Cansei...
OPA à PT: Autoridade da Concorrência vai emitir novo projecto de decisão "nos próximos dias"Passados 9 meses, assim se vê o que é o " mercado" . Recorde-se que a decisão sobre a compra da Autoestradas do Atlântico por parte da Brisa demorou apenas 2 semanas.
Banco de Portugal: taxa de inflação revista em alta para 3,0 por centoA velha técnica: estimar a inflação por baixo para se conseguir menores aumentos salariais .
Metade das universidades sem dinheiro para pagar salários em 2007Ora aqui está como se obtém um orçamento de rigor: sub-orçamentação
Ministro da Saúde justifica novas taxas moderadoras como forma de viabilizar o modelo públicoUmas vezes as taxas servem para pagar o serviços, outras não. Decidam-se. Mas se tudo se paga, para que queremos afinal o Estado?! Especialmente um Estado da dimensão do nosso (15% da população activa).
Ministério Público abriu mais de oito mil inquéritos relativos a crimes económicosSegundo notícia recente até nos posicionamos bem no panorama global. Mas segundo outras notícias, com um ano, o fim da corrupção colocaria Portugal ao nível da Finlândia.
"Buraco" na lei permite às instituições financeiras adquirir imóveis sem pagar IMTViva a criatividade financeira e quem tem os meios para a praticar
Regras de cálculo dos arredondamentos na banca publicada em Diário da RepúblicaEis como de 4.520 se passa a 4.750... Um pequeno detalhe que, em que o arredondamento das taxas de juro aplicadas aos empréstimos concedidos pelos bancos em Portugal geram, pelo menos, um ganho total anual de 73 milhões de euros.
Cansei-me dos políticos, sejam estes ou outros. Mais episódio, menos episódio, o padrão de comportamento é sempre o mesmo. Novo governo = novos boys + mudar o que os anteriores fizeram porque foi errado. Umas vezes o mercado é para funcionar (se houver aumentos de preços), outras nem por isso (se os interesses de alguns estiver em causa). Depois de todos os habituais discursos de rigor vemos que este, aplicado a um orçamento, resume-se a aumentar os impostos (petrolíferos, taxas, contribuições, etc) e a sub-orçamentar (na educação, na saúde, adiando obras públicas,...).
Enfim, cansei, né?
A diferença entre a moral e a política está no facto de que, para a moral, o homem é um fim, enquanto que para a política é um meio. A moral, portanto, nunca pode ser política, e a política que for moral deixa de ser política
Pío Baroja (escritor espanhol que integrou o movimento Modernista na chamada "Geração do 98")
Venho de uma geração que apanhou os ventos de mudança da revolução numa fase demasiadamente importante para a formação da personalidade. As discussões empíricas à mesa do café, ou num canto qualquer onde coubessem mais de 3 pessoas, eram sempre base para novas revoluções e teorias. Era mesmo o homem a base de tudo. Tudo era possível porque se acreditava no homem moral e na moral do homem.
Uma décadas depois tenho para mim que este pensamento de Pio Baroja se vai tornado mais real conforme vou somando dias aos anos que vou vivendo. E é neste constante contar do tempo que sinto que se vão afastando cada vez mais as doces ilusões de acreditar, quer no homem, quer nas mudanças que faz nas sociedades. Os doces tempos das ilusões esvaíram-se na exacta medida em que a percepção dos factos se foi tornado mais objectiva. E essa objectividade e clarividência só a idade e a vivência a conseguiram trazer. E tudo isto para dizer que compreendo e subscrevo esse cansaço fruto do descrédito na mudança. Da mudança feita ao sabor dos interesses individuais sem ter em conta o mais importante de tudo: a mudança pelo todo, em prol de todos e com critérios equitativos e transparentes.
E sabes que mais: apetece-me entar de cabeça numa longa fase autista que desvaneça muitas das inquietações que estas coisas me trazem.