a política na vertente de cartaz de campanha

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O Fliscorno vai de férias

fliscorno vai de férias

Caros amigos, o Fliscorno vai de férias. Até à última semana de Agosto os posts neste cantinho terão ritmo irregular.

Comigo vou levar uns livrinhos. Espero finalmente terminar "A brief history of time" de Stephen Hawking...
a brief history of time - Stephen Hawking


... e terminar também "A guerra do mundo", de Niall Ferguson.
A guerra do mundo - Niall Ferguson


Entretanto ainda passarei na Fnac para comprar outro volume da série "The far side gallery" de Gary Larson, cujos cartoons correspondem ao que eu gostaria de produzir se soubesse desenhar. :-)

the far side gallery by gary larson



Muito provavelmente também namorarei um ou outro volume do Calvin and Hobbes, a fantástica banda desenhada de Bill Watterson, que elejo como a minha favorita. Para quem aprecie estas tiras, o livro "Calvin and Hobbes - Tenth anniversary book" é imperdível. Nele, Watterson reuniu algumas tiras publicadas noutros volumes, acrescentou outras mas, sobretudo, incluiu textos com a caracterização das personagens e com algumas notas sobre determinadas sequências. Deveras interessante.

Calvin and hobbes tenth anniversary book


Boas férias ou bom trabalho, conforme seja o caso.


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Processo de Charrua arquivado

Acabo de ouvir na TVI: o processo de charrua foi arquivado. A ministra da educação considera que a liberdade de opinião seria afectada caso fosse executada a recomendação resultante do processo disciplinar.

Ai sondagens, a quanto obrigas... Tardiamente, mas menos um disparate na checklist do PS.

E agora, dona Guida, vai auto-drenar-se?

[Adenda]
No Público:
«[...] decidiu não aplicar qualquer sanção ao professor por considerar que o comentário jocoso que fez à licenciatura do primeiro-ministro se enquadra no direito à opinião. [...] Maria de Lurdes Rodrigues defende que "a aplicação de uma sanção disciplinar poderia configurar uma limitação do direito de opinião e de crítica política, naturalmente inaceitável" numa sociedade democrática [...]»


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A sátira aos partidos: conclusão

Termino aqui esta sequência de textos sobre a forma como vejo os diversos partidos políticos. Dei uma volta pelo que se escreve pela blogosfera sobre esta temática e compilei parte a seguir. Por fim, acrescento algumas notas pessoais.


1. Teses noutros blogs

Paulo Guinote e os deputados da nação versus os deputados limianos:
http://educar.wordpress.com/2007/07/19/havera-democracia-sem-abstencao
[...]
E porque há muito tempo que, especialmente em eleições legislativas em que, em vez de escolhermos deputados para ocuparem os lugares no órgão fundamental da Democracia, acabamos na prática a votar num tipo para primeiro-ministro que depois escolhe, equilibrando nos bastidores o peso relativo das facções grupos de interesses que o guindaram á ribalta, os ministros em que ninguém votou, porque votámos foi em deputados.

Em deputados que são da Nação e que, por isso mesmo, não devem ser limianos e defender as regiões/distritos por onde foram eleitos.

Porque é muito interessante defender-se a democracia representativa, mas depois os representantes não serem exactamente representantes dos representados que neles votaram.

Ou defender-se que no mundo anglo-saxónico é que é bom porque as listas são uninominais e existe uma maior proximidades e responsabilidades dos eleitores relativamente aos eleitores, mas esquecer-se que é exactamente nesses países que os deputados são limianos por definição, votando de acordo com os interesses da sua constituency. Quem não quiser perder muito tempo a ler prosa longa sobre este assunto pode ler um ou outro artigo mais curto e específico sobre o assunto. Ou este anúncio de um candidato em que faz do crossing party lines um trunfo.
[...]



Ruy sobre o Partido Socialista que daria lições de liberdade
http://classepolitica.blogspot.com/2007/07/o-ps-que-daria-lies-de-liberdade-j-no_8108.html
[...]
O facto é que o Partido Socialista que daria lições de liberdade já não existe.
Está morto e enterrado.
Hoje, o Partido Socialista quer o poder a todo o custo, não para servir o País mas para se servir do País. E é confrangedor presenciar o silêncio cúmplice dos velhos socialistas do velho PS.
Perante esta brutal e abrupta guinada ao liberalismo e à direita autoritária, por parte do PS chefiado por Sócrates, é lastimável que não se levante uma única voz dos seus “históricos” militantes. A Democracia, jamais lhes perdoará e de pouco lhes valerá recordar condutas passadas em defesa da Liberdade.
[...]



Rui Matos sobre os independentes
http://macroscopio.blogspot.com
[...]
Consabidamente, Helena Roseta do PS e Carmona Rodrigues suportado pelo PSD nos últimos dois anos (apesar de independente) apresentaram-se mais como candidatos ressentidos com os seus partidos, PS e PSD. Aquela porque Sócrates não lhe respondeu à carta nem nunca a convidou para uma qualquer secretaria de Estado; Carmona poque foi vilipendiado por MMendes quando deixou de servir os interesses da liderança da S. Caetano à Lapa que hoje está como está, curiosamente por causa da ferida aberta pela perda da fortaleza de Lisboa para o PS.
[...]



Rui Matos sobre as democracias versus ditaduras
[...]
http://macroscopio.blogspot.com/2007/07/o-efeito-de-criatognese-do-jumento.html
Por regra a democracia significa a eleição dos melhores, porque há competição nas propostas em contexto eleitoral, mas cedo esse pluralismo degenera ou enfraquece e acaba por corromper o governo e as políticas públicas que ele defendia. Logo, o poder democrático degenera, sofre a erosão do tempo e vai oxidando.

Por seu turno, as ditaduras oferecem uma vantagem: há uma poderosa unidade de comando, não existe opinião pública a chatear - mas não há liberdade.

Em suma: pobrezinhos, mas honrados, assim até temos a mania que somos independentes (à africana), e com tantos Portáteis distribuídos a um Domingo só podemos crer que o PIB irá disparar e os níveis de competitividade da economia portuguesa fronteiram com as taxas de crescimento de 10% ao ano verificadas na Ásia na altura do boom.
[...]




Jumento sobre a econodemocracia
http://jumento.blogspot.com/2007/07/econodemocracia.html
[...]
Há duas democracias, a democracia onde um homem vale um voto que serve para escolher deputados e vereadores, e a democracia onde cada um vale uma determinada percentagem do PIB. O conceito foi introduzido pelos assessores do primeiro-ministro, sempre que este faz uma viagem ao estrangeiro e se faz acompanhar de uma vasta comitiva os seus assessores encarregam-se de informar a comunicação social de que os acompanhantes de Sócrates representam 60 ou 70% do PIB.
[...]



Jumento sobre Défice de formação democrática
http://jumento.blogspot.com/2007/07/dfice-de-formao-democrtica.html
[...]
A democracia portuguesa tem um longo historial de saneamento político, tudo começou no pós 25 de Abril e desde então a “confiança política” tem sido um instrumento de consolidação do poder. PCP, PSD e PS têm um vasto currículo nesta matéria, ainda que no caso do PS a vocação saneadora nunca tenha sido tão evidente como com os serviçais de Sócrates.

Quem não se lembra das grandes de cerimónias de apresentação dos novos militantes no tempo de Cavaco Silva, quando aceder a um lugar de chefia do Estado quase implicava a inscrição prévia no PSD? Já estamos esquecidos do recente saneamento do presidente da CM de Setúbal pela direcção do PCP? Vamos ignorar o que se passa na Madeira, esse paraíso da democracia de um Marques Mendes que agora anda armado em defensor das liberdades?
[...]



Kaos sobre o novo Estatuto dos Deputados
http://wehavekaosinthegarden.blogspot.com/2007/07/quem-este-senhor.html
[...]
Mas, todos eles [os deputados], passarão a ter direito, a um clone, a um assessor privado, de acordo com o novo “Estatuto dos Deputados” agora em votação. Isto é, vai haver ali muita gente a ter um assessor para o ajudar a não fazer nada.
[...]



Vicente Jorge Silva sobre os "Pactos de regime e democracia", in Diário de Notícias
[...]
http://dn.sapo.pt/2006/09/13/opiniao/pactos_regime_e_democracia.html
Perante uma tal aridez da democracia representativa, faz todo o sentido questionar a legitimidade democrática dos pactos de regime - o da justiça ou quaisquer outros. Mas o cepticismo e o desprezo que Sócrates hoje ostenta perante a instituição parlamentar não são muito diferentes daqueles que, no fundo, Cavaco tem (e teve) acerca dela. O problema não são os pactos de regime, mas as formas democráticas de fazer política com base em ideias, convicções e liberdade de opinião. Essa seria, no fundo, a reforma fundamental.
[...]



