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A ASAE na blogoesfera

Andam em alguns blogs interessantes discussões sobre a divina ASAE. Deixo aqui uns poucos de links e transcrevo algumas notas que fui deixando.

No Sorumbático, dois textos de António Barreto:
  • Eles estão doidos
  • Eles estão doidos! (II) - Comentário aos comentários

    nota 1:
    [...] vivi em Munique alguns anos e a situação dos mercados de rua que descreve é exactamente a mesma. E nos restaurantes tem muito mais valor um produto realmente artesanal do que o equivalente industrial.

    Finalmente, acho significativo que para a zelosa ASAE seja mais importante a embalagem do que o conteúdo. Posso comprar um pão cozido em qualquer supermercado contendo 15 de ingredientes (11 a mais do que o necessário, sendo 7 deles aditivos) e tudo estará bem desde que a respectiva embalagem esteja conforme as normas.

    Escrevi umas coisas sobre isto há uns tempos (Geração aditivada).


    nota 2:
    A liberdade de escolha e o discernimento evitam a necessidade paternalista de proibir o óbvio. Neste sentido, não preciso que seja interdita a venda dum queijo coberto de moscas porque simplesmente não o comprarei.

    Mas, continuando ainda este exemplo, sendo obrigatória a embalagem industrial, automaticamente deixo de poder comprar um produto artesanal à pessoa em quem confio há longos anos.

    Alternativamente, passo a dispor de produtos repletos de conservantes, anti-oxidantes, aromatizantes, corantes, açúcar, hidrogenados e toda mais uma panóplia de aditivos acrescentados para prolongar desnecessariamente a validade do produto e para disfarçar o facto de não ser fresco.

    Tudo dentro dos limites legais, obviamente, não sobrando portanto palco para a exibição da ASAE. Mas, como consumidor, ganhei ou perdi? Antes podia escolher entre um produto natural e o equivalente industrial. Agora não. Para mim, a resposta é óbvia.

    Um outro aspecto. Ao ler os comentários anteriores noto que em alguns casos situações anormais são usadas para justificar a normalização por baixo. Nós não temos uma temperatura de 40ºC durante todo o ano e haverá regiões em que esta nem chega a ser atingida. Acresce que também existe o conceito de sazonalidade.

    Noto também que é sugerido que quem vê exagero na actuação da ASAE está a defender a inexistência de regras. Para mim, estas são necessárias mas as actuais estão desadequadas. Então não poderei tomar um café em chávena de louça numa esplanada? É preferível o uso do plástico? Haja pachorra.

    Acresce que, finalmente, não é debitando legislação que se mudam atitudes e hábitos. Regras claras, consensuais, balanceadas e continuamente fiscalizadas são a chave de ouro para que não se vendam galinhas ao lado do queijo de Azeitão. Lembram-se da proibição de na restauração vender água em garrafa de plástico. Proibiu-se e deu em quê?!

N' O cachimbo de Magritte, este texto de Paulo Marcelo:
  • Abaixo o fascismo alimentar da ASAE
    «Pelas bolas de berlim e pelos bolos da Mexicana e do Califa. Abaixo os donuts empacotados com prazo de validade. Viva a ginginha com elas e sem elas. Viva a bica a escaldar em chávenas sujas e suspeitas. Abaixo os copos de plástico. Vivam os enchidos e as castanhas assadas enroladas em listas telefónicas. Diga não aos novos burocratas dos alimentos e da higiene pública.
    Assine esta Petição.»

    nota 1:
    É muito fácil mudar por decreto. Bastam algumas discussões acesas, um ramalhete de boas intenções e meia dúzia de palavras no Diário da República.

    Mas esquecem-se estes incansáveis legisladores que para além de se produzirem abundantes leis também é preciso zelar pelo seu cumprimento.

    Proibiu-se servir água em garrafas de plástico nos restaurantes; os temperos só podem ser disponibilizado em doses individuais; os produtos alimentares têm todos que estar embalados.

    Proibiu-se. Mas mudou alguma coisa?

    Para que serve regulamentar se se sabe que não há nem vão existir meios humanos para garantir o seu cumprimento?

    Dizem, paternalmente, que é para nossa defesa. Mas esta faz-se verificando a qualidade dos produtos servidos; analisando se o azeite servido é mesmo puro; inspeccionando se as indispensáveis regras de higiene são cumpridas.

    É mais fácil fazer leis rigorosas e para manter o sol sem passar pela peneira, por vezes é preciso ir para as televisões com umas acções de choque.

    A ASAE está simplesmente a ser parte do faz de conta que se olha pela segurança alimentar e económica. Não precisamos que se verifique se o azeite está a ser servido em doses individuais. Precisamos, sim, que seja verificado se o produto é de qualidade.


3 comments :

  1. José Lopes disse...
     

    O excesso legislativo conduz a aberrações inexplicáveis, e a ASAE acaba por cair no ridículo ao utilizar alguns critérios de fiscalização que alguém colocou na lei.
    O que é tradicional, segundo os rigores agora conhecidos, está condenado a ser ilegalizado e/ou clandestino. Valerá a pena dizer que estamos perante mais um enorme disparate, ou já são tantos que o pessoal ficou anestesiado?
    Cumps

  2. avelaneiraflorida disse...
     

    Completamente de ACORDO!!!!!
    Tenta-se fazer o quê à TRADIÇÂO???

    Quer dizer que gerações e gerações que comeram broa feita em alguidares de barro,beberam água de bilhas de barro, comeram um bocado de chouriço do fumeiro...eram envenenados lentamente????
    REALMENTE, NÃO SÃo os DEUSES QU ESTÂO LOUCOS, Não!!!!!!

  3. Alien David Sousa disse...
     

    Raposa, li os dois textos no Sorumbático e o teu post, obviamente. Foi tudo dito e subscrevo o que li.
    Apenas quero sublinhar algo do teu "post" :

    "Antes podia escolher entre um produto natural e o equivalente industrial. Agora não. Para mim, a resposta é óbvia."

    Escolha. Foi-nos retirado o poder de escolher e isto é DEVERAS GRAVE. O que se seguirá?

    Para nosso bem, o que se seguirá?

    kisses Fox

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