à sua disposição do que nós, simples "bestas" pagadoras de impostos;

  • Afirma-se que este suposto crime de pirataria surge «cada vez mais associado ao financiamento de redes criminosas», numa atitude pouco honesta, já que isto é feito sem nenhuma referência válida.

Se estas palavras lhe dizem alguma coisa e se achar que vale a pena, deixo-lhe umas imagens que pode usar como entender no seu blog. Sinta-se, igualmente, à vontade para usar deste texto o que bem entender. Cabe a quem não concorda com esta atitude fazer pressão para que o consumidor, nós, mereça respeito por parte desta gente.


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Paleio legal: imagens alojadas no flickr.

Adenda 28-04-2009: Ontem na TSF, hoje no Público, o assunto volta a ser tema.
No Forum TSF de ontem até ouvi um representante de uma qualquer associação de clubes de vídeo (!) afirmar que, desde 2004, têm caído os alugueres de vídeos nos videoclubes devido à internet flatrate. Que delírio. Em 2004 havia ligação em modem e descarregar uma foto demorada uma eternidade. Então e o preço dos DVD ter baixado drasticamente? Não terá sido por aí que o mercado de aluguer desapareceu? Isto sem contar com os preços altos (recordo-me de pagar 2.5€ pelo aluguer diário de uma "estreia"), pouca renovação de stocks, video on-demand, etc. Mas claro, fica bem dizer que é tudo pirataria.

Adenda 11-06-2009: Curiosamente, no Público saiu mais um artigo sobre a temática da pirataria.