2. Notas pessoais
A democracia assenta no princípio do voto igualitário do individuo no processo de decisão. Em política significa a escolha dum programa eleitoral e dos respectivos executores. No entanto os eleitores votam nas escolhas que lhes são apresentadas e aí começa a ironia da nossa democracia. Para o PR e para as autárquicas pode um candidato fora dos partidos lançar a sua candidatura. Já para o governo, o poder de facto, os partidos não abrem mão do seu domínio. Teoricamente votamos num parlamento mas todos sabemos que é para o governo que o voto irá contribuir.

Votamos num cabeça de cartaz, escolhido por um partido, de entre as opções que mais lhe interessam. Sou só eu, ou algures ficou perdido o objectivo de tudo isto que seria escolher os nossos representantes?

Votar para as legislativas é um acto de fé. O tipo que dá a cara na eleição sabemos quem é e o que se propõe fazer, mesmo que as probabilidades de não cumprir o prometido andarem altas. Já o resto de lote é nitidamente um acto de acreditar que vai correr bem. Só que segundo a inevitável lei de Murphy, se pode correr mal, correrá mal.


E quanto às outras eleições, que não as legislativas? Podem existir candidatos não partidários, os chamados "independentes", apesar de mais certo do que sem dúvida terem feito carreira nalgum partido. Há que pensar nas consequências dum político, independente ou não, já agora, não cumprir o programa prometido. Creio que a responsabilização deve ir além da derrota eleitoral. Pode muito bem acontecer que o eleito pouco se importe que perca as próximas eleições, por estar a pensar no seu próprio interesse, por exemplo. A derrota eleitoral pouco serviria nestas circunstâncias para garantir que o eleito faz o trabalho que é suposto fazer mas já o mesmo não se poderia dizer se o incumprimento tivesse consequências pessoais. Poder-me-ão dizer que estou a ir pela demagogia, ao que realçaria que a política não é nem mais nem menos do que qualquer outra profissão. Mesmo que, narcisicamente, os políticos se retratarem como praticantes da mais nobre das profissões. E em qualquer que seja a profissão, as pessoais devem ser responsáveis e responsabilizadas pelos seus actos.


Também, volta e meia, se tem falado se queremos os deputados da nação ou os deputados representantes duma zona geográfica do país. Por arrasto, o deputado do Queijo Limiano acaba por vir à baila, no entanto seria bom abordar a questão mais seriamente. Actualmente, após a eleição, os deputados da nação não têm que responder perante ninguém, mantendo-se no confortável anonimato de deputado da nação, um entre duzentos e trinta. Por quatro anos, em parceria com o governo, são os senhores feudais do país, podendo fazer trinta por uma linha. E é o que tem acontecido, com o ciclo eleitoral. Dois anos a implementar medidas com impacto negativo e dois anos a fazer medidas populistas para se ganharem as próximas eleições. Eventualmente, governa-se no meio termo. Mas seria assim se estes deputados tivessem que responder perante os eleitores que directamente os elegeram? Poderão dizer que logo os regionalismos virão ao de cima mas para mim isso seria a forma das pessoas individualmente terem alguma coisa a dizer sobre decisões que as afectam directamente. Talvez assim não ouvíssemos esses omnipresentes e inevitáveis "muito bem" de cada vez que o líder falasse no parlamento.

A nossa democracia está doente e é o sistema partidário a raiz podre causadora desta perda de vitalidade. Com maior ou menor democracia, menor geralmente, os partidos escolhem os seus representantes. A nós, eleitores, cabe conformarmos-nos com a escolha oferecida. Feita a eleição, o cabeça de lista vencedor forma governo com quem bem entender, indo buscar pessoas que não votámos. E finalmente, em vez de representarem os eleitores, os deputados devem obedecer ao partido, pela disciplina de voto.

No entanto, haverá democracia sem partidos?!


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O quadro para sombrinhas chinesas

Via Blasfémias:
Já conhecíamos os manifestantes de aluguer.
Agora, temos eventos promovidos pelo governo com recurso a figurantes de agências de casting.
Crianças a fazer de conta que são da escola.

Comentário
Agora, com estes quadros maravilha com projector, é que as criancinhas vão aprender em condições. A fazer sombrinhas chinesas, bem se vê!

Se o ridículo matasse, a classe política teria desaparecido antes dos dinossauros.


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Ensemble de Plectro Carlos Seixas

Será que também vos acontece isto: querer publicar pela positiva mas acabar derreado pela força da actualidade?

And now, for something completely different: para quem acha que tuna começou por ser (e apenas é) o abana para a direita e para esquerda, duas piruetas e vai de roda, aqui vai uma hipótese de reconsideração.

Ensemble de Plectro Carlos Seixas da TAUC:
  • Minueto, Carlos Seixas (mp3: link);
  • Komm, liebe Zither, komm, W. A. Mozart, KV 351 (mp3: link; partitura: link);
  • Crepúsculo, José Firmino (mp3: link);
  • Die Zufriedenheit, W. A. Mozart, KV 349 (mp3: link, partitura; link).


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A alínea I

exclusão do concurso de professor titular

Pelo blog PURO ARÁBICA fiquei a saber:
[...] vi [...] as listas de candidatos admitidos e excluídos do Concurso de Professores Titulares que está a decorrer no âmbito da reestruturação do Estatuto da Carreira Docente (não superior). A acompanhar a lista de excluídos apareciam tipificadas, através de códigos/letras, as razões para uma possível exclusão. Uma delas, a que corresponde ao código/letra I, apresenta uma razão que, do ponto de vista do enquadramento geral político, é, no mínimo, muito preocupante.
[...]
Dito de outra maneira “bem curta e grossa”: um professor que realize e/ou participe em alguma acção, no âmbito do Direito à Liberdade de Pensamento e de Expressão, poderá ser alvo de uma exclusão de um concurso público da Função Pública?



Esta alínea I parece feita à medida da necessidade de controlar os blogs!


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Ainda o abono de família

Deixo estas questões:

O que é que trará maior crescimento ao país: inverter a actual baixa natalidade ou a OTA+TGV?

Ambas significam elevado esforço mas uma traz votos já nas próximas legislativas. Qual delas?


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The bug



Via Contra Capa:
Um insecto robótico de tamanho natural foi posto a voar pela primeira vez na Universidade de Harvard. Pesa apenas 60 miligramas, com uma extensão de asas de três centímetros e os pequenos movimentos do robot são baseados em um vôo real.


Fantástico! Imagem e texto adicional em http://www.technologyreview.com/Infotech/19068.

Uma novela do escritor mainstream Michael Crichton sobre esta temática: Prey.


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O novo selo do carro

selo do carro

Este pedaço de papel medindo 5.6x5.6 cm é o novo "selo do carro" para 2007. Pelo seu tamanho, não cabe na camisinha onde o costumo colocar, efeito do novo azul viagra, certamente.

Mas a parte absolutamente estúpida é que durante um ano inteiro iremos andar com um letreiro a dizer finanças, na mesma linha que os carros da EDP têm escrito EDP de forma bem visível.

Oh Sô Macedo, v.exa estava assim com tanto desespero de deixar uma marca do seu serviço?
Nós sabemos tudo o que possuimos se não é do banco é do fisco mas precisava de nos recordar disso diariamente?

[correcção]
Depois de uma comparação mais rigorosa, observei que este "selo" é do mesmo tamanho do do ano passado, contrariamente ao que aqui escrevera.


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A satira aos partidos: convite

Dou por quase terminada a sequência de descascanço nos partidos políticos, tendo focado apenas aqueles que têm representação parlamentar. Dos outros, pouco conheço e um deles, em particular, dá-me vómitos. Sim, o desse puto a quem lhe falta uma estada num campo de trabalhos forçados para compreender a palermice que defende.

CONVITE
Depois deste post pretendo ainda voltar uma vez mais à carga com umas divagações sobre democracia. Deixo aqui o convite e desafio aos leitores para participar neste último post.

Poderão escrever sobre o que bem entenderem (incluindo obviamente a discordância do que já escrevi), desde que se enquadre na temática dos posts já publicados nesta rubrica ou no texto seguinte. Para o fazerem, poderão mandar um mail para o fliscorno ou deixar o texto na caixa de comentários.

Este post conclusivo será formado pelas contribuições recebidas e por uma parte minha, a qual sumarizo a seguir para que a possam ter em conta.
A democracia assenta no princípio do voto igualitário do individuo no processo de decisão. Em política significa a escolha dum programa eleitoral e dos respectivos executores. Questões:
- o eleitor apenas pode usar o seu voto na eleição das propostas legislativas que lhe são apresentadas pelos partidos; os partidos não são necessariamente uma estrutura democrática; o eleitor não tem, universalmente, voto na escolha de quem o partido vai escolher para ser candidato; assim, em vez de democracia tempos antes uma espécie saco de rifas.
- outras eleições, que não as legislativas, já têm um carácter diferente, havendo o conceito de candidato não partidário; há de facto "independentes"?; se um "independente" não corresponder ao esperado e não havendo um partido para ser responsabilizado, como se deverá proceder nessa situação?
- é pensamento comum que o eleitor julga o mandando dos políticos no momento da eleição; deveria existir outro género de responsabilização pessoal pelos actos políticos? é suficiente a não eleição perante o não cumprimento do programa com o qual se fora eleito?
- deveria existir o sistema do deputado como representante duma zona geográfica do país?

