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Direitos. E que tal pensar também nos deveres?

Proprietários de casas alugadas querem criar lista "negra" de inquilinos devedores 

Por cima do meu apartamento há um outro que é arrendado. Ciclicamente, tenho períodos sem vizinho de cima, o que é por regra um descanso, dada a ausência de barulho. E porquê? Porque o vizinho de cima vai muitas vezes de férias? Não, simplesmente porque o inquilino muda entre 2 a 3 vezes por ano. O padrão tem sido: novo inquilino faz contrato e paga uns meses de avanço; deixa de pagar a renda; é despejado; o apartamento fica livre. Há uma franja de população que faz isto regularmente. Uma lista negra de devedores é uma exposição de dados privados? Claro que é. Tão condenável quanto o é o sistemático incumprimento dos deveres. Curiosamente a Associação dos Inquilinos Lisbonenses (a quê?!) «sugere, por contraponto, a elaboração de uma lista de proprietários que, recebendo prontamente as rendas, se recusam a fazer obras, apesar da degradação dos imóveis», como se escreve no Público. As rendas, especialmente as antigas e que correspondem aos prédios que mais obras precisam, são umas migalhas, como é sabido. Mas os senhores desta associação falam em rendas pagas a horas em vez de dizerem rendas pagas a preço de mercado pagas horas. Cada qual defende o seu interesse, é óbvio. Eu que não sou inquilino nem senhorio, não posso deixar de notar que esta associação quer sol na eira e chuva no nabal. É muito giro falar em direitos. Conheço até pessoas que os têm sempre prontos na ponta da língua. É bom é que também não se esqueçam dos deveres. Apesar de tudo, aqui fica o meu agradecimento aos incumpridores, que graças a eles tenho valiosos períodos sem saltos altos a andarem às 7 da manhã no piso de cima.



3 comments :

  1. Isabel Magalhães disse...
      Este comentário foi removido pelo autor.
  2. Isabel Magalhães disse...
     

    Em Portugal 'há de tudo como na farmácia'.

    Até há proprietários de fracções que quando não as alugam recusam pagar a mensalidade do condomínio.

  3. António de Almeida disse...
     

    Não poderia estar mais de acordo.

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