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A caça aos gambozinos

«A associação [ACAPOR] não representa os detentores dos direitos dos videos partilhados na Internet. Mas esta prática de partilha, disse Nuno Pereira, levou à crise dos videoclubes. “Os nossos associados estão a ser verdadeiramente chacinados. A fecharem lojas quase diariamente, não é possível manter esta indústria”.» no Público
imageRealmente, há qualquer coisa com a malta dos videoclubes. Para além da agenda mediática, há a questão dos argumentos.

Por exemplo, no Fórum TSF de 27-04-2009 ouvi um representante de uma associação de vídeo clubes dizer que desde 2004, têm caído os alugueres de vídeos nos videoclubes devido à internet flatrate. Que delírio. Em 2004 havia ligação em modem e descarregar apenas uma foto demorava uma eternidade. Quanto mais filmes!

Depois no Expresso de 16-01-2009 é afirmado «Já o vídeo-on-demand, proporcionado pelas operadoras de televisão por cabo, não parece, pelo menos por agora, ameaçar os clubes de vídeo, que disponibilizam os filmes a preços mais baratos e cerca de dois meses antes de estes poderem ser alugados pela televisão [duvido muito, mesmo muito, da validade destes dois argumentos]».

E agora a crise dos videoclubes parece ser por causa dos downloads “ilegais”. Curiosamente, não vemos as lojas que vendem DVD queixar-se deste problema. E tudo leva a crer que seriam igualmente afectadas por este novo bode expiatório.

Admito que o mercado dos filmes (vendas e alugueres) tenha perdido algum dinheiro com a pirataria de filmes. Nada de novo, tal já acontecia no tempo em que se copiavam filmes VHS e quando se compravam DVD nas feiras. Mas no caso particular dos videoclubes, o negócio de aluguer de filmes em formato DVD está para desaparecer a breve trecho pela mesma razão que o negócio de aluguer de filmes em VHS foi extinto quando o DVD se massificou: o meio de distribuição mudou. Até aqui a distribuição era offline (DVD e VHS) e agora é online (computador, iPad e afins, operadores de cabo e operadores de internet). A própria venda de DVD com preços competitivos (se atendermos ao binómio preço-extras) acaba igualmente por fazer competição ao negócio dos videoclubes.

O canal de distribuição mudou. Quem teimar em encontrar outras desculpas para as suas maleitas apenas está a assinar a sua morte económica.

 

Nota:
O seguinte vídeo execrável, patrocinado pelo Ministério da Cultura, tem aparecido em vários DVD que comprei, sendo das primeiras coisas mostradas ao inserir o disco no leitor, sem se ter hipótese de o saltar nem de avançar em fast forward. Além disso, cada vez que um disco é inserido somos forçados a olhar para um texto sobre os direitos de autor antes do visionamento do produto comprado. Felizmente, não é possível aos editores de DVD controlar se o lemos, caso contrário aposto que o fariam.

Ora eu ao comprar um DVD sinto-me insultado pelo respectivo editor e, também, pelo Ministério da Cultura, por patrocinar propaganda como esta. É como se eu, que paguei o produto, fosse culpado pela existência da pirataria. Colocam-me no mesmo patamar dum violador da legalidade.

Têm os senhores da ACAPOR algo a dizer sobre esta falta de vergonha?

 

Vídeo vergonhosamente patrocinado pelo Ministério da Cultura


1 comments :

  1. José Lopes disse...
     

    Eles que se modernizem e deixem de tentar encontrar quem pague a sua falta de visão.
    Cumps

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