Boas escritas e bom fim de semana.

[Adenda]
Esquecera-me de o referir: a contribuições poderão ser enviadas até segunda-feira à noite.


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6. A sátira aos partidos: PEV

pev partido ecologista os verdes

PEV significa "Partido Ecologista Os Verdes" mas bem que podia significar "Participante na Esquerda Vermelha", pois não passa duma delegação satélite do PCP, como várias outras que os comunistas criaram para tentarem controlar sectores diversos da nossa sociedade.

É pena. A ecologia não constitui uma moda como as calças à boca de sino ou o cabelo ensopado de gel à la lesma que deixou rasto. A preocupação com o futuro do planeta, com o garantido fim de certos recursos naturais e a reflexão sobre o hiper-consumo da nossa sociedade são actualmente ainda mais prementes para que os netos da nossa geração possam conhecer o planeta como ele agora é.

Pelas temáticas que poderia envolver, desde o ambiente ao comércio justo, podia ser meu partido. Assim, é apenas mais uma estrutura de acesso ao poder, um local de carreirismo político.


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5. A sátira aos partidos: PS

ps soca

Depois da bandeira de partido da liberdade, com o seu indiscutível papel na consolidação da democracia no pós-revolução, o PS tem vindo a habituar-nos aos dissabores da desilusão.

A nacionalização da economia deu naquilo que se sabe, no levantamento de monopólios não competitivos, arrogantes na postura com os seus clientes e com produtos/serviços de baixa qualidade. Pois foi este mesmo PS que havia defendido e implementado as nacionalizações que, décadas depois, acabou por ser o grande cobrador de dividendos vindos das privatizações desses mesmos sectores, tornadas possíveis com a injecção de capital público - os nossos impostos - para tapar os respectivos buracos financeiros.

Ainda não encontrei uma explicação séria para o destino que foi dado a esta pipa de massa feita nas privatizações. Depois de 10 anos de Cavaquismo, o PS estava sequioso de tachos e a minha suspeita é que todo esse dinheiro acabou por ser gasto na duplicação dos quadros da função pública, espalhando os seus boys lado a lado com os do PSD que já lá estavam. De nada valeu Guterres proferir a célebre frase "no jobs for the boys", pois o aparelho partidário é que dominava o terreno.

Outros destinos possíveis para esse dinheiro das privatizações são o Rendimento Mínimo Garantido e as autoestradas em ALD, as SCUT. Mais subsídios. Dinheiro mal empregue, se aceitarmos a máxima "não lhes dês peixe, ensina-os a pescar".

Depois do pântano, da passagem do PSD pelo governo, que tratou de colocar mais dos seus boys na função pública (FP) e depois da vergonhosa fuga de Barroso para o seu tacho europeu, as contas do país estavam mal. Culpa dos todos os governos lá passaram, ou seja do PSD e do PS, que isto fique claro.

Quando chegou a vez de Sócrates, muitos acreditaram no seu programa e na honestidade das suas propostas e mesmo sabendo que mais um aperto aí viria, a promessa dum fim à vista angariou apoio. O meu inclusive. Mas mais do que antes, ficou claro que político não é pessoa de palavra e o prometido só valeu na campanha eleitoral.

O controlo das contas públicas não foi feito com a racionalização da FP e com a redução da despesa mas sim com um aumento massivo de impostos, contrariando as promessas eleitorais, com o congelamento da progressão nas carreiras da FP e redefinindo as próprias carreiras para que a médio prazo os salários constituam um menor encargo.

Contrariamente à propaganda do governo, a despesa pública não baixou (link). Era 42,033.6 milhões de euros em 2005 e passou para 43.967.2 milhões de euros em 2006. Em termos absolutos, a despesa pública aumentou. Só se for comparada com o PIB, como o fez Sócrates com esperteza, é que se pode afirmar que baixou. Mas isso só aconteceu porque o PIB cresceu mais do que a despesa.

Na verdade, as causas da despesa pública continuam presentes e consistem na desorganização do Estado, partido em incontáveis organismos, fundações, empresa públicas, delegações regionais, governos civis e regionais, parlamentos regionais, câmaras municipais, juntas de freguesia, ministérios, altas autoridades, etc., etc. Muitas vezes as competências destas entidades sobrepõem-se e o controlo das respectivas contas não é propriamente público. A título de exemplo, alguém consegue produzir uma tabela com os gastos por departamento de todas as câmaras municipais do país? Estas também são Estado...

Não fosse o azar da torneira dos fundos comunitários se ter começado a fechar no fim do Cavaquismo, não estaríamos agora a pagar os elevados impostos que pagamos. O Estado estava habituado a estoirar dinheiro, continuo-o a fazer com Guterres e seguintes e não parou de o fazer com Sócrates. Apenas teve que encontrar novas fontes de receitas e estas vieram dos impostos e da redução dos serviços prestados à população pelo Estado. Menos segurança social, menos saúde, menos educação, menos reforma, menos ...

Todas as classes profissionais foram afectadas por este bota a baixo, excepto a classe política. Esta é a única que não viu os seus privilégios diminuídos como em todas as outras. Aliás, ainda se queixam que ganham mal para a nobre actividade que desempenham, estando aí a razão da mediocridade dos seus políticos. Sinceramente, não sei que outra classe profissional tem dois meses de férias, reforma completa ao fim de 12 anos de serviço e acesso directo a apetitosos cargos simplesmente por estarem na política.

Nada distingue a actuação deste governo dos anteriores, desde os episódios das nomeações e exonerações à propaganda reformista. O PS pode já ter sido o estandarte da liberdade mas hoje não passa do pau da vergasta com que tenta controlar as vozes dissonantes. "Quem se mete com o PS, leva."


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O abono de Sócrates

sócrates e o abono de família


http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1300036
Sócrates anuncia programa de apoio à natalidade

Com estes 100€ a atribuir a algumas famílias, que podem chegar a 130€ em algumas situações, Sócrates espera resolver o problema da baixa natalidade. Estabeleceu, assim, um desígnio para as famílias de menores rendimentos: re-popular o país. Esperemos que estas achem o incentivo com suficiente sex appeal.


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4. A sátira aos partidos: PCP

PCP carimbo

Se estivéssemos no Estado Novo seria garantido que a publicação deste texto me traria uma visita da PIDE e o rótulo de comunista - tratamento chapa-7 para quem discordasse do regime. E se o PCP tivesse conseguido impor o modelo comunista em Portugal depois do 25 de Abril, como tentou fazer, será que ainda poderia colocar este texto online ? Atendendo ao discurso tão apoteótico sobre os direitos, liberdades e garantias, sobre a direita tão satânica e sobre os altos valores éticos e morais, poderíamos achar que sim. No entanto, os factos apontam noutro sentido. As vozes discordantes dentro do partido são classificadas de dissidentes e traidoras; quem desalinha das posições do Comité Central é expulso; e o partido não vê problema absolutamente nenhum em, a meio do mandato, mudar os deputados que tinham sido eleitos, escolhendo outros que melhor lhe conviessem. Como se uma eleição não passasse dum formalismo para definir numeros clausus de acesso ao poder.

Quanto aos regimes comunistas ainda em vigor e que entretanto desapareceram, registamos que o PCP se mostra em consonância com eles, apesar das atrocidades humanas que foram cometidas e das ditaduras que representaram e representam. Não, ironicamente, liberdade e PCP não combinam. Resulta a leitura de que a liberdade individual é perfeitamente dispensável face aos interesses do Estado. Mas para os regimes comunistas, Estado e Partido são sinónimos, pelo que, dificilmente este texto viria a luz do dia e o respectivo autor também rapidamente a deixaria de a ver por tempo incerto.

Sobre o modelo económico de eleição do comunismo, mesmo perante a respectiva derrocada e a evidência de que a gestão estatal do que é de todos, sem ser de ninguém, não consegue ser eficaz nem eficiente, o partido insiste nessas mesmas políticas económicas, repetindo até à exaustão, e sem diferenças de nota, um discurso gasto e desadequado da presente realidade. Persiste na ausência de mudança apesar destas políticas não terem receptividade por parte dos portugueses, conclusão a que se pode chegar pela observação dos sucessivos resultados das eleições legislativas.

O Estado é a economia, o Partido é o Estado e o indivíduo apenas existe no contexto do Estado.


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3. A sátira aos partidos: PSD

PSD: pê esse dê

Ao longo da nossa longa história como nação, tivemos surpreendentes momentos de entrada de riqueza no país. As especiarias da Índia, o ouro do Brasil e os fundos comunitários da UE, só para citar alguns. Como reagiram os governantes de então? Realizou-se uma faustosa embaixada a Leão X, deslumbrantes templos religiosos foram construídos - Convento de Mafra incluído - e, na história recente, torrentes de dinheiro foram transferidas para formação profissional que formou ninguém, subsídios a uma agricultura que acabou extinta e obras públicas que renovaram o país mas sem o modernizar.

