«Uma tragédia de todos nós»
«A natureza é assim: implacável. Ontem, sem que nada o fizesse prever, um temporal sem precedentes mergulhou a Madeira num caos de destroços, com mais de 30 mortos, dezenas de feridos, centenas de desalojados e prejuízos ainda incalculáveis. Será, revendo os dados da história, a maior catástrofe natural num espaço de 100 anos na ilha, que já em 1993 tivera temporal semelhante, mas de proporções bem menores.
No imediato, o importante é, como foi assinalado praticamente por todos, tratar dos vivos, auxiliar as vítimas, realojar os desalojados, lançar braços à reconstrução. Os portugueses, generosos na resposta aos pedidos de auxílio a tragédias noutras paragens, têm agora uma no seu próprio território a que saberão acudir, pelos meios que tiverem ao alcance. Não houve, neste campo, paralisia: auxílio imediato com forças a enviar para o terreno, operacionais e técnicas, agasalhos, dinheiro começaram a ser canalizados para a Madeira. Envolveram-se nestas ajudas instituições, militares, empresas, partidos, autarquias, civis mais ou menos anónimos.
Isto, no horizonte imediato, é prioritário e vital. Mas a médio prazo é preciso reflectir no reforço das defesas perante semelhante tragédia. Em 1993, quando o Funchal tremeu diante da força dos elementos, houve quem alertasse para o perigo das construções crescentes no leito das ribeiras. Ontem, o presidente do Governo Regional veio, por sua vez, dizer que, se não fossem as obras feitas nestes anos, a Baixa do Funchal teria ontem desaparecido. Independentemente dos argumentos esgrimidos, com maior ou menor razoabilidade, importa saber que via seguir para menorizar estragos e limitar ao mínimo a perda de vidas. Depois do socorro e do luto, importa discutir os passos do futuro.» Editorial do Público 21-02-2010
No entanto, ouvi ontem na televisão que na baixa do Funchal fizeram uma rotunda que tapou mais de metade de um dos canais. Quantas mais asneiras terão sido feitas?
Pois é! Fala-se do que "supostamente" de correcto se fez...Mas espero que no íntimo das suas consciências, os responsáveis façam um exame profundo, daquilo que está errado, e no futuro tenham isso em conta em todas as intervenções urbanísticas, e para isso têm que assumir a sua responsabilidade moral de todas estas mortes!
Meus caros, o ordenamento do território é uma lástima.
O ordenamento do território é um conceito abstrato sobre o qual todos discutem mas ninguém o quer concretizar.
Isto é Portugal.