Susana Dutra e a persistência da memória - II
Salvador Dalí , The Persistence of Memory. 1931.
Não é que nutra especial interesse pelo percurso profissional de Susana Dutra mas já o mesmo não poderei dizer do destino que é dado aos nossos impostos.
Vem isto a propósito dum comentário recente em que alguém afirmava que Susana Isabel Costa Dutra seria filha de Alberto Costa, logo saltando para o domínio dos tachos familiares. Como não há relação parental entre estas duas pessoas, lá fui buscar um post que escrevera há uns tempos sobre o assunto e onde desmonto esta argumentação (Ainda a Susana Dutra).
A volatilidade dos URL
Agora, um pequeno desvido, antes de continuarmos. Em informatiquês, URL significa Uniform Ressource Location (localização uniformizada de recursos) e para as páginas web não é mais do que o seu endereço.
Num site pessoal ou num blog pode o webmaster dar-se ao luxo de, quando quiser, mudar os URL das páginas já anteriormente publicadas. Um eventual visitante que queira voltar a uma página cujo URL tenha guardado receberá o habitual «página não encontrada». Algo de semelhante se passará com um site que inclua uma ligação para essa página que mudou de sítio. Nada de grave se passará, são páginas pessoais, afinal de contas!
E numa instituição, também será assim? Façamos a analogia entre o arquivo dum site institucional e uma biblioteca. Em minha casa posso ter os livros como quiser mas fosse a minha organização aplicada a uma biblioteca municipal e ninguém encontraria o que procurasse!
Profissionalismo
É por isto que um site institucional precisa de planeamento, duma estrutura que evite referências inválidas. Ora, voltando à vaca fria, Susana Dutra foi contratada para webmaster do novo portal da Justiça, recebendo para isso a módica quantia mensal de €3,254+regalias. Com um vencimento destes, mais adequado a um especialista sénior do que a um webmaster, esperava uma excelente organização no Portal da Justiça. Por isso é com surpresa que uma nota de imprensa sobre a sua rica contratação já mudou de URL por três vezes, que eu tenha contado. Os sucessivos URL foram:
- em 4 de Setembro de 2006:
http://www.mj.gov.pt/sections/informacao-e-eventos/imprensa/nota-contratacao-de - em 8 de Julho de 2007
http://www.mj.gov.pt/sections/informacao-e-eventos/imprensa/jan-jun-2006/nota-contratacao-de - em 12 de Fevereiro de 2008, hoje:
http://www.mj.gov.pt/sections/informacao-e-eventos/imprensa/historico/jan-jun-2006/nota-contratacao-de
a) incompetência no planeamento da estrutura de arquivo ou
b) ocultação de documentos, mantendo uma porta aberta para, perante flagrante delito, afirmar «não removemos os documentos; isso é calunioso; apenas estão noutra localização».
Entre estas duas hipóteses, qual delas corresponde à realidade? Não sei. Mas nenhuma delas me parece justificar o generoso salário de (pelo menos) três vezes o que se ganha no privado para a função em causa.
Ora aqui está uma situação pouco mediática, mas que é bem demonstrativa dos "regabofes" - e pelos vistos são tantos - que não chegam à grande maioria dos cidadãos.
Por esta amostra se compreende até onde a podridão está instalada e a dimensão que tem.
Saudações do Marreta.
Bem lhe podes chamar persistência... põe persistência nisso!
Esta tua "investigação" data de Set. 2006! Andas atento e de marcação cerrada. O Marreta tem razão, estes "pormenores" têm pouca ou nenhuma exposição mediática, mas são interessantes. Adoro quando se descobrem estas coisas...
1 Abraço!
Caros amigos, a melhor de contermos o regabofe é termos memória.