O PSD foi o partido que teve os recursos financeiros e a oportunidade para as transformações mas para além dum artigo no Financial Times sobre o aluno exemplar, da nova rede rodoviária, construída com tanto capital público e mesmo assim paga a preços de mercado e da construção selvagem permitida pelo poder autárquico, o que é que sobrou?

Sobrou a subsídiodependência, essa cultura de não correr riscos e de pedir apoio ao Estado quando o negócio corre mal, guardando o lucro quando vai de feição. Ficaram as pessoas, para quem a política foi um trampolim na vida profissional, aconchegada em cargos públicos, em empresas apadrinhadas pelo Estado e em cargos internacionais, mesmo que para isso compromissos sejam quebrados sem vergonha.

Sobrou uma cultura de interesse privado tão forte que nem conseguem encontrar quem sirva o partido depois dele se terem servido.

As "estradas" são necessárias, isso não está em causa. No entanto, se constituirem a apoteose duma estratégia de desenvolvimento, apenas servirão para mais rapidamente concentrar na capital as pessoas que antes viviam por todo o país.


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2. A sátira aos partidos: BE

BE: bloco na esquerda

Por alguma razão que não identifiquei, existe uma certa crença de que a esquerda deve ser irreverente e, ainda, que irreverência precisa de conotação sexual. Talvez por isso o Movimento Gay, Lésbico, Bissexual e Transgénero e o casamento por parte de casais homossexuais façam bandeira no BE. Sinceramente, pouco me importa a postura sexual de cada qual desde que eu não seja parte envolvida e, parece-me, que também o Estado nada tem a ver com isso. Pretender que o Estado vá além do reconhecimento das uniões de facto gay, ambicionando transforma-las em casamentos - acto paradoxalmente conservador - não é vanguardismo mas sim pirosíce.

Estas e outras opções similares (por exemplo: defender que não se usem animais nos circos como se o circo fosse necessariamente um antro de tortura) acabam por ser o bloco que impede a ascensão a outros patamares eleitorais. O que poderia acontecer graças à postura ambiental defendida, às preocupações com o Estado social e à visão contundente das temáticas da economia.


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1. A sátira aos partidos: CDS-PP

 CDS: ao centro

O logotipo do CDS-PP faz-me pensar na conveniência do centro, moradia da virtude, segundo dizem. Nada assim tão estranho se pensarmos um pouco. Quantos não preferem conduzir na faixa do meio, é no meio dos amigos que se está bem e é o meio duma gaiola de Faraday o local mais seguro em dia de trovoada.

Também nas abordagens políticas o centrão aparenta virtudes. Mas eleitorais, claro. O discurso oficial pode sempre ser ajustado um pouco para a esquerda ou para a direita até que no eleitorado mainstream se crie um elemento de identificação. O problema destas oscilações poderá ser o mesmo de quem navega em mar instável e que é, precisamente, causar náusea e deixar a percepção de deriva sem rumo.

Mas o que mais gosto no centrinho é mesmo da postura familiar do partido. Todos muito lindos e correctos na fotografia mas depois, na hora da verdade, dia de congresso, é ve-los literalmente à estalada. Tal como numa pequena família.


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A sátira aos partidos

Hoje começo uma sequência em que, ao longo desta semana, irei retratando os partidos políticos da forma como os vejo. Sendo uma matéria sensível para alguns e dada a possível correspondência que possam estabelecer entre ideais e partidos, realço que apenas apresentarei uma visão pessoal de alguém algo descrente nos aparelhos partidários.


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O expresso da vitória

[Re-editado às 13:51]

No Bar Velho Online, DJ comenta as excursões do Partido:
- "De que bairro é que a senhora é?"
- "Não sou daqui. Sou de Famalicão."
- "E o senhor? É daqui?"
- "Não. Também sou de Famalicão."
- "A senhora vem de onde?"
- "Sou de Cabeceiras de Basto."
- "E o que é que está aqui a fazer?"
- "Não sei bem. Disseram-me para vir no autocarro e eu vim..."

Aí está uma verdadeira candidatura por Lisboa. Tanto a campanha, como a respectiva sede, têm muita gente, pena é que ninguém seja do município no qual houve eleições. Começa no Presidente da Câmara, que nem em Lisboa reside, e acaba nos restantes.
Eu bem sei que Portugal é pequeno, mas daí Famalicão e Cabeceiras de Basto estão um "bocadinho" fora da periferia da capital.


E no # % @ Código : Urbano § ? & Ricardo Belo de Morais escreve:
Tão fabulosa e memorável foi a vitória de António Costa com 29,54% nas eleições intercalares para a CML (resultado que objectivamente se traduz na legitimidade dada por mais-ou-menos 8% dos votantes inscritos na capital) que foi preciso o PS ir buscar velhinhos a lares de idosos, pelo país fora (Teixoso, Cabeceiras de Basto, Alandroal, Mafra...), em autocarros fretados, a fim de engrossar a massa de "população festejadeira", em aclamação a Sócrates e ao seu ex-vice. «Nem sabíamos que vínhamos para aqui, disseram-nos que vínhamos para uma festa», contavam às televisões os velhinhos "recrutados", sob o sorriso seráfico e irónico de repórteres, pivots e comentadores.

Os caciques locais do PS* resolveram organizar excursões às redondezas de Lisboa com passagem pelo hotel Altis. Se o fizeram foi porque tiveram a percepção de que o seu gesto teria retorno por parte do seu líder.
Um espectáculo deprimente.

* Sim, caciques. As bandeiras PS que os «excursionistas» empunhavam, aliadas às declarações que tinham vindo para um passeio, não deixam margem para dúvidas.

A maior vitória sem coligação?
Quem ouvisse as declarações de vitória dos quadros PS diria que tiveram uma votação notável, esmagadora da oposição. Nem uma coisa nem outra. A frase encenada e recorrentemente repetida sobre o PS ter tido a maior votação de sempre em Lisboa numa eleição sem coligação não passa de propaganda política. Costa foi eleito com menos 17,115 dos votos com que Carrilho perdeu em 2005. Portanto, é verdade que será a maior vitória sem coligação mas não é a maior votação que o PS teve sem coligação. Onde está essa esmagadora vitória que transbordava dos discursos de ontem?

AnoCandidato
Votos%MandatosAbstenção
2005
Carrilho
75,02226.56%5 47.35%
2007
Costa
57,90729.54% 662.61%
Votações PS em Lisboa em 2005 e 2007. Fonte: MJ

O mandato de Costa parece de facto começar como extensão da sede no Second Life: virtualmente alheado da realidade.


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As eleições para a CML

abstenção

Ora aí esta, o país segundo Sócrates pode continuar. Podem voltar à agenda política o aeroporto na Ota, a privatização da saúde, a extinção da segurança social e a redução dos serviços prestados pela máquina pública. Depois do fait divers de Lisboa, há que voltar à poupança para que se possam baixar os impostos na véspera das próximas legislativas.

A propósito, tinham medo que o sol levasse os eleitores para longe da urnas mas a avaliar pelos 62.61% de abstenção, foi a chuva não os deixou sair de casa.


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Laboratório ME

(click para tamanho a 100%)

Ministério do sucesso educativo?
Há uns tempos publicara esta imagem sobre o meu ponto de vista relativamente à TLEBS. Repesco-a por achar que também realça a atitude que o Ministério da Educação tem desenvolvido nas últimas décadas: o laboratório da Educação.

Que pensar do uso precoce da calculadora, da crença de que a memorização não é necessária ao desenvolvimento do raciocínio ou dos erros ortográficos não deverem ser tidos em conta nas correcções de exames desde que não seja a ortografia que esteja a ser avaliada? Sinceramente, não vejo como poderá um aluno ter sucesso nos seus estudos se não souber fazer contas, se não tiver sempre presente um conjunto de leis matemáticas (ou outras) e se não conseguir exprimir-se com correcção ortográfica e gramatical.

Retrospectiva
Quando há longos anos (como o tempo passa!) fiz o ciclo e o secundário (actuais 5º e 6º + 7º - 12º), por vezes os alunos desapareciam dum dia para o outro. A desistência, justificada com frases como "não tenho cabeça para os estudos", era encarada como uma alternativa ao insucesso escolar. Em certos momentos críticos (final do ciclo; final do 9º ano; final do 11º ano) não reencontrávamos no ano seguinte aquele(a) amigo(a) de que nos lembrávamos do ano anterior.

Algures pela década de 80 decidiu o ME, e bem, lutar contra o abandono da escola e penso que foram conseguidos alguns resultados positivos. No entanto, as causa do insucesso escolar não desapareceram e, como num passo de mágica, eis que as já tristes estatísticas do sucesso educativo passaram a ser ainda menos apelativas e, sobretudo, motivo de maior vergonha face às inevitáveis comparações europeias.

