a política na vertente de cartaz de campanha

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Geração aditivada









Quem entre nós agora faz um quarto de século, mais ano menos ano, pertence à geração que desde a nascença esteve exposta a uma vida regulada pela química.

Exemplos:
  • Ar: desodorizantes, ambientadores, perfumes e gases poluidores;
  • Comida diversa: aditivos qb, incluindo os hidrogenados e os açucares;
  • Roupa: amaciadores, branqueadores e tintas com consequências negativas para a pele (vide aquele caso da roupa produzida na Índia que inclui um corante altamente cancerígeno); doses maciças de insecticidas nas roupas de algodão (vide processo de produção da flor de algodão);
  • Bebidas: CO2, açucares, corantes, outros aditivos;
  • Fraldas e toalhetes: químicos de limpeza, desodorizantes;
  • Água: cloro, detergentes;
  • Peixe e carne: nitratos para a conservação, hormonas e antibióticos ingeridas por simpatia devido ao tratamento "preventivo" dos animais (e peixes), farinhas de outros animais incluídas na alimentação daqueles que comemos, mesmo quando são herbívoros;
  • Cereais, legumes e frutos: planta transgénicas (milho, soja, morangos com genes de peixe para se conservarem melhor no frio...), insecticidas, pesticidas e fungicidas;
  • E a lista continua.
Têm-se falado que tivemos a revolução agrícola, a industrial e agora a da informação. Não sei se mais ou menos importante que estas, mas seguramente de elevado impacto na nossa saúde, há ainda a silenciosa revolução química, essa que tem possibilitado a prodigiosa produção industrial dos nossos dias, a baixos custos mas despreocupada com possíveis efeitos secundários que possa causar.

Para quem nasceu na década de oitenta seguramente que desde pequeno foi estando exposto a estes produtos. Com que consequências? Não será fácil de saber mas é curioso notar que mesmo assim a esperança média de vida tem aumentado. O que cria um paradoxo, pois o número de anos de exposição à química que nos rodeia também aumenta e, em consequência, os eventuais efeitos também se notarão mais.

Sobre o anterior texto relativo aos aditivos no pão, a minha amiga Pajarita, que sabe do que fala, alertou-me para a realidade das gorduras hidrogenadas:

«Pior que os aditivos no pão, são as gorduras vegetais hidrogenadas. Só por este ingrediente, eu, pura e simplesmente não o comeria. São um verdadeiro veneno lento e a alimentação industrial está cheia delas. São muito mais baratas e duram muito mais tempo sem ficarem rançosas. Além disso deixam texturas muito agradáveis à boca. Por exemplo as batatas congeladas para fritar. Já as fritaste alguma vez? Já reparaste como fica uma camada sólida por cima do óleo ao arrefecer? São hidrogenados. As gorduras vegetais são liquidas. Para as solidificar hidrogenam-nas. Os chocolates baratos têm muitas, como os chocolates da Floribela e muitos ovos de Páscoa. Os caros em geral não, e claro têm um prazo de validade muito inferior, como por exemplo os Ferrero Rocher.

As gorduras hidrogenadas, quando foram inventadas, primeiro foram usadas na alimentação dos porcos. Mas os agricultores repararam que eles morriam prematuramente. O metabolismo deles é diferente e mata-os depressa. E se a vida de um porco na casa de um agricultor é curta!! Há quem defenda que elas são a causa da diabetes tipo II (praticamente inexistente há 80 anos) e não o excesso de alimentação. Pessoalmente, só por ter deixado de consumir hidrogenados há uns meses, o meu colesterol baixou em 63 unidades (acredita que é muito). Elas ligam-se ao receptores de colesterol deixando o colesterol a "boiar" em excesso pelo sangue. A massa folhada é ela também um veneno! Só pode ser feita com gordura hidrogenada, e que senhora percentagem que ela tem!

Uma página com uma breve e concisa explicação sobre as gorduras hidrogenadas: The American Physiological Society
Uma nota final: devido ao atraso estrutural português, estamos na fase de ouro da comida manipulada química e biologicamente. Na Alemanha, o caso que conheço, essa fase já terminou e agora a tendência é inversa. As pessoas procuram os produtos o mais naturais possível e a legislação e a fiscalização são mais apertadas. Por exemplo, é frequente as ementas dos restaurantes incluírem a descrição completa do prato e quais os aditivos que acabam por dele fazer parte, devido aos ingredientes usados. Enquanto que entre nós um simples "Bife à casa" chega, uma ementa alemã diria "Bife de vaca criada em agricultura biológica, com 300 gramas, acompanhado com batata frita em gordura não hidrogenada, duas bolas de arroz branco com manteiga e alho e com um ovo estrelado em azeite. Pires de salada de alface e tomate. A carne contém E301 e E321". Atitudes diferentes levam a serviços diferentes.

Parece-me que vou passar a comer apenas fruta com bicho, couves com lagartas, maçãs pequenas e outros produtos "estragados".


5 comments :

  1. Ana Pajarita disse...
     

    Encontram-se estudos feitos sobre as vantagens de uma alimentação com hidrogenados (em baixas dosagens) nos porcos. Referem-nas como positivas porque dão mais toucinho :-)
    E há outros estudos que referem que os porcos que são alimentados só de belotas e alimentos naturais (como o porco preto) apresentam uma gordura de optima qualidade, parecida nalgumas moleculas às do azeite! Tem colesterol "bom" alto e o "mau" baixo.
    Nós adulteramos tudo...

  2. Maria Lisboa disse...
     

    aditivo... toucinhito... obesidade...

    uma relação de "peso"

  3. Maria Lisboa disse...
     

    É a chamada plastificação da comida.
    E como a nossa era boa, e como o que é bom é um erro, temos que nos submeter às normas da Europa e transformar tudo o que é bom em mau, porque os europeus de elite se comem alguma coisa boa ficam doentes... falta-lhes o "plástico", que neles deve ser um auxiliar das digestões, nomeadamente da absorção do alimento.


    Já agora, aproveito e conto uma historieta. Há uns anos, um amigo alemão, que costumava vir passar férias na mesma praia que eu, veio de carro, passeando enquanto viajava. Em Espanha, a determinada altura, parou numa aldeiazeca e viu uma fonte. Quando ia para beber água, leu num pequeno cartaz, feito à mão: "água para beber apenas para portugueses e espanhóis". Achou aquilo um disparate e bebeu na mesma. ;) Quando cá chegou, ainda não estava refeito da enorme diarreia que "o atingiu" :)
    Falta de hábito de comer/beber coisas naturais!!!

  4. Fliscorno disse...
     

    Pois é Ana, o marketing produz destas coisas.

  5. Fliscorno disse...
     

    Maria, essa história é fabulástica! :)

    Mas olha que nem toda a "Europa" é a da comida de plástico. Por aqui ainda é raro encontrar produtos de agricultura biológica e entre os "alemões" são os preferidos.

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