Direitos. E que tal pensar também nos deveres?
Por cima do meu apartamento há um outro que é arrendado. Ciclicamente, tenho períodos sem vizinho de cima, o que é por regra um descanso, dada a ausência de barulho. E porquê? Porque o vizinho de cima vai muitas vezes de férias? Não, simplesmente porque o inquilino muda entre 2 a 3 vezes por ano. O padrão tem sido: novo inquilino faz contrato e paga uns meses de avanço; deixa de pagar a renda; é despejado; o apartamento fica livre. Há uma franja de população que faz isto regularmente. Uma lista negra de devedores é uma exposição de dados privados? Claro que é. Tão condenável quanto o é o sistemático incumprimento dos deveres. Curiosamente a Associação dos Inquilinos Lisbonenses (a quê?!) «sugere, por contraponto, a elaboração de uma lista de proprietários que, recebendo prontamente as rendas, se recusam a fazer obras, apesar da degradação dos imóveis», como se escreve no Público. As rendas, especialmente as antigas e que correspondem aos prédios que mais obras precisam, são umas migalhas, como é sabido. Mas os senhores desta associação falam em rendas pagas a horas em vez de dizerem rendas pagas a preço de mercado pagas horas. Cada qual defende o seu interesse, é óbvio. Eu que não sou inquilino nem senhorio, não posso deixar de notar que esta associação quer sol na eira e chuva no nabal. É muito giro falar em direitos. Conheço até pessoas que os têm sempre prontos na ponta da língua. É bom é que também não se esqueçam dos deveres. Apesar de tudo, aqui fica o meu agradecimento aos incumpridores, que graças a eles tenho valiosos períodos sem saltos altos a andarem às 7 da manhã no piso de cima.
Em Portugal 'há de tudo como na farmácia'.
Até há proprietários de fracções que quando não as alugam recusam pagar a mensalidade do condomínio.
Não poderia estar mais de acordo.