Foi então - é a minha leitura, que começou a demanda do sucesso pelos números: estaria tudo bem desde que a percentagem de alunos reprovados fosse baixa. De duas negativas passou-se a três negativas como limite para ainda se passar de ano. Depois, três ou quatro, consoante decisão da escola e desde que não estivessem incluídas a matemática e o português. Entretanto, deixou de se reprovar por faltas e foi introduzido o conceito de retenção com base na futurologia: retem-se o aluno num ano a meio do ciclo caso se ache que no final de ciclo ele não tenha desenvolvido as competências programadas. Ou seja, a unidade de chumbo passou do ano lectivo ao ciclo.

A avaliação dos professores
Com estas medidas baixou-se o nível de exigência. Mas era preciso ir mais além, despachar os alunos, leva-los à conclusão do ensino básico, pois um repetente custa dinheiro. É finalmente com a actual ministra que é dado o golpe final. «As notas dos alunos de cada docente e a sua comparação com os resultados médios dos estudantes da mesma escola constituem um dos factores determinantes da avaliação de desempenho dos professores, segundo uma proposta do Ministério da Educação (ME)» (Público, edição impressa,13.07.2007). Esta medida emblemática significa isto: quem der más notas será prejudicado. Em que sentido contribui isto para a avaliação do corpo docente?

A avaliação dos professores é crucial para a melhoria do serviço prestado. Como em qualquer outra profissão, haverá bons e maus profissionais nas escolas. No entanto, os bons professores não vêm o seu mérito reconhecido e os maus professores não são penalizados. Na regulamentação do ECD que está para ser aprovada, serão penalizados os professores cujos alunos reprovem mais do que a média da sua escola. Isto apenas incentiva a passar os alunos, independentemente da sua preparação. Não premeia a excelência, que de resto está limitada em numerus clausus por despacho governativo: «[...] haverá uma percentagem máxima para a atribuição das classificações de Muito Bom e Excelente, fixada em cada agrupamento de escolas por despacho do Governo, tendo por referência a avaliação externa do estabelecimento de ensino» (Público, edição impressa,13.07.2007).

Uma hipótese para a avaliação dos professores
O ECD, na forma como foi concebido e regulamentado, apenas pretende reduzir os custos com os salários. Isso será conseguido pela criada figura do Professor Titular e pela regulamentação do acesso a este patamar salarial. Sim, porque a diferença entre um Professor Triste e um Professor Titular limita-se apenas a alguns euros de diferença. E não trará, como efeito secundário, uma melhoria ao serviço prestado pelos professores, consequência do esforço para passarem a Professor Titular? Não, no meu entender. Passará de escalão quem der boas notas, em vez de quem ensine bem. E também ganhará pontos - muitos - quem interromper a actividade lectiva para exercer um cargo político!

Como implementar então uma avaliação eficaz que premeie o professor competente e desincentive os professores baldas? É um facto, creio que todos nós batemos nalguma situação dessas, a par com professores que marcam uma vida pela positiva, também há outros que são uma verdadeira nódoa. Tive dois manifestamente maus: um que era incapaz de manter a ordem na turma e uma que apenas olhava para aqueles que lhe davam graxa em quantidades diárias e abundantes. Uma vez que abordo a questão, tive também um professor, já na faculdade, capaz de encher o auditório numa aula teórica dum assunto não trivial e no período da manhã - notável!

Não vale a pena fazer de conta que não o sabemos, actualmente ser um bom ou um mau profissional apenas depende do brio profissional que este tiver. E não será o actual ECD que mudará este facto, desmotivando ainda aqueles que de facto cumprem a sua parte.

Considero que existem, no que à avaliação se refere, duas questões a considerar:
1. Numa escola sabe-se quem são os baldas, quem são os maus professores. Sabem-no os colegas, o Conselho Executivo e os próprios alunos. Mas uma uma coisa é a identificação desses profissionais, outra é a tomada de atitudes nesse campo. Creio que não compete aos professores servirem de fiscalizadores dos próprios colegas.

2. Olhar para as notas dos alunos, mesmo que enquadradas no contexto da escola, não possibilita a avaliação do professor pois este pode, se assim entender, inflacionar as notas dos seus alunos. Além disso, provas de aferição que não contam para a nota do aluno mas que serão usadas para a avaliação do professor não passam duma palermice, já que se não conta para a nota do aluno porque é que se há-de julgar que ele estudará?

Ao falar de avaliação, há que definir do que é que estamos a tratar. Estamos a avaliar o professor "funcionário público"? Ou pretende-se antes avaliar o professor "formador de cidadãos"? Ou queremos medir a eficácia dum professor "despejador de matéria"? Ou será antes do mentor do conhecimento de que falamos? Estas questões levam ainda a uma outra: qual é o perfil do professor ideal?

Claramente, o ECD apenas avalia o professor "funcionário público": aquele que não falta e que dá boas notas. O que cumpre o serviço, no fim de contas. E fá-lo, repito novamente, para redução da despesa com salários. Os outros aspectos profissionais, aqueles que fazem um bom professor como a capacidade de motivar o aluno para a aprendizagem, são ignorados.

Como avaliar então um professor? Apresento a seguir uma sugestão. Não tenho a presunção de pensar que possa estar correcta, nem que seja melhor do que a actual. Não sou professor, por isso não constitui sequer uma sugestão baseada na experiência profissional. Mas tenho pensado no assunto, tenho comparado com o que é feito na minha área (trabalho no sector privado) e deixo uma sugestão, eventualmente melhor do que o actual panorama.

Competência
Forma de avaliação
PonderaçãoNotas
Questões laborais
ECD*
Média
Como em qualquer outra profissão, questões como a assiduidade devem ser claras. Seria mesmo necessário um novo ECD para isto?
Formador de cidadãosRealização de actividades extra-curriculares
Elevada
Há uma panóplia de actividades que podem ser organizadas, contribuições para a formação do indivíduo, que dão trabalho a preparar e que não contam para a nota do aluno. Não é necessário chegar ao ponto da série Fame mas temas ligados às artes, realização de visitas de estudo, clubes, etc. certamente que contribuirão para uma maior ligação do aluno à escola e para o desenvolvimento de competências sociais.
Transmissor do conhecimento / facilitador da aprendizagem
Em vez da realização do último teste a cada disciplina, haveria a realização dum exame anual para cada disciplina.

Tratamento estatístico dos resultados, contextualizados, por forma a serem detectados desvios acentuados. Detectados desvios acentuados, seriam pedidas justificações aos professores envolvidos.
Muito elevada
De nada vale tudo o resto se não se conseguir fazer os conhecimentos chegar aos alunos.

Havendo exames anuais, o conceito acabaria por ser interiorizado, acabando com os medos dos exames.

Seria imperativo que as competências examinadas correspondessem às que são programados para a actividade lectiva. Isto parece uma coisa básica mas desconfio que acontece os programas e os actuais exames não estarem em sincronia.

Quanto a essa ideia das escolas adaptarem os programas à sua realidade, haveria sempre a hipótese de não serem exames nacionais mas regionais.
Mentor do conhecimentoTrabalhos de investigação
Baixa
A componente da investigação poderia ser incentivada, no entanto creio que docência e investigação são coisas distintas. Um "crânio" não é necessariamente um bom professor.
* Pelo menos em teoria, o ECD serviria para avaliar todas as áreas aqui apresentadas. A realidade é outra e, pela respectiva regulamentação, apenas esta componente é de facto ponderada.


ME labs, S.A.
Um outro assunto, o que começara por ser o tema deste texto, é a irresponsabilidade como o ME introduz as alterações ao modelo educativo e como levianamente a seguir as retira, geralmente em governos diferentes.

Recordemos o que foi o acesso ao ensino superior. Sou (felizmente) pré-PGA, pelo que tinha 3 exames para fazer, podendo escolher as notas de dois deles para efeitos de candidatura. Chegados ao 10º, sabíamos que havia um caminho a seguir e as regras eram conhecidas. Decidiu-se então pela introdução da PGA, em absoluto desrespeito pelos que haviam planeado o seu percurso com base nas regras então conhecidas. Aparentemente não se podia espera três anos. E se calhar até não, tendo em conta os mandatos de quatro anos e a falta de ambição no planeamento a longo prazo. Vários outros modelos se seguiram, desde a extinção da PGA, passando pelo número de exames a realizar e pela criação das provas específicas. É melhor agora do que antes? Não faço ideia. Pessoalmente, dei-me bem com o sistema que tive.

Exemplos como os já referidos, sempre colocados em vigor no espaço de meses como se a Educação fosse um ser moribundo à espera da extrema unção, realçam a inexistência dum plano que vá além do mandato dos quatro anos. E cada ministro que vem tem a lata de achar que os anteriores nada sabiam do que estavam a fazer, cabendo-lhe a ele(a) o papel de grande reformador(a). Pois reforma, reforma seria acabar com as reformas.


Conclusão
Se, perante a extensão do texto, saltou para aqui fez bem: livrou-se duma série de opiniões não fundamentadas, apenas fruto de matutar no assunto.

Em jeito de conclusão posso apontar dois aspectos:
1. tem havido considerável inconstância no rumo definido pelo ME ao longo das últimas décadas. Este facto certamente que terá impacto no sucesso educativo;

2. não existe, nem sequer com o novo ECD, um instrumento que de facto valorize os bons professores, destingindo-os dos maus profissionais.


[Adendas]
1. Eva do Miblogamucho deixou uma interessante reflexão
sobre o exemplo francês e sobre as aulinhas de inglês no primeiro ciclo (link).

2. Na sequência do comentário d'O Guardião, acrescentei algumas notas sobre a máquina produtiva da educação
(link).


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Os chumbos da matemática

Escreve o ilustre Jumento:
«QUEM TEM CULPA DOS CHUMBOS A MATEMÁTICA?
Começa a ser tempo de apurar causas, responsabilidades e culpas, se ao fim de um ano lectivo 70% dos alunos chumbam a matemática deverão haver causas e irresponsabilidades. Ontem de manhã, quando ouvi a notícia da rádio bastaram alguns segundos para vir um representante da associação dos professores de matemática assegurar que os professores não são os responsáveis.

Sejamos honestos, se os professores não têm culpa esta deve ser em exclusivo dos alunos pois nem sequer podem ser apontadas responsabilidades aos livros, já que estes são concebidos e escolhidos pelos professores. Como para dar aulas de matemática basta uma sala a culpa só poder ser mesmo dos alunos. E como o resultado dos exames evidencia o percurso ao longo de nove anos de escola, os alunos são culpados desde os seis anos de idade, quando têm o primeiro contacto com a disciplina.

Esta forma de abordar o problema recorda-me uma velha anedota. Um compadre foi a um bordel e quando estava na companhia de duas meninas apareceu uma rusga da polícia. A primeira menina desculpou-se dizendo que era cabeleireira, a segunda porque era manicura ao que o compadre exclamou “Querem ver que a p.. sou eu?”.

Sejamos honestos, algo está mal e não me venham, dizer que a culpa é dos alunos, das famílias que os entregam ao cuidado da escola e das paredes dos edifícios escolares. Enquanto o principal agente do ensino é ilibado de quaisquer responsabilidades na primeira declaração nem vale a pena discutir o tema.»

Comentário
Nos meus tempos de estudante estudava-se sensivelmente na véspera dos exames e suspeito que hoje em dia não há-de ser diferente. Sendo que actualmente os verdadeiros momentos de avaliação coincidem com o final de cada ciclo, em que momento estudarão os alunos? Será que o fazem no 7º, 8º e 9º ou apenas na véspera do exame do 9º ano? É público que o actual modelo educativo incentiva a não retenção do aluno em anos intermédios...

Ou vendo doutra forma: se os professores não mudaram significativamente, tendo até mais qualificações actualmente; se os alunos não passaram a nascer mais burros; e se, finalmente, o sistema educativo tem mudado de rumo ao sabor de cada governo, onde é que estará o elo mais fraco?!

Para perceber porque reprovaram 70% dos alunos a matemática no 9º ano não ajuda encontrar bodes expiatórios. Há que reconhecer que, nos anos intermédios de cada ciclo, os alunos não precisam de se esforçar para passar. E quando o ciclo chega ao fim não estão, obviamente, preparados. Que mais valia traz este sistema?

Os iluminados do ME que acabem com a avaliação por ciclos e que se reponha a passagem ano-a-ano. Querem apostar que os alunos passariam a estar melhor preparados? Mas se calhar estragava um pouco os números das estatísticas do fantástico sucesso escolar. Mais vale bater nos profs.


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Durão Barroso e a UE

Durão Barroso e a UE

Um artigo versando o ponto de vista britânico sobre a Europa.

http://www.telegraph.co.uk/news/main.jhtml?xml=/news/2007/07/11/weu111.xml
«Gordon Brown was under renewed pressure to hold a referendum last night after José Manuel Barroso, the president of the European Commission, hailed the European Union as an "empire". [...]

Mr Barroso, Portugal's former centre-Right prime minister and a student radical in the 1960s, tried to argue that unlike old "super state" empires the EU was based on a voluntary surrender of sovereignty, not military conquest.

"What we have is the first non-imperial empire," he said.» in Telegraph

O mesmo assunto numa versão menos british:
http://euobserver.com/9/24458


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Costa virtual

Segundo li por aí, a campanha de António Costa tem uma sede no Second Life (link) e também mandou umas photoshopadas nos outdoors. É caso para nos interrogarmos se a gestão da CML também será retocada e virtual.


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António Costa no Photoshop

antonio costa retocado no photoshop?
Parte de outdoor da campanha de António Costa;
foto não retocada!; original: link


antonio costa retocado no photoshop?
Montagem com:
a) partes dos outdoors da campanha de António Costa (1,3 e 4),

b) imagem no site da campanha de António Casta (2)
c) parte da foto dos deputados PS no site do Partido Socialista
Fotos não retocadas, salvo a colagem na montagem
Originais: 1, 2, 3, 4, 5

Quando há dias passava em frente a um outdoor da campanha de António Costa para a CML, fui surpreendido com tonalidade muito clareada da sua face. Quem estiver habituado ao tratamento digital de fotografia sabe perfeitamente que com pouco esforço se altera radicalmente o aspecto duma pessoa, fazendo-a mais magra ou mais gora, mais atlética ou mais franzina, mais branca ou mais escura, mais.... o que se quiser.

Coloquei a hipótese de ter sido descoloração provocada pela exposição solar, por isso passei no site da campanha PS. Como é notório pela comparação da luz no candidato e nas outras pessoas do primeiro outdoor, a foto de António Costa foi propositadamente alterada. O que se confirma pela repetição desse mesmo tratamento nos restantes outdoors e pela comparação com fotos não tratadas (a foto do deputado, por exemplo).

Que ilações podemos daqui retirar? Que a equipada de campanha de António Costa quis fazer o candidato mais claro ou que receou que a tonalidade da sua pele o fizesse perder votos? Creio haver uma palavra para estas atitudes...

Esclarecimento: não nutro simpatia por nenhuma das listas candidatas à CML e nem sequer voto em Lisboa.


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Mais um blog em apuros

http://vbeiras.blogapraai.com
«Após duas citações e duas comparências e quando julguei que o MP já tinha matéria suficiente para me queimar num auto de fé, eis que recebo uma terceira notificação para esclarecer – pasme-se! – sobre quem havia comentado neste blog e sobre alguns textos que aqui publiquei. (Ao tempo o blog tinha os comentários abertos.» in vbeiras.blogapraai.com


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As juntas médicas e Sócrates

Sócrates veio à TV dizer, mais palavra menos palavra, que ia pôr as juntas médicas na linha para que os recentes erros não se repetissem. Uma posição 100% hipócrita pois estas agem segundo orientações da tutela.


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Shōgun

Faz algum tempo, comprei a série «Shōgun», a qual passou na RTP1 há uns anos. É sobre um holandês que naufraga no Japão de 1600, embrulhado nos jogos de poder dos portugueses e dos espanhóis. Uma série muito interessante. Mas vem isto a propósito de algumas filosofias de vida lá apresentadas. Toda a série parece um jogo de xadrez, em que a honra e as antigas tradições são as regras com que os peões se movimentam. Por isso, nunca se sabe bem o que vai acontecer a seguir. Pela personagem feminina principal, japonesa, é-nos dito que o futuro não está determinado, tudo pode levar um rumo inesperado a qualquer momento. Daí, ela advoga o viver cada momento como se só esse instante interessasse. Bem diferente das orientações ocidentais, com o nosso gosto de planear a longo prazo. Bem, nosso salvo seja. Dos nórdicos, porque me parece que os portugueses viveram tempo demais no Japão.

Imagem via Wikipédia. Blackthorne e Mariko interpretados por Richard Chamberlain e Yôko Shimada.


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A privatização do Instituto Superior Técnico

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1298969&idCanal=58
«Instituto Superior Técnico decide em Setembro a sua transformação em fundação                                                  
O futuro do Instituto Superior Técnico (IST) será decidido em Setembro numa votação interna sobre a sua possível transformação em fundação pública de direito privado, disse o presidente da instituição.»

Não deixa de irónico que uma emblemática obra pública do Estado Novo venha a ser privatizada por um governo socialista.


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Torre de São Vicente de Belém

torre de belém
Torre de São Vicente de Belém [link na Wikipédia]

Ontem, nessa pirosice que foi o negócio chamado «As Novas Sete Maravilhas» (marca registada!), coube à Torre de São Vicente de Belém ser escolhida por alguns portugueses como uma das «Sete Maravilhas de Portugal».

Não pretendo discutir agora a legitimidade da iniciativa. Aceitemos, antes, a Torre de Belém como uma dessas maravilhas e passemos a verificar, sumariamente, se o espaço envolvente é com ela compatível.

Olhando em redor, junto a esta torre, encontramos alguns um pequeno jardim e alguns monumentos. Pela sua posição estratégica na linha do horizonte, rapidamente damos conta do Padrão dos Descobrimentos. Chega-se até ele passando por um parque de estacionamento, contornando uma doca e passando pelo meio dumas bombas de gasolina.

Doca do Bom Sucesso, obras do Porto de Lisboa

Mas o aspecto mais notável e que motivou a escrita deste texto reside nas incontornáveis obras que estão a ser executadas ao lado da Doca do Bom Sucesso.

Doca do Bom Sucesso, obras do Porto de Lisboa

A fazer parelha com o anterior Centro Comercial de Belém, agora Tasca do Berardo, um prédio com alguns andares (a avaliar pela altura das gruas) está a ser edificado ali num dos espaços nobres da cidade.

Doca do Bom Sucesso, obras do Porto de Lisboa

Passando então pelo posto de combustível, que deve ser peça fundamental no enquadramento urbano envolvente, já que mais à frente existe outro, contornando os carros estacionados em cima do passeio e deixando até o próprio passeio, que fazia falta à obra, chegamos finalmente ao local onde é explicada a natureza da construção.

Doca do Bom Sucesso, obras do Porto de Lisboa

Descobrimos que está a ser construido um hotel, que o responsável pela obra é o Porto de Lisboa e que neste Verão, no do ano que vem e ainda mais alguns meses assistiremos ao nascer daquele mostrengo à beira rio plantado.

Um hotel?! Realmente, mas o Porto de Lisboa precisa dum hotel? E tinha que ser em cima do rio? Lisboa tem uma linha de rio de enorme potencial, seja ao nível do turismo, seja simplesmente para proporcionar o bem estar a quem habite ou visite Lisboa - a razão de fundo de existência duma Câmara Municipal, não é?! No entanto, apesar dos vários quilómetros que compõem a margem do Tejo poucos são os metros em que se possa caminhar ao longo da linha d'água.

Por uma vez, ainda não foi desta, é certo, ainda seremos surpreendidos com um bom exemplo de planeamento urbanístico. Mas o melhor será esperar sentado. Olhando de longe para as outras maravilhas, já agora.


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Susana Dutra e a persistência da memória

The Persistence of Memory
Salvador Dalí , The Persistence of Memory. 1931.

Em Setembro do ano passado publiquei umas coisas sobre o tacho Dutra, essa «diz que é uma espécie de jornalista» vinda do Record e que fora contratada para uns trabalhos de webmaster no Ministério da Justiça pela módica quantia mensal de €3,254+regalias.

Este assunto acabou por vir hoje à baila, pelo que voltei ao post desta altura (link). E descobri uma coisa gira.

O link que então publicara, a 4 SET 2006, já não existe. A nota do gabinete vinda do gabinete do Ministro desapareceu do local onde estava, sendo esta a mensagem de erro:
«Resource not found
The resource you asked was not found. If the document has moved you may find it using the search form below.»
Compreendo, é realmente uma chatice dia após dia saber que há na página do Ministério em que trabalhamos uma nota proveniente do chefe onde é explicada a razão de se estar a receber uma pipa de massa por um trabalho que um estudante de licenciatura faz para obter o 9.5 da praxe.

Já agora, nós que não somos ingénuos sabemos perfeitamente que o texto não foi apagado. Apenas foi movido para outro endereço, que será realçado caso alguém venha sugerir que foi apagado. Fica indisponível mas está disponível. Mais vale jogar pelo seguro e ter o plan B pronto ;-)

Mas no post de então consta esse comunicado, cabendo a Vossas Excelências, caros leitores* decidirem pela respectiva validade.


* uma nota aos politicamente correctos que formam governos com base em quotas de género em vez de o fazerem com base no mérito: em português, o plural engloba ambos os géneros.

Adenda (08-07-2007): Para que conste, o referido comunicado encontra-se em
http://www.mj.gov.pt/sections/informacao-e-eventos/imprensa/jan-jun-2006/nota-contratacao-de


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7

jogo dos sete

Em dia de tantos setes, aqui fica o meu.


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Harry Poster no Anterozóide


Estes e outros excelentes trabalhos do Antero no Anterozóide.


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Finalmente, a invasão amarela

No Ocidente dos finais do século XIX temia-se a grande invasão amarela e por isso largas incursões bélicas foram lançadas contra os impérios do Oriente. Ironicamente, a situação era a oposta: o Ocidente dominava claramente o Oriente!

Mas dando fundamento à máxima "paciência de chinês", eis que aí está a verdadeira invasão amarela. Primeiro timidamente com as lojas dos trezentos, depois com consistência começando com os têxteis e abrangendo actualmente quase toda a capacidade produtiva e, finalmente, em larga escala e com contornos deveras preocupantes, com a OPA chinesa sobre o Benfica.

E o culpado disto tudo, quem é, quem é? O Manuel Pinho, claro. Ele é que foi lá para a China dizer-lhes para investirem cá. Agora mordam a língua e provem o vosso próprio veneno. O Manelito afinal não estava a ser pacóvio; não nos tinha era contado tudo.

Sobre a OPA propriamente dita, a concretizar-se ainda ouviremos «SLC, SLC, SLC», como escreveu um leitor do Diário Económico. E, já agora, ora vamos lá ver onde anda esse espírito patriótico do comendador Berardo, tão prontamente manifestado por ocasião da OPA da PT.

Para reflectir: são os detentores do capital (pessoas, empresas, ...) os modernos estados?


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As declarações Carmen Pignatelli



Porque as acho notáveis e tristemente hilariantes, coloquei as já famosas declarações de Carmen Pignatelli neste vídeo.

Sintam-se à vontade para o usar e abusar.


Créditos das imagens usadas:
1ª, 6ª, 7ª, 8ª e 9ª - desconheço
2ª - Público
3ª e 4ª - Kaos
5ª e 10ª - Fliscorno



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Isaac Asimov

Por intermédio do Range-o-dente veio-me à memória Isaac Asimov, cuja ficção científica me é cara. Aproveito para partilhar estes links:

I - Uma interessante palestra: The Future of Humanity

II - Duas entrevitas (detalhes sobre datas, local e entrevistador: link)
  1. Entrevista completa, cerca de 27 minutos, formato mp3, 4.9 Mb
    Asimov fala da sua vida, robótica, o cérebro positrónico, a pisco-história e a ficção cientifica.

  2. Entrevista completa, cerca de 25 minutos, formato mp3, 4.8 Mb
    Asimov fala do seu estilo de escrita e das mudanças que a ficção científica tem seguido.
Para quem se ache tão familiar sobre este assunto como eu com o valor da série de Fibonacci para n=3789, aqui fica uma dica: "I robot".


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A incapacidade de admitir o erro

"As acusações de desumanidade e insensibilidade feitas ao ME são tanto mais lamentáveis, quando os seus autores, designadamente deputados e dirigentes sindicais, sabem que o ME não tem qualquer intervenção na decisão relativa à aposentação de qualquer professor" in Publico

Por duas vezes, juntas médicas declararam aptas ao serviço pessoas que pouco depois vieram a falecer. Erro grosso e óbvio. Mas o ME em vez de reconhecer o erro e contribuir para que não se repita, prefere a chicana política.

Uma atitude recorrente, este autismo perante o erro. Negar até ao fim. A certa altura alguém perguntará se não tem razão quem assim tão veementemente defende algo. O senão é que em vez de se aprender com o erro, passo consequente da admissão da sua existência, insiste-se na sua inexistência, ficando aberto o caminho para a sua repetição.

Um exemplo? A prova de química do ano passado tinha erros e os critérios de correcção estavam errados*, factos que terão contribuído para as más notas nesse exame.
Em vez de se reconhecer o erro, eliminando as questões com erros e clarificando os critérios de correcção optou-se por explicações criativas e repetiu-se a prova. As consequências já foram mais do que analisadas.

Outro exemplo? Novamente a Física e Química: a prova tem erros e uma questão foi anulada. Mas em vez de se dar a cotação máxima a essa questão, optou-se por uma regra de três simples para classificar essa questão. Má abordagem, claro! Porque um aluno errou parte duma questão, não significa que também tivesse errado parte da questão anulada.

Caso para nos questionarmos sobre a origem da incapacidade de realizar um simples exame que o Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) do Ministério da Educação tem demonstrado. Já houve exonerações por menos, fundamentadas na base do bom serviço. E aqui, o serviço foi bom?

* - Os critérios de correcção definiam que estando errada a resolução da primeira alínea duma questão, em vez de se descontar esse erro e continuar a correcção, toda a questão seria dada como errada.


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Tacholandia

«PS considera normais nomeações em sub-região de saúde tendo em conta os resultados eleitorais.» in Publico

E dado o regabofe que têm sido as nomeações políticas, também o PSD assina por baixo, aposto. Acabe-se de vez que essa vergonha que são as nomeações políticas, eufemismo para os tachos do partido. O serviço e os contribuintes agradecem.


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Sensibilidade e bom senso

«Eu sou secretária de Estado, aqui nunca poderia dizer mal do Governo. Aqui. Mas posso dizer na minha casa, na esquina, no café. Tem é de haver alguma sensibilidade social...» A Secretária de Estado Adjunta do Ministro da Saúde Carmen Pigñateli dixit in DN

E nada como umas exoneraçõezinhas para que a sensibilidade fique devidamente calibrada!


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Governo Kinder

governo Kinder

Na informática amadora - todo o universo Windows, portanto - existe um certo hábito de incluir nas aplicações código inútil, ninho excelente para alojar viroses, que perante uma determinada sequência de eventos acabará por ser executado, revelando algo geralmente (sempre?) sem interesse, mas clarificador da ânsia egocêntrica do seu criador.

Chamam-lhe, na gíria, easter eggs - ovos de Páscoa. Um exemplo clássico, reproduzível pelas instruções seguintes, tem sido como tal referido, tratando-se no entanto apenas de mais um bug idiota que a Microsoft não corrigiu. Mas tem pinta, sobretudo se devidamente enquadrado no actual contexto Bush-Iraque, pelo que vale a pena a sua reprodução. Eis as instruções (apenas em Windows XP):
  1. Abra o Notepad (Bloco de Notas);
  2. num ficheiro novo digite a linha seguinte, sem premir a tecla enter:
    Bush hid the facts
    que é como que diz, o Bush escondeu os factos LOL;
  3. guarde o ficheiro - não importa o nome - e saia do Notepad;
  4. volte a abrir o Notepad com o ficheiro que acabou de guardar e observe o resultado.
Também este blog - apesar que sem intenção - contém um Easter egg. Experimente ver os comentários dum post anterior - aquele com uns certo lápis azuis - e logo ele se revelará.

E já reparou que com os nossos PM também estamos perante uma espécie de Easter eggs? Nunca sabemos o que deles esperar e consoante os cenários assim se revela essa funcionalidade oculta que não era suposto passar a primeiro plano. Uns fogem da capital, outros vão para a Kapital e outros, ainda, apenas pensam no Capital. Um verdadeiro ovo-surpresa.


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O governo Sócrates ama o chicote (saiba porquê)

Este excelente texto de João Miguel Tavares no DN  adianta uma explicação para o comportamento nervoso do governo PS face a quem dele discorda. A ler na totalidade.

http://dn.sapo.pt/2007/07/03/opiniao/o_governo_socrates_o_chicote_saiba_p.html
O GOVERNO SÓCRATES AMA O CHICOTE (SAIBA PORQUÊ)
«Tenho andado para aqui a matutar: porquê? Porquê esta sucessão de casos em que o Governo aparece travestido de carrasco da liberdade de expressão, a chicotear o lombo a quem se atreve a pecar contra essa extraordinária coisa a que chama devotamente "autoridade do Estado". Um professor larga uma piadola sobre o primeiro-ministro? Corra-se com o professor. Um blogue mais mexido anda a levantar dúvidas sobre o impoluto currículo de Sócrates? Enfie-se o autor do blogue em tribunal. Um médico coloca uma fotocópia comentada nas paredes de um serviço de saúde? Pontapé na directora, que não arrancou o papel à velocidade que se exigia. A rapaziada que manda no País anda com os nervos à flor da pele. Por este andar, qualquer dia vai ser preciso bater a continência cada vez que passarmos em frente a São Bento.

Matutemos em conjunto: porquê? É que, convenhamos, tudo isto é um bocado burro. O que se ganha em meter funcionários públicos e cidadãos anónimos "na ordem" não compensa minimamente o desgaste que tal provoca na popularidade do Governo. Entre as próprias fileiras do PS há sempre um Manuel Alegre que não perde a ocasião para recordar os tempos de Caixas e sublinhar que "a esquerda" não pode fazer destas coisas. Então, porque é que os ministros se deixam enredar em questiúnculas da treta, que só servem para se queimarem? A minha tese é esta: eu diria que é assim porque eles não conseguem que seja de outra forma - bramir o pingalim é uma espécie de segunda natureza dos governos reformistas em Portugal.

Estranhamente, aqui na terriola não se consegue ter o melhor de dois mundos. Ou se tem governos panhonhas que não se mexem (género Guterres ou Durão), ou se tem governos esforçados, com vontade de mudança, mas que depois acham que toda a gente tem de dobrar a espinha ao seu extraordinário esforço patriótico (género Cavaco ou Sócrates). Uns não fazem nem chateiam; os outros fazem e por isso acreditam sinceramente que lhes devemos estar muito agradecidos por isso. Isto não é falta de cultura democrática - é mesmo falta de cultura de competência. O primeiro-ministro, a ministra da Educação ou o ministro da Saúde acham, à sua maneira, que são special ones - ou, pelo menos, que fazem parte de um special governo, que está finalmente a pôr o País na ordem. E, por isso, não acham graça nenhuma às pequenas rebeldias de indígenas ingratos. Aqui, sim, falta-nos uma terceira via: sermos um dia governados por gente que perceba que reformar é o seu trabalho natural, e que ao mesmo tempo possa ouvir uma crítica sem de imediato soltar os cães. Um dia. Quem sabe um dia.», in DN, 3-Julho-2007


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O governo que escrevia despachos

Maria Lisboa alertou-me para mais um episódio do assalto ao poder por parte da actual estrutura governativa.

C. Branco: Coordenadora da Sub-região de Saúde emite nota interna
Cartas causam polémica
, in Correio da Manhã
Uma nota interna sobre a recepção de correspondência na Sub-região de Saúde de Castelo Branco, dirigida pela coordenadora a “todo o pessoal” [...] informa “todo o pessoal da sede” que a correspondência “endereçada directamente a determinados funcionários ou ao cuidado dos mesmos será aberta na coordenação, desde que oriunda de qualquer serviço público ou outro [...]”.

Apesar da nota interna ter sido assinada pela coordenadora a 20 de Junho, só ontem é que Ana Maria Correia (conotada com o PS) percebeu que o documento “tem um erro de linguagem”. Assim, nas palavras da própria: “Onde se lê ‘determinados funcionários’ deveria ler-se ‘funcionários em nome individual’.”

A coordenadora lamenta “todo o alarido” e assevera ao CM: “Só hoje [ontem] percebi o erro. Amanhã [hoje] vou rectificar a nota.”

Admitindo ser contra a recepção de correspondência particular nos serviços, Ana Correia defende que o objectivo da medida é “corrigir falhas internas” na distribuição de correspondência.

“Havia correspondência oficial para a sub-região que não dava entrada nos serviços porque era dirigida a determinados funcionários. Depois, a instituição não dava seguimento aos documentos”, adiantou Ana Correia, exemplificando as novas regras: “Se uma carta é dirigida ao funcionário, ele é chamado e abre-a. Quando é dirigida ao serviço, o coordenador dá entrada da carta. Se for do foro privado, o funcionário fica com a carta, sem ninguém a ler.”

Comentário:
Não importa se o despacho está mal redigido, se onde se lê ‘determinados funcionários’ se deveria ler ‘funcionários em nome individual’. Apesar do meu limitado conhecimento da legislação, creio haver uma lei sobre a privacidade da correspondência, na qual se incluem as chamadas telefónicas, emails e outras formas de comunicação, que diz que a correspondência individualmente endereçada, mesmo numa instituição ou empresa, não pode ser violada. Se estiver errado, agradeço o esclarecimento.

Mostrando-se que uma lei é desadequada, então que se altere. Há um parlamento, principescamente pago e com reformas douradas ao fim de 12 anos de assinaturas no livro de ponto (há quem lhe chame 12 anos de trabalho...), dizia eu, há um parlamento para alterar essa lei. Agora é inadmissível que se faça tábua rasa duma lei por recurso a um decreto (como Valter de Lemos fez no ano passado com o exame de química) ou a um despacho interno, como esta senhora intenta.

Ana Maria Correia chama alaridos à indignação causada pela sua acção. A ela recomendo vivamente o visionamento do filme «A vida dos outros» (já aqui referido: link) para que essa senhora perceba que esse género de abordagens são mais típicas dum regime totalitário e opressor do que duma democracia.

Além disso, argumenta Ana Maria Correia que é por uma questão de eficácia do serviço. Pois se há correspondência oficial que não é processada, com certeza que facilmente poderá abrir um processo ao desmazelado funcionário que não fez o seu trabalho. Afinal de contas, por bem menos já processos foram levantados! A senhora Ana Maria Correia devia saber que um erro não se corrige pela criação doutro mas sim indo à respectiva raiz. E se disto não sabe, é incompetente.

Apanhada em flagrante, a senhora Ana Maria Correia procurou justificar-se fazendo de parvos os que se interessaram pelos seus truques. Sou só eu ou alguém mais aqui encontra um padrão de